XIII - O desfecho de uma missão. Um final feliz?

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Savvina narrando...

Allut tinha deixado bem claro que Hílmit nos enganou. Primeiro: ele não passava de uma marioneta que Daldina controla. E segundo e último: mesmo sendo Daldina por trás dele o controlando, ela fazia ele falar verdades acerca do submundo para nós, para que acreditássemos nele, e não desconfiássemos que íamos ao encontro de uma armadilha.

Mesmo assim, eu tinha uma dúvida: enquanto estávamos dentro da ilusão, os cinco influenciadores (Jala, Allut, Daldina, Myv e Hór) poderiam ter matado três de nós (Hillolo, Nalina, Lusini), já que matar eu e Zinn seria impossível, a não ser que já acordados, Daldina controlasse nós dois para nos matarmos. Mas nada disso foi feito. A questão era: por quê?

(...)

- Você já sabe a resposta. És inteligente Savvina.

- Não pode ser. Isso não. - falo levantando assustada.

Aquele não podia ser o plano deles. Eles estavam nos mantendo nas redes cúbicas para...

- Para além de prender e anular os poderes, as minhas redes cúbicas têm outra função... - Jala olha para nós séria. - roubar permanentemente o poder de alguém, selando essa pessoa na rede cúbica.

Não havia saída para nós ali. Jala ia roubar nossos poderes permanentemente, aumentando ainda mais o poder dela, e quem sabe, de todos os influenciadores.

- Com o vosso poder roubado, finalmente poderemos quebrar a barreira que nos impede de sair do submundo. - Hór falou com um tom feliz, mas sua cara era seca, sem sorriso. - Os deuses nos prenderam aqui já há alguns séculos, depois que perdemos na última luta contra eles. Desde então, nosso objectivo é reunir poder suficiente para todos sairmos daqui, e cumprir nossa missão.

- E que missão é essa? - Lusinit pergunta.

- Matar os deuses, e todos os seres que habitam o mundo. Depois disso, matarmos a nós mesmos.

Eles só podiam estar malucos. Aquela missão...

- Por que fazer isso? Meu pai me disse que vocês se tornaram o que são, porque queriam ser maior que os deuses.

- Vídife Deamorte sempre entendeu mal a nossa ideologia. Nós queremos matar os deuses, depois matar a todos inclusive nós mesmos, para que não exista sequer um ser sofrendo. - Allut fala olhando para mim sério.

- Mas...

- Sei o que pensas: como acabar com o sofrimento, se em certa parte, somos nós que fazemos o mundo lá fora sofrer? - ele me cortou, falando o que eu queria dizer. - É facto que mesmo presos no submundo, nosso poder tem efeito lá fora, sendo Daldina uma prova viva disso, tendo controlado alguém fora do submundo, mesmo estando presa aqui.

Mas a questão é: é preciso que meio mundo sofra, para que no fim, não haja sofrimento para nenhum ser vivo. Se fazemos os humanos, e consequentemente os animais e a natureza sofrerem, é para termos poder suficiente para sair daqui, e depois enfrentar e matar os deuses. Seguido isso, mataremos todos os seres vivos, e no fim, a nós mesmos.

Assim, nenhum ser sofrerá, porque a paz só é encontrada na morte.
Enquanto existir apenas um ser vivo, existirá sofrimento até para ele. Por isso iremos limpar o mundo. - Allut olhava para nós enquanto nos contava o propósito dos influenciadores.

- E também, provar aos deuses que eles falharam quando criaram tudo que existe. Eles criaram o mal, e para tal, merecem morrer, para que jamais exista a remota possibilidade de eles voltarem a cometer outro erro. Porque não bastaria matar aos humanos maus para acabar com o sofrimento que eles causam, já que os criadores deles, estariam vivos. - Daldina finalmente falou. - E, mesmo que restassem só boas pessoas, eles estariam susceptíveis a se tornar maus, e todo o sofrimento voltaria a existir.

Sombras do passado [Concluído]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora