III - O encontro entre os Deamorte e o Cargui.

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Savvina narrando...

- A casa dele está bem lá no fundo do vulcão. - falei depois de eu e Zinn termos escalado o vulcão, olhando para dentro dele com minha visão super apurada.

Na minha família todos têm algum tipo de habilidade, eu por exemplo tenho uma visão sobrenatural e super velocidade.

- Vamos descer. - Zinn falou entrando no vulcão, segurando a parte interior das paredes vulcânicas, descendo lenta e cuidadosamente.

- Essas paredes não estão quentes demais para ti? - perguntei enquanto descia com Zinn.

- Estão. Ter um tacto apurado tem suas desvantagens. Por isso vamos nos apressar. - Zinn falou descendo um pouco mais rápido.

Para nossa sorte, as paredes interior do vulcão eram acidentadas, o que permitia que nos apoiassémos nelas a medida em que descíamos. Havia vezes em que quase caímos porque partes das rochas desmoronavam, mas chegámos inteiros ao chão.

- Isso não parece nada com um vulcão comum! - Zinn exclamou ao ver o chão todo seco, mesmo que mesmo acidentado. - Eu pensei que teria um pouco de lava. - acrescentou olhando à volta.

- Vamos entrar. - apontei a uma casa não muito grande a nossa frente.

Eu e Zinn nos dirigímos até a porta da casa (totalmente pintada a vermelho), e ele bateu a porta duas vezes.

- Entre! - disse uma voz grossa no interior da casa.

Eu e Zinn empurrámos a porta e entrámos.

"Que decoração mais estranha." - pensei vendo o tanto de vermelho e preto presente na decoração da casa.

Um homem estava sentado numa poltrona vermelha, e olhava para nós de um jeito difícil de descrever. Tinha o mesmo tom de pele que o nosso, e olhos vermelhos que nem meu pai e Zinn, mas os deles eram intensos.

- Você é Hillolo Cargui? - perguntei quebrando o silêncio que jazia na sala, desde que entrámos.

- Hillolo Cargui? Seria eu esse? Quem mesmo sou eu? - o homem alto e musculoso respondeu com questionamentos.

- Você não sabe quem você é? - Zinn se dirigiu ao homem que levantou-se depois da pergunta.

- Eu sou o resultado do que o mundo fez de mim, eu sou aquilo que o mundo moldou, mas eu não sigo o mundo, eu sou imundo. - o homem falou saindo da sala, indo para outro cómodo. - Mas se preferem o nome Hillolo Cargui, podem me chamar assim. Afinal esse é o nome que o mundo me atribuiu. - ele falou voltando com duas poltronas pretas.

- Obrigada. - agradecí sentando na cadeira que ele me entregou.

- O que vieram fazer aqui? - Hillolo falou aproximando a poltrona dele às nossas.

- Nós viemos lhe convidar para uma missão. Antes de mais, dizer que viemos em paz. - meu irmão Zinn falava com certa preocupação no olhar. - Nós somos da família Deamorte. Eu sou Zinn e ela Savvina. - ele nos apresentou.

- Família Deamorte... Seria essa a família do homem que matou o meu pai? - Hillolo perguntou olhando para nós com certa intensidade.

- É sim. - respondí depois de me aperceber que Zinn estava preocupado demais para falar.

- Nunca pensei viver tempo o suficiente para conhecer algum membro da família Deamorte. Mas graças ao meu precoce envelhecimento isso se tornou possível. - Hillolo falava com muita despreocupação, arrancando alguns fios do seus lisos cabelos pretos compridos.

- Não fiquem assim com essas caras. - Hillolo falou notando nossa preocupação. - Eu não me importo com o que aconteceu. Uma tola luta por poder que resultou na vitória do mais forte, e na morte do mais fraco (meu pai). Mais umas das idiotices do seres que brigam pelo poder.
Todo aquele que busca tanto a glória e o poder, recebe algo comparado a isso: a morte. - Hillolo sorriu nos deixando confusos.

- Você não se importa mesmo? - Zinn perguntou pasmo.

- Por que razão me importaria? Cada um recebe aquilo que busca. Pode não ser o que esperou, mas sempre acaba alcançando algo. Busque muito poder e poderás receber a morte que é o símbolo perfeito disso: invencível, inesgostável, e eterno. - Hillolo respondeu. - Agora falem logo o que querem. Gosto de objectividade. - acrescentou.

- Queremos que você nos ajude a salvar o mundo. Ele está caminhando rapidamente para a destruição, e eu e minha irmã estamos para começar a luta pela salvação dele. Queremos tornar o mundo num lugar onde todos possam viver sem medo, sem falta de recursos e felizes. Mas para tal precisamos de homens fortes como tu. - Zinn falou enquanto Hillolo escutava atenciosamente.

- Por que eu perderia meu tempo tentando ajudar a salvar a vida de pessoas que passam maior tempo das suas vidas, mais preocupadas com a morte, do que em viver como tal? - Hillolo perguntou com o semblante sério. - Além do mais, a graça de viver resume-se mesmo nisso: em ter medo, na preocupação constante, na luta diária, na injustiça dos Homens, e no sofrimento quase que corriqueiro. A vida é mesmo isso: a junção de sofrimentos alargados ao longo do tempo. - Hillolo falou com uma naturalidade assombrosa.

- Você não se preocupa com as pessoas? - perguntei tentando entender o homem que falava aquelas coisas.

- Nem mesmo me preocupo comigo, que dizer dos outros? - perguntou sorridente.

- Você não teme a morte, nem nada do género? Não gostaria de viver num mundo melhor?

- Zinn, eu não temo a morte desde o dia em que nascí. E pouco me importa como o mundo está. Eu vivo dentro desse vulcão e esse é o meu mundo. Poderia sair, mas os humanos me dão nojo, náuseas. Prefiro a minha idiota e stressante companhia, a ter que me irritar com o resto das pessoas. - Hillolo falava mastigando alguns fios do seu cabelo.

- Vamos Savvina. Ele não quer nos ajudar. - Zinn falou e de seguida me levantei.

- Mais uma idiotice humana. Eu nunca disse que não ia ajudar. Humanos têm o péssimo hábito de tirar conclusões erradas baseadas na inteligência que acreditam ter...que tolice! - Hillolo riu baixo após falar.

- Você vai ajudar? - perguntei sentando-me.

- Vou. - Hillolo respondeu sereno.

- Mas o que você disse sobre não se preocupar com o mundo e as pessoas...

- Isso é uma verdade. Mas não quer dizer que eu não vá fazer algo. Não tenho mais nada de interessante a fazer mesmo. - Hillolo falou vendo Zinn sentar-se.

- Confesso que não te entendo. - Zinn declarou.

- Quanto menos entenderes algo, ou alguém, mais poderás ver o significado da vida. - falou Hillolo. - Então como esperam mudar o mundo?

- Derrotando os influenciadores, aqueles responsáveis pelas acções mais sombrias e mais desumanas da raça humana ultimamente. - Zinn respondeu a pergunta de Hillolo.

- Influenciadores?

- Sim Hillolo. Aqueles que em termos de poder, estão apenas abaixo dos deuses. - respondí.
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Quem em sua sã consciência, iria sequer pensar em enfrentar um grupo de seres que estão apenas abaixo dos deuses, em termos de poder? (Sei que eu não iria).

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Até o próximo capítulo!

Sombras do passado [Concluído]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora