A Torre e Ela

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A noite já começara a cair e eu consegui pegar o ônibus para o meu destino, o aeroporto. Ironicamente o homem que estava comigo no banco ouvindo minha história pegou o mesmo transporte que eu, disse que sua irmã vivia no caminho e que isso daria mais tempo para ouvir as minhas histórias com Helena.

A noite vinha agradável no horizonte, o sol já se escondia no horizonte, os pássaros pararam de cantar e as nuvens vestiram-se com seus belos tons alaranjados e vibrantes, largando o singelo branco que passam o dia inteiro vestindo.

- E o que aconteceu depois que você entrou no carro dela? – Perguntava o homem curioso e ansioso pela continuação de minha épica falha.

- Paciência Stefano, paciência. – Eu dava uma breve gargalhada enquanto tomava ar em meus pulmões. – Logo que entrei no carro eu soube que aquela seria A noite da minha vida, porém eu não sabia definir se para bem, ou, para mal.

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Assim que entrei no carro a bela garota me devorava com os olhos como uma besta faminta. Um olho de cada cor, convidativa e misteriosa. Cada expressão em seu corpo gritava a expressão da esfinge "Decifra-me, ou eu te devoro".

Antes mesmo que eu pudesse ter dito alguma coisa, Lena coloca o dedo em meus lábios e aumenta o volume do rádio no carro luxuoso. Os acordes de guitarra pareciam afinados com o balançar de seus cabelos e como ela se mexia, balançava o corpo dançando com os olhos fechados e lábios que faziam um leve beicinho.

Repentinamente ela abre os olhos e sorri. Mal tive tempo para apreciar seu sorriso antes que ela arrancasse o carro bruscamente e de uma forma que quase me fez cair para fora do conversível.

Ali estávamos, a paisagem passava pelo lado do carro e o vento frio batia em nossos rostos e fazia o cabelo de Helena balançar, revelando ainda mais do seu rosto. Seu nariz era fino e empinado, lábios avantajados e linha do queixo bem desenhada. Era como se fosse, a mistura entre uma boneca de porcelana e a mulher mais sexy que já conheceu. Toda beleza e inocência que na verdade escondem quem ela realmente é.

- Já viu a Torre Eiffel? – Lena pergunta enquanto olha fixamente para a rua enquanto batuca com seu dedo no volante.

- Não... – Antes que eu terminasse de responder o resto, Helena vira para mim e sorri.

- Dia de sorte então.

Aquela mulher era quase tão perigosa quanto a sua direção. Me sentia como um ratinho indefeso, mas devo confessar que só esses breves instantes já tinham sido o suficiente para que tudo tenha valido a pena, a viagem, minha fuga...tudo.

Não demorou muito até que ela parasse o carro. Eu já conseguia ver a famosa torre no final da rua, mas a silhueta da figura que me guiava até a torre é o que mais me chamava a atenção, como o seu vestido caia perfeitamente em seu corpo. Naquela noite eu vi uma das maravilhas do mundo e a Torre Eiffel.

Ela seguia caminhando confiante, como se o mundo inteiro devesse parar para que ela passasse, e em certos momentos eu não sei se ela está realmente tão errada assim, pois o mundo realmente congela para que uma mulher assim passe. Eu a seguia, muitos momentos me perguntei porquê eu estava fazendo isso, mas eu abandonei a minha necessidade por uma explicação racional para as coisas, afinal, se não fosse por isso eu não estaria aqui, na França, hoje.

E ali ela estava, radiante e imponente logo a minha frente. Acredito que o tom amarelado da torre a tenha deixado ainda mais radiante naquele momento.

Escolhemos um lugar para sentar na grama e observar as luzes. Helena sentara em cima de meu casaco e eu logo ao seu lado. Ambos observávamos vidrados o belo monumento a nossa frente, no caso dela, a torre, já no meu, ela.

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⏰ Last updated: Sep 03, 2020 ⏰

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