Capítulo 6

155 36 74
                                    

Mal consegui me concentrar na aula no dia seguinte. Ficava o tempo todo pensando na conversa que tivemos na noite anterior:

— Mesmo? — ela perguntou completamente surpresa. Pela primeira vez ela parecia ter um lado frágil, afinal.

— Sim, eu prometo! — respondi convicto.

— Lembre-se que nunca se deve quebrar uma promessa! Se quebrar, esmagarei todos os seus ossos até sobrar apenas poeira!

— Está bem. É uma promessa e eu não irei quebrá-la! — afirmei animado. Não pela condição de meus ossos ficarem inteiros, mas sim pelo fato de, pela primeira vez, ela estar sorrindo de verdade.

— Deveria sorrir mais vezes, você fica muito bonita quando sorri. Não que você já não seja quando está séria. — disse sem acreditar que realmente tinha dito aquilo para ela.

— O-obrigada... — ela respondeu ficando corada.

— E voltando ao assunto, pode me contar o que está acon...

— Puxa, olha a hora! Está muito tarde. Você precisa dormir Dimitri, já que tem aula cedo! — disse Musa me interrompendo.

Olhei para o relógio de pulso e já passava da meia noite. Nós tínhamos mesmo conversado tanto assim?

— Tem razão! Mas, Musa, você não vai me contar?

— Vou, mas você ainda precisa entender mais sobre meu mundo. — disse puxando o livro que mal tinha começado a ler de dentro da minha mochila.

— Tudo bem. — aceitei contrariado. — Espera aí! Agora que me toquei. Se você está aqui, Ana está sozinha, digo, sem a gata de estimação?

— Não, tenho meus truques. Ana não vai sentir a minha falta. — respondeu Musa enfatizando o "minha". — Garanto que ela está bem e não irá notar nenhuma diferença!

Acreditava nela, embora estivesse curioso para saber o que ela tinha feito. Antes que pudesse perguntar, outra dúvida surgiu em minha mente:

— Musa, onde você vai dormir?

— Aqui com você, ora.

— COMIGO? — gritei.

— Sim, mas não se preocupe. Só vamos dividir o cômodo, nada mais além disso.

Estava chocado. Tínhamos nos conhecido há a cerca de dez dias, eu mal sabia o que ela era e ela estava propondo de dividirmos o mesmo quarto? Não sabia mais o que falar.

— Dimitri, você está bem? Parece um pouco pálido.

— É... bem, estou... — respirei fundo e continuei. — Não tem lugar para dois aqui.

— Sou uma gata, lembra? Durmo em qualquer lugar!

— Mas se você se transformar em gato, vou ficar com a alergia atacada.

— É só te curar definitivamente da alergia a gatos.

— Definitivamente? Está tão disposta assim? — perguntei sorrindo num tom atrevido.

— Fazer o quê. É por um bem maior.

Tinha dormido um pouco mais de três horas. O sono também me atrapalhava quando tentava me concentrar na aula. Musa realmente tinha cumprido sua parte no acordo para ficar no meu dormitório. Depois do feitiço de cura, minha alergia não atacou em momento algum. Como agradecimento, antes de sair, peguei a gatinha no colo e a deixei descansar em minha cama. Quando fui fechar a porta, vi Musa ocupando boa parte da cama, dormindo na sua forma humana ainda de uniforme.

Musa (Em Revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora