Uma sofrência danada, parte 1

518 70 49
                                    


[Thaíssa]

Tudo começou com Jonas me mandando uma mensagem no celular logo após comemorarmos com Olivia ao telefone sobre o feliz desfecho de nossa peleja conjunta em busca de vagas na faculdade. A mensagem em questão dizia assim:

"Minha mãe vai fazer uma festa de comemoração pra gente lá em casa" ele mandou pelo WhatsApp.

Eu ainda pulava por todos cômodos da casa quando respondi:

"Legal! Vocês merecem!"

E mereciam mesmo. Para caramba. Jonas e Olivia, além de serem o melhor casal que eu conhecia, deram muito duro nos estudos durante o cursinho pré-vestibular. Mesmo em tempos de turbulência.

Eles enfrentaram protestos, o fantasma do desemprego e uma separação dolorosa meses antes do ENEM. E mesmo assim deram conta de passar para os cursos de seus respectivos sonhos.

Era para ser aplaudido de pé.

E eu com certeza aplaudiria assim que eles terminassem a ronda de comemorações em família e marcássemos algo entre amigos.

Talvez encontrássemos dificuldades para conseguir um horário livre na agenda de Olivia, porque desde que o protesto contra o fim da Kinki e quinquilharias e afins estourou na internet — e fora dela — ela andava sendo requisitada para uma infinidade absurda de trabalhos.

Apesar da ideia do protesto ter saído totalmente pela culatra, serviu para colocar Olivia Liveretti de volta no mapa virtual de influências. O que me fazia pensar sobre aquele ditado de que haviam males que vinham para o bem.

Tirando que o bem nesse caso específico do trabalho de Olivia possivelmente atrapalharia nossa celebração.

"Não, não" Jonas enviou, embora não fizesse sentido nenhum.

Será que ele achava que não merecia a vaga que tinha conquistado?

Isso seria absurdo! Eu e Olivia éramos prova viva de que ele deu o melhor de si. Inclusive dividiu o melhor dele comigo e com a namorada nas sessões de estudos que a gente organizava todo sábado à tarde no apartamento dela.

"A gente inclui você" ele esclareceu, mas eu continuei confusa.

"Minha mãe disse que vai fazer um bolo pra cada um de nós" Jonas acrescentou. "Eu já te falei que ela é a melhor boleira do mundo?".

Sim, ele tinha mencionado. Mais ou menos um milhão de vezes. Porém, o fato de ela fazer bolos muito bem não justificava ela fazer um bolo para mim. Eu nem conhecia Dona Marlene pessoalmente!

E, francamente, tinha bastante medo de conhecer.

Ouvi histórias horríveis a respeito dela.

A maioria contada por Olivia.

"Se você já tinha alguma comemoração marcada, por favor desmarque. Dona Marlene não vai tolerar sua ausência em mais um evento aqui em casa. Você já faltou meu aniversário."

"Eu estava com dengue!" relembrei a ele o motivo da minha ausência.

"Tanto faz" ele respondeu na mesma hora "Minha mãe não quer nem saber se o motivo é plausível ou não. Se você não vier, ela vai colocar na cabeça dela que você é uma dondoca mimada que não tem coragem de vir ao subúrbio."

"Eu moro em São Cristóvão!" respondi, em desespero, mesmo que ele já estivesse careca de saber.

"Não vai ter nada que eu possa dizer em sua defesa." Jonas esclareceu, seguido de um textão na próxima mensagem: "Você ainda não teve a honra de conhecer Dona Marlene, mas posso te adiantar que ela consegue ser ainda mais cabeça-dura que Olivia. Então já viu, né? Pra evitar problemas, é melhor você vir".

"Além do mais, você não fez aquela promessa de que tem que ir a todos os lugares que te chamam?" ele questionou.

Esse foi o golpe de misericórdia para que no dia seguinte eu pegasse o trem e enfrentasse o medo estratosférico que tinha da mãe de Jonas.

Os casos que Olivia me contava era de deixar o cabelo em pé: gritos, desaforos, movimentos bruscos com materiais de limpeza e mais um monte de elementos inusitados que, juntos, compunham o quadro da mãe mais aterrorizante do mundo.

Quer dizer, não para os filhos. Apenas para todo mundo que estava em volta e ameaçasse chegar perto deles.

Mal podia acreditar que em questão de poucas estações de trem eu seria uma dessas pessoas.

Que perigo.

___________________________________________________

QUE SAUDADE LOUCAAA! Não só de postar aqui, mas também de postar ESPECIFICAMENTE nessa história! Espero que existe alguém ainda por aqui pra lê-la! Aliás, por medo de FLOPAR, me restringi a postar apenas UMA PARTE do conto, que no total tem 13 páginas. 

Não quero assustar minhas leitorinhas, mas quero já colocá-las ~no clima~ da segunda parte, que acho que também será a parte final, que vou postar semana que vem. Ou domingo, se vocês quiserem muito. 

O que vocês acham que vai acontecer?

Esse continho, ou segundo epílogo, como gosto de chamar, pois foi assim que aprendi com Julia Quinn, é também a ponte para o conto/noveleta da Thaíssa, que eu comecei a escrever e nunca terminei. Incentivos para eu continuar são muito bem-vindos! Na minha cabeça, a história dela é linda, só falta menos eu colocar no papel pra dividir com vocês. 

Espero um dia conseguir. E torço pra que vocês gostem da surpresinha. É um pequeno agradecimento a todos que me apoiaram na Semana Concreta, que aconteceu semana passada e ABALOU AS MINHAS ESTRUTURAS ver as pessoas me ajudando a divulgar e compartilhar o amor por essa história. 

Só tenho a agradecer, por isso, MUITO OBRIGADA! 

Beijos estrelados*
Aimee 

Romance Concreto [AMAZON]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora