Capítulo 01

85 23 92
                                    

Haenim, Reino da Luz. Hyunggwanshi, Clã da Luz,

— Essa é a história do nosso mundo, In Su-ya¹ — a doce voz de Ryo Su soou gentil aos ouvidos do pequeno In Su, que agarrava o grosso casaco de lã da sua mãe com suas mãos gordinhas.

— Meu bem — In Seok se aproximou dela, apanhando o livro que firmemente segurava com uma só mão, enquanto suspendia o garoto com a outra. A grande Origem, que contava a história da criação da Dimensão Sagrada. — Está frio demais, não acha? Veja, In Su está ficando todo vermelho.

— Está tudo bem, querido — ela falou, encostando a cabeça no ombro do celestial de cabelos negros como o carvão. — Sou uma celestial de fogo. Tenho calor o suficiente para aquecer minha cria — sorriu, arrumando nos braços e dando uma série de beijinhos no recém-nascido de pouco mais que três dias de vida.

— Senhora Ha... — ele a censurou, tendo um bico como resposta.

— Senhor Shin... — o olhou provocantemente, com uma voz um tanto manhosa, dando-lhe um estalado beijo na bochecha.

— Espero que o inverno acabe logo — In Seok desejou, pegando In Su nos braços e fazendo caretas para diverti-lo. — Você nasceu no meio de uma das nevascas mais tenebrosas que já presenciei, In Su.

— Ele foi forte. Estava muito frio naquele dia — Ryo Su se pôs de pé e espreguiçou. — Haenim está uma loucura... depois da convergência entre os mundos e nossa derrota em 960 veio aquele calor infernal... agradeço por nem te namorar na época, meu bem — In Seok soltou um riso de canto.

— Te conheci no primeiro dia de neve depois do calor — relembrou, levantando e embalando o bebê que começara a reclamar. — A década de 960 foi realmente quente. Mas nosso filho nasceu nesse infinito gelo. Parece que estamos no extremo.

— Que os deuses tenham pena de Jo Han — ela riu, se aproximando de In Su e fazendo sons engraçados. — Soube que ele está voltando para a nossa linda capital fluorescente — solfejou, quase que dançando.

— Sente saudades do seu amigo? — In Seok ficou sério.

— Claro que sinto — assumiu e In Seok soltou um "tsc", junto a In Su que bocejou, apertando seus pequenos olhinhos e bochechas. — Estou certa de que Hyun Seung sente ainda mais.

— Vocês três não tem jeito, eung²? — comentou em tom cansado, o que arrancou uma gargalhada de Ryo Su. — Nada de dias de bebedeira. Não quer passar esse gene de beber para nosso filho, quer?

— Claro que não, In Su-ya — Ryo Su pegou o pequeno e o abraçou, deitando-se no sofá e pondo o bebê na barriga, embalando-o para que dormisse. — Só quero que ele não siga meus passos e fique longe de brigas.

Afagando os cabelos rubro negros do filho, ela fitou o marido, que se sentou no carpete ao lado dos dois.

— Os Vulpinos... — Ryo Su ditou baixinho, quase que soletrando, quando viu que In Su adormeceu. — Espero que quando ele crescer, não tenha que lidar com nenhum daqueles selvagens.

— Não acha cômico? — In Seok sorriu. — Que nome ridículo apenas para se chamarem de ferozes.

— Não acho cômico, In Seok — retorquiu num tom sério. — Eles são perigosos. Eles são como infernais desenfreados. Almejando a plena supremacia do Reino da Luz. Nada pode ser perpétuo. Nem o calor, nem o frio, nem o caos, nem a paz. Um dia, as flores precisam florescer.

— Acha que nosso filho vai ficar longe disso? — In Seok arqueou a sobrancelha, olhando desafiadoramente para ela.

— Claro que não... ele tem meu sangue correndo nas veias... — assumiu. — Quero que In Su seja feliz. Apenas isso. No caminho que ele escolher.

Kingdom Of Light 2: Contos Dos EscolhidosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora