Capítulo 2

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Andras

Estava escutando o som do oceano, o barulho das ondas quebrando sobre as rochas da montanha era um som tranquilizador. Paz, era bom estar sozinho escutando apenas aquele som tranquilizador. Sem nenhuma interferência me permiti pensar em nada, eram poucos os momentos em que eu conseguia esvaziar por completo minha mente e ficar apenas escutando os sons do oceano. Aquela paz era bem-vinda, mas sabia que tinha prazo de validade.

— Ah aí está você. — A voz de Felipe veio do lado esquerdo, mas ao invés de olhar naquela direção fingi ignorá-lo. — Te procurei em todo canto, você é ágil como um gato.

— Se eu fosse um gato poderia me livrar de você, mas não tenho tanta sorte. — Felipe riu e suspirei cansado.

— Um doce de pessoa como sempre.

— O que você quer? Eu estava escutando o som do oceano e você veio perturbar minha paz.

— Eu vim para lembrar a você que as candidatas a governanta chegam pela manhã. — Escutei seus passos se aproximando e o som da cadeira rangendo ao meu lado direito e olhei diretamente para onde calculei estar seu rosto.

— Mais mulheres bajuladoras que fugirão na primeira semana, não sei por que você ainda perde seu tempo com isso, já disse que não preciso de uma governanta, tenho você.

— Eu estou sempre indo a Athenas para resolver coisas da empresa, você sabe que não estou aqui o tempo inteiro e fico mais tranquilo se há uma governanta.

— De que adianta, vai ter trabalho em dobro pois elas sempre vão embora correndo.

— É só você parar de atormentá-las homem.

— Eu vivo aqui, então atormentar essas governantas que você contrata é minha única forma de me divertir.

— Ti diáolo!Você parece uma criança. — Revirei os olhos.

— Sabe que posso ficar muito bem sozinho, conheço cada canto dessa casa como a palma da minha mão. — Escutei ele suspirar.

— Eu sei, mas é melhor assim, tudo bem? E talvez uma delas aguente mais tempo, lembra-se da última, ela ficou por quatro meses.

— Tanto faz.

— Você terminou de estudar o currículo delas?

— Sim e nenhuma parece apropriada, todas jovens demais, inexperientes demais... acho que não irei aceitar nenhuma delas.

— Pelo amor homem, na semana que vem tenho uma viagem de dez dias, tenho que ir às nossas fábricas na Albânia, na Turquia e na França. Nós vamos contratar uma governanta. — Ordenou.

— Às vezes parece que você é o chefe aqui. — Ironizei.

— E as vezes quero bater em você, dar uma surra como aquela vez na praia de Balos.

— Você me pegou com a guarda baixa porque eu estava com Selene. — Sorri com a lembrança da minha namorada da adolescência, eu tinha quinze anos e namorava uma linda garota de cabelos negros. Estávamos em um passeio de fim de semana quando Felipe me socou o olho com força. Havíamos combinado que ele namoraria Selene e eu iria procurar outra garota, mas foi impossível ficar imune aos encantos da doce Selene, então apanhei de bom grado.

— Foi por estar com Selene que bati em você.

— No fim ela acabou batendo em nós dois e se casando com Lycus, aquele babaca. — Felipe riu.

— Bons tempos, quando nossa maior preocupação era a garota que iriamos beijar. — Sorri nostálgico.

— Sim, agora se me der licença meu amigo, vou para meu quarto ler antes de dormir.

Doce Ilusão - Livro único - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora