Idas e Vindas

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Narrado por Werner Schünemann

O workshop foi marcado para hoje, estou ansioso e nervoso para encontrar Eliane, instantâneamente, ela foi meu primeiro pensamento quando acordei. Ao chegar ao local destinado para o evento, encontrei o mesmo bem cheio, havia um grupo de pessoas que eu não conhecia e, estavam num canto conversando. O primeiro colega que avistei foi o Thiago. - Primeiro, meu aliado na guerra, e agora meu genro - brinquei com ele e rimos juntos.

- Ainda temos contas a acertar, general, não entrei para a família dos Gonçalves da Silva porque você não deixou - nos cumprimentamos com tapas nas costas. - Vamos ver o que a história nos reserva agora, não é mesmo? - completei. - Dessa vez eu caso e vai ser com sua filha - rimos descontraídos. - Olha quem está aí! - Luís Melo veio nos cumprimentar

- Mais uma vez juntos tocaio - falei abraçando-o. - Mas dessa vez como amigos - disse sorrindo. Logo em seguida, outros colegas chegaram, Irene Ravache, Cauã Reymond, Osmar Prado. Achei estranho, meus olhares buscam incesantemente uma única pessoa que até agora não apareceu. Será que desistiu? Algum imprevisto teria acontecido? Meu olhar se perdeu por todos os cantos do workshop, mas nenhum sinal dela. - Luís, você sabe se a Eliane vem? - perguntei despretensioso. - Ela está aqui sim, eu vim junto com ela, mas há outros dois estandes fora esse - explicou e fiquei um pouco incomodado pelo fato dos dois chegarem juntos, apesar de saber que são grandes amigos há muito anos. - Por que essa divisão? - fui curioso. - Esse estande vai abordar mais sobre a cultura irlandesa, e o da Eli, mais sobre a religião Wicca, temas femininos dos anos trinta, costumes, moda - completou. - Entendi! - falei um pouco triste, pelo visto não nos veremos hoje. - Ela está lá com a Cássia e com a Maria Flor - uma inquietude paira sobre mim, bem provável que ele tenha percebido.

- Em breve você verá a sua uruguaiana, fica calmo - brincou dando algumas batidas em meu ombro. - Há muito tempo não a vejo, saudade da minha amiga - disfarcei minha ansiedade. Aos poucos o ambiente ficou repleto de atores, alguns novos na casa, outros antigos. Nos sentamos e ouvimos palestras sobre temas relacionados ao enredo da novela. O irlandês Peter O'Neill falou sobre a ligação entre o Brasil e a Irlanda. Entre uma palestra e outra, tivemos uma apresentação da banda irlandesa Andam Glas, com sua dança sapateada e uma música orquestrada contagiante. Todo o entretenimento estava sendo excelente, profissionais de alto gabarito para nos envolver na cultura e tradição irlandesa. Tivemos a honra de receber o pesquisador Ilan Brennan que nos presenteou com lendas celtas, druidas, mitologia, magia e deuses. Os palestrantes iam alternando as tendas, quando finalizavam o assunto aqui, visitavam os demais estandes e abordavam com eles esses assuntos e também outras coisas conforme o tema de cada de estande. Durante a demonstração de sapateado, percebi que Thiago havia saído de perto de nós e o vi entrar pela porta principal, caminhou em nossa direção e sentou outra vez. - Está perdendo a dança - Luís falou alegre. - Eu tive que atender um telefonema - mostrou o celular em sua mão. - É a patroa? - indaguei sorridente. - Sempre a patroa - rimos os três. - Acabei de esbarrar com a Eliane no corredor, quanto mais o tempo passa mais aquela mulher fica linda - Thiago falou encantado, senti meu coração vibrar, tive vontade de ir ao encontro dela, de vê-la, abraçá-la.

- A Eli é mulher vinho - disse Luís e Thiago concordou. - Olha, se eu não fosse casado eu me casaria com a Eliane - o encarei meio desconfortável, mas ele não percebeu. - Como pode uma mulher daquelas estar sozinha? O que há com os homens? São um bando de frouxos - falou engraçado e ri para não transparecer meu mal estar com esse assunto. - A Eli merece alguém mesmo, mas é uma pessoa bem reservada - Luís sempre tão amigável em falar dela. - Eu preciso tomar um ar lá fora - falei na intenção de ir atrás dela. - Agora não dá gaúcho, vai começar a outra palestra - esmureci na hora, não posso sair neste momento, não teremos outro workshop desses. Segurei meu coração e aguentei até o fim a palestra com astróloga Paula Salotti, que também é especialista em pedras, assunto muito útil para o meu personagem que é geólogo. No fim do workshop, houve a apresentação de danças típicas irlandesas com o grupo de dança Banana Broadway. Todo o evento foi acompanhado pelo vídeo show, cedi algumas entrevistas para eles e conversei um pouco com a Malu Mader, que será minha filha mais velha na novela, uma pessoa bem alegre e humorada. Maria Flor, que interpretará minha caçula, certamente deve estar no mesmo estande que a Eliane, pois será uma das herdeiras dos poderes das valentinas. Falei também com a Araci Balabanian e outros grandes colegas. Não vejo a hora de gravar as primeiras cenas, e principalmente, estar ao lado da Eliane.

Contigo en la distanciaWhere stories live. Discover now