Não falei com o Louis durante uma semana. Mas quebrei. Nas mensagens ele parecia tão triste e, bem, eu sou tão fraca.
Acabei por dizer que estava tudo bem e que não estava zangada ou algo assim, enquanto ele me pediu desculpa umas trezentas e oitenta vezes. Não tinha direito de fingir que eu tinha sido totalmente correta com ele, mas foi o que fiz.
O Louis era o Louis e por um lado eu até estava habituada aos seus ataques de fúria. Encontrei-me com o moreno na semana seguinte, quando na segunda, entrei no centro recreativo. Louis quase me bloqueou a passagem com tantas novidades. Ele tinha sempre, sempre novidades.
"O Matt não era o meu tipo, ao que parece. Bem... mais virão." Ele concluiu, no momento em que me sentei num banco alto do bar do centro.
"E que tal tentares por uma vez na vida aprender algo com o que te acontece?"
"E para quê ocupar o meu precioso cérebro com lições de vida?" Ele recusou, enquanto ria.
Estava perto de lhe dizer que tecnicamente a nova informação não ocupava espaço no cérebro, mas calei-me, quando ele entretanto começou de novo a divagar. Louis não costumava deixar-me falar, pois invadia todo o nosso tempo de convivência com as suas aventuras e desventuras. Qualquer pessoa ficaria completamente indignada com isso, mas eu não. Eu, por norma, nunca tenho assuntos especialmente interessantes para falar com ninguém por isso dá-me muito jeito ter alguém como o Louis sempre a preencher o silêncio. Dava-me um tempo para divagar eu mesma em pensamento.
"Será que eu não sou bonito o suficiente?"
E depois Louis atira perguntas "inteligentes" como estas.
"Por amor de Deus, Louis, tu és tão sensual que homens e mulheres te veneram. Se tu fosses Papa ninguém te ia beijar os pés, mas sim o corpo inteiro." Eu disse realmente a verdade, apenas disfarçada de sarcasmo.
"Tens razão, eu realmente sou tão fantástico como isso." Ele passou as mãos no seu cabelo perfeitamente imperfeito.
Eu ri da sua atitude; ele continuou a falar.
Meia hora a seguir, esgueirei-me para dentro do salão de ballet. Vestia o meu fato de ballet e a minha saia preta, não esquecendo as minhas sapatilhas de meia ponta. Àquela hora não decorriam aulas e provavelmente ninguém lá estava.
Abri a porta com cuidado e sorri, quando comprovei a minha teoria. Com o lugar deserto, lá retomei a minha rotina de treino. Eu acho que nunca deixei de tentar retornar ao que era, mas cada vez que me apoiava na ponta dos meus pés, as dores eram muitas, resultado dos meus músculos ligeiramente destreinados. Fiquei bastantes meses sem poder fazer muitos esforços incluindo ballet, depois do incidente.
E depois era o medo. Não um medo específico, mas um medo de tudo. Era quase como um pânico, como se eu me tornasse frágil e condicionada pelo que me rodeava, enquanto tentava dançar. Perco o equilíbrio, sinto a minha barriga a controcer-se e enjoo. Então tenho de parar. Tantas variáveis, tantas coisas possíveis de correrem mal a atacarem-me o cérebro.
Stress pós-traumático. Até é irónico.
Toda a gente disse que iria passar. Mas ao que parece ninguém sabe nada.
Pus a melodia e inspirei-me. Durante uns segundos pensei um pouco e de seguida rodopiei três vezes em meias pontas, deixando-me envolver pela música.
Consegui acabar a minha coreografia sem cair e senti-me orgulhosa. Deixei-me deslizar pela parede até ao chão e aproveitei para beber água e sorrir estupidamente para mim mesma.
Houve então um bater à porta que se ouviu alto, devido ao eco do salão. Levantei-me, arranjando o meu cabelo ondulado que tinha deixado solto e soltei um "sim?".

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swan || z.m.
Fanfiction"Sentia-me a escamar. Todos os dias perdia mais um pouco de mim, cada camada a ameaçar ser a gota de água necessária para me derramar. Já não sei quem sou e duvido ser quem queria ser. Tudo o que quero é o que ele quer porque sinto que o tenho de re...