Capítulo vinte e sete

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Milena🌸

Já tinha se passado dois dias desde que o Menor fugiu, quando soube que o irmão já sabia de tudo, que o Coringa tava se recuperando do tiro levou no ombro, e que eu tava tentando me acostumar com a rocinha.

A parte boa, é que a maioria conversa com você. Aonde você vai, é fácil pra fazer amigos.

Tirando algumas que dizem que eu e a Bruna, somos prostitutas, e que fomos compradas pelo Coringa.

Mi: Você tá melhor?

Coringa: Tá de boa...- Falou, olhando pro celular, mas depois me olhou.- porque?

Mi: Por nada, ué.

Maria: E você tinha que ficar deitado, mas não, fica andando de um lado pro outro com esses fuzil nas costas.

Coringa: Já levei coisas pior, o que é um tiro no ombro...- Olhei pra ele.

Mi: Mas isso ai pode dar uma infecção, e de um simples tiro no ombro, como você diz, pode passar pra coisa pior.

Maria: Escuta ela, Thiago...- Falou, ajeitando as coisas no sofá.- eu tô indo, tá? Qualquer outra notícia do seu irmão, você me avisa.

Coringa: Beleza, uma hora ele aparece.

Maria: Isso foi a pior decepção da minha vida.

Coringa ficou calado, olhando pra frente, ela sorriu fraco pra mim e depois saiu fechando a porta.

Mi: E cadê a Beatriz?

Coringa: Tá na casa da outra vó.

Sentei no outro sofá, que tinha. E fiquei mexendo no meu celular, enquanto sentia os olhares dele sobre mim, mas ignorei, indo mandar mensagem pra Bruna, que tinha ido no postinho, e disse que queria ir sozinha.

Era aqui no morro, então não tinha riscos.

Mi: Porque você nunca me contou que seu nome é Thiago?

Coringa: É parada confidencial, se fosse pra todo mundo saber eu não tinha vulgo.

Fiz cara de deboche, e ele levantou indo pro quarto, me deixando sozinha na sala.

Mensagens💗

Cabelinho: quer sair hj? (16h45)

Mi: pra onde? (16h45)

Cabelinho: pra onde tu quiser, tá afim de se arriscar? (16h46)

Mi: melhor não, ein. Mas se for aqui pelo morro, tá de boa. (16h47)

Cabelinho: vou ver, jaé? Beijo na xota. (16h47)

Mi: Que audácia é essa?! (16h48)

Mensagens💗

Eu ri com a figurinha que ele tinha mandado depois, mas tirei totalmente a atenção do celular, quando ouvi barulho de coisas quebrando, vindo do quarto do Coringa.

Respirei fundo indo pro quarto, e encontrei ele sentado na cama, cheirando pó, enquanto olhava pro celular.

Mi: O que aconteceu? - Fui passando com cuidado, pelos cacos que tinham no chão, me aproximando dele.

Coringa: Mataram ele, Milena. Caralho, eu cuidei daquele moleque, eu levava ele pra jogar bola, batia no peito pra defender, quando alguém queria bater nele. E agora? O que ele ganhou com isso? Me traiu, e olha no que deu...- Jogou o celular pro lado, e eu peguei, vendo uma foto do corpo do Menor, de um jeito horrível.

Coloquei o celular pro lado sentindo o meu estômago embrulhar, e olhei pra ele ainda calada, mas sentindo muita dó, vendo ele com os olhos vermelhos.

Coringa: Vai ser fuder...- Jogou o celular no chão.- caralho.

Mi: Olha pra mim...- Segurei no rosto dele, passando o dedo nas lágrimas que desciam pelo rosto.- isso aconteceu, por culpa dele. Você não errou como irmão, e muito menos a sua mãe errou com o papel de mãe.

Coringa: Me deixa sozinho.

Mi: Coringa, eu quero te ajudar.

Coringa: Eu falei pra tu me deixar sozinho, caralho! - Apertou o meu braço, me balançando.

Dei um tapa forte na cara dele, Coringa me olhou com a respiração ofegante, por um momento achei que ele fosse devolver o tapa, levantei sentindo vontade de chorar, mas eu não ia deixar acontecer na frente dele, então eu passei novamente no meio dos cacos, e bati a porta.

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