Capítulo 13

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EDU POV
O sono me abraçou novamente, desperto com o barulho do celular, pego o aparelho e verifico as horas oito e meia, não dormi nem quarenta minutos. Olho para o lado e a cama está vazia, ouço o som do chuveiro e a porta estava entreaberta.
Me levanto, tiro a roupa e caminho até o banheiro, o box estava embaçado e não permitia minha visão, respiro fundo e entro no espaço da ducha, ela estava de costa e deixava o jato de água bater em seu pescoço, nesse momento Luna já tinha sentido minha presença, mas continuou de costa, me posiciono atrás do seu corpo macio e a puxo de encontro a mim, num abraço acolhedor e intimista, mantemos o silêncio, pois nesse momento não existiam palavras para expressar a confusão em nossas mentes.
***

— Se lembra da nossa conversa de ontem? – Questiono
Luna assente, mas continua em silêncio.
— Precisamos conversar!
— Você pediu para sua mãe me dispensar hoje?
— Sim, mas não pense nisso agora, vamos tomar café e depois iremos falar, ok?
— Tudo bem, chegou o momento de colocar as cartas na mesa!
Comemos calados, logo seguimos para a poltrona na sala, Luna se senta e eu me sento no chão próximo ao móvel.
— Não quero fazer você relembrar esse tempo pavoroso, mas é importante me contar os detalhes para eu te ajudar.
Ouço seu suspiro, seguro sua mão e percebo que estão suadas.
— Você sabe que minha rotina era corrida, estudava na parte da manhã, a tarde tinha que estar presente no laboratório e durante a noite estagiava no hospital. – Balanço a cabeça em concordância. — Naquele dia passei mal no trabalho e minha supervisora me mandou ir para casa e descansasse, como minha enxaqueca estava me matando, aceitei e fui embora.


Luna tinha fortes crises de enxaqueca, algumas vezes até vomitava tamanha era a dor que meu sol sentia.


— Eu tinha uma colega de quarto, Carolina!
Anoto o nome mentalmente para depois fazer uma pesquisa.
— Você é essa Carolina se davam bem?
— Carol era veterana quando cheguei, fui bem recepcionada, é uma boa garota, mas tinha problemas em seguir regras, ela dizia que era livre demais para ser detida por regras estupidas, a coordenação nunca proibiu de levar visitas ao apartamento.

Ontem, Luna não tinha mencionado a tal Carolina.
— O que aconteceu com a moça?
— Ela sempre foi uma garota namoradeira, gostava de pegar, mas não se apegar, esse era seu lema, tivemos problemas de convivência, pois, a cada semana era uma pessoa diferente dentro de casa, não me incomodaria se essa gente permanecesse no limite do quarto, mas não era bem assim, eles andavam seminus e comiam minhas comidas, sem falar a bagunçar que ficava e isso começou a me incomodar. O ápice do nosso desentendimento foi quando ela transou com um cara na minha cama, a parti daí entramos num acordo de não trazer desconhecidos para nosso ambiente pessoal.
— Claramente ela não cumpri o trato! – Afirmo ligando os pontos, o abusador da minha namorada é alguém que a garota enfiou dentro de casa. – Você foi ataca por um dos homens que essa Carol colocou dentro do apartamento?
Seu silêncio confirma meu ponto. Vejo seus olhos lacrimejarem e uma lagrima dolorosa escorrer pela sua bochecha.
— Com o passar do tempo ela começou a ficar estranha!
— Estranha em qual sentido? Ela mudou com você?
— Apesar de viver uma vida desregrada, ela sempre foi responsável com os estudos e com o trabalho, até que de uma hora para outra ela ficou agressiva, seu corpo definido foi sumindo e os ossos cada vez mais aparentes, olheiras era frequente. Quando perguntava qual era o problema, ela sempre se esquivava de maneira brusca!

Minha cabeça não para, meus pensamentos continuam fervilhando a mil, não quero acreditar na possibilidade que vem me assombrando desde noite passada, mas pontinhos estão se ligando; abusador, fornecimento de drogas nas universidade e Luiz.
Desperto quando sinto o toque da sua mão na minha.
— Está apertando!
Me assusto ao ver que apertava fortemente sua mão delicada.
— Perdão. Bebê! – Afrouxo o aperto e trago sua mão aos lábios, deixando um beijo.
Luna fixou o olhar num ponto inexistente, e após alguns minutos perdida nos seus pensamentos, continuou.
— Na noite que fui dispensada, quando cheguei em casa de madruga, todas as luzes estavam apagadas, como de costume, exceto uma, a do meu quarto. Por um momento me questionei se tinha esquecido a luz acessa, mas eu nunca fazia isso.




Ela era paranoica com algumas coisas e sempre conferia de duas a três vezes, se a torneira da pia está mesmo fechada, se desligou a chavinha do gás, se a porta está mesmo trancada e se a luz estava realmente apagada.
Sua voz estava embargada, quis impedi-la de reviver o seu trauma, mas eu realmente precisava saber.
— Suspeitei que Carol estivesse usando meu quarto, por isso entrei, quando conseguir ter visão da cama o vi, deitado a vontade, como se tivesse costume de estar ali, ele se masturbava usando minha calcinha e me olhava com olhos desejosos e sem vergonha nenhuma.
Luna se levanta num supetão, começa a andar de um lado para o outro, suas mãos se mexiam constantemente, fico atento.
Esse maldito a quebrou.
— Eu o enfrentei, mas ele... ele veio para cima, me pegou pelos cabelos, bateu na minha cara e quis... Luiz me forçou a chupá-lo.
Sua respiração fica ofegante, ela esfrega o peito como se buscasse ar, me levanto rapidamente e vou em sua direção.
— Tudo bem, não precisa continuar... – Tento a puxar para meu abraço, mas ela se esquiva. – Não precisa terminar!
— Deixe-me contar tudo e tirar esse peso do meu coração, tirar essa carga das minhas costas, não suporto mais.
— Ok, se você se sentirá melhor me contando, assim será! Apenas se acalme, e respire meu amor!
Fixa seu olhar no meu e eu a guio numa respiração, algum tempo depois a sua respiração normaliza, mas suas mãos continuam a tremer, ofereço água, mas nega.
— Ele não conseguiu o que queria, pois eu o machuquei e fugi, o desgraçado foi preso em flagrante, ficou detido por dois dias e logo liberado.
— Como ele conseguiu acesso ao seu apartamento?
— Carol, nesse mesmo dia a polícia a encontrou, ela teve uma overdose devido às drogas, no dia seguinte ela ainda estava no hospital, mas foi obrigada a depor, mas acabou falando a favor do Luiz, estava apaixonada e ele fornecia drogas a ela.
Por fim, decido perguntar mais sobre Luiz.
— Onde ela conheceu esse homem?
— Ele é professor, não sei bem onde se conheceram, mas como a faculdade não tem política que proíbe esse tipo de envolvimento, eles acabaram se envolvendo.
Um zumbido preenche meus ouvidos, levo a mão a cabeça a fim de afastar o barulho, sei que estou entrando em colapso, raramente perdia o controle, mas dessa vez eu não queria me controlar. O destino deve estar rindo nesse momento, mas não me sinto surpreso, meu instinto mais uma vez provou que devo confiar nele, meu corpo tenciona, ao imaginar que suas mãos podres e nojentas tocaram Luna sem seu consentimento, que sua mente doente destrói jovens com uma vida toda pela frente, é completamente inaceitável que a escuridão e podridão do seu coração tenha contato com o ser de luz que Luna é.
Antes Luiz Ulisses Fernandes era apenas um caso o qual iria concluir e o colocar atrás das grandes, mas agora é algo pessoal, o momento do nosso acerto de contas vai chegar, e não será bonito, irá se arrepender do dia que ousou olhar a minha garota com seus olhos perversos.
— Eduardo?... amor? – Saio do transe com sua voz me chamando. — Devo me preocupar com a escuridão que seus olhos transmitem?
Sua cara é de preocupação.
— Não se preocupe com isso! - Dou um sorriso contido. — Então o desgraçado é professor?
— Sim, ele dá aula de química, não o conheço bem!
— Você me disse que abriu um boletim, que rumo isso tomou?
— Não sei, a única informação que tenho é que fizeram uma busca na casa dele, e mesmo tendo o flagrante ele não foi ao tribunal, foi liberado em dois dias, ninguém sequer me deu um parecer, somente a comissária, que o manteve preso por mais dias e me ajudou a voltar.
— Quem é a comissária?
— Também não a conheço, somente o que sei é que se chama Laura e é novata na corporação.
Se antes tinha alguma dúvida, agora não restava mais. Luna é a mulher que foi ataca pelo professor, Laura a comissária que Andreas está sondando, mas restam umas perguntas não respondidas, onde está o arquivo com a denúncia que Luna abriu? Como sumiu tão facilmente?
Vou resolver isso antes de começar a destruir o pedestal que Luiz foi colocado, vou destruir sua carreira, seu nome, será tão sem importância que até as formigas terão mais valor que ele, irei destruir sua cara ao ponto de não ser reconhecido.

Me aguarde Luiz...me aguarde Barcelona.

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SEM REVISÃO


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