05-Que desperdício.

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Daisy

- O que você pensa que estava fazendo?

Daisy não levantou os olhos para responder.

- Meu trabalho.

Podia ouvir a respiração ofegante de Marc mas tentou não se distrair, era boa em manter a concentração no que fazia e nesse momento todo seu foco estava em identificar padrões e funcionalidades, a linguagem era diferente de tudo que ela conhecia, mas algoritmos eram algoritmos em qualquer linguagem e sua especialidade era identificá-los e reconhece-los. Não tinha sido mera sorte que a fizera estar ali naquele momento. Só não entendia o que  Marc estava fazendo lá, pois até agora parecera nervoso e perdido.

-Não temos tempo para isso.

-Temos duas horas.

- Precisamos levar esses dados para a nave.

-Posso verificá-los em qualquer lugar.

Deus, ele podia fechar a boca e deixa-la em paz?

- Nossos superiores irão saber disso.

Ela parou e lançou um olhar incrédulo em sua direção.

- Que eu estou fazendo exatamente o que me foi ordenado? Ótimo, fale com eles sobre isso.

E voltou para os traçados que decodificavam de maneira perfeita  disposta a não dar mais ouvidos ao homem que se mostrava mais uma dor de cabeça do que um diplomata estrangeiro. O que ele estivera fazendo durante os meses de treinamento se não podia nem ao menos se portar diante de uma espécie alienígena?  Mesmo concentrada em seu trabalho ela percebia ele lançar olhares no Thazan parado atrás deles.

Passou quase  uma hora e meia de trabalho enquanto ela ouvia resmungos de Marc, silêncio vindo do guarda da estação e o barulho leve de seus dedos na borracha macia do teclado. Realmente ela não conseguiria fazer toda decodificação em duas horas, mas já identificara os padrões que se assemelhavam a uma linguagem já utilizada na terra e que poderia trabalhar para desenvolver o escudo. A construção do equipamento não era simples, ela pôde verificar que não havia parte do material citado disponível naturalmente na Terra e que teriam que adquirir de algum comércio intergalático, mas não era grande quantidade, o principal material já tinham em mãos, que era o Darkyn fornecido pelos Thazan junto com o "Manual para o escudo" que estava decodificando. Havia também desenhos e instruções de construção do equipamentos, mas Hardware não era sua especialidade, esperava que os engenheiros na nave pudessem analisar melhor o esquema ou quando voltassem para a Terra.

Parou mais uma vez em um módulo que achou intrigante e repetiu a execução, trabalhou modificando duas funções e executou de novo. Interessante.  Rapidamente separou toda a codificação e foi modificando e executando e ao fim piscou duas vezes.

- Hum...

- O que foi?

-Nada - murmurou não querendo alarmá-lo.Não era algo incomum. A espécie colocara um código que enviava informações do funcionamento  do escudo diretamente da Terra para eles. Não era algo que iria chegar imediato, usando o portal aberto deveria levar alguns meses. Pelo que podia perceber eram informações sobre funcionamento e falhas do escudo, o que  seria algo bem comum em qualquer softwares da Terra, porém temia que citar algo assim poderia colocar Marc desconfiado e atrapalhar alguma transação. Pelo modo que ele estava nervoso talvez desconfiasse que os estrangeiros poderiam querer espioná-los, poderia verificar com a agência o quanto seria arriscado retirar a programação do código geral, por enquanto iria mante-lo como estava.

- Acho que terminamos por aqui - estava aliviada e triste ao mesmo tempo - Não conseguirei avançar mais do que isso, precisaria realmente de mais algumas horas, ou dias.

Daisy e o Príncipe NegroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora