Capítulo 138: POV Nina Marshall

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"Aonde você pensa que vai?" Meu pai perguntou assim que eu saí do meu quarto, arrastando o vestido da minha mãe pela sala

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"Aonde você pensa que vai?" Meu pai perguntou assim que eu saí do meu quarto, arrastando o vestido da minha mãe pela sala.

Eu realmente não sabia o que me esperava no castelo. Eu não queria me deixar juntar as peças na minha cabeça, porque eu tinha medo de estar errada. E quanto mais eu sonhasse, maior seria a queda se fosse isso mesmo que me esperava lá. Mas se fosse alguma coisa boa, alguma coisa tão boa que eu não me deixava nem pensar na possibilidade, o vestido da minha mãe seria perfeito. Eu queria ela comigo nesse momento.

E se fosse alguma coisa ruim, como eu tentava me convencer de que seria, ele também seria perfeito. Ela estaria comigo, me protegendo. Seria como ter o seu apoio, sua mão segurando a minha.

"Eu vou voltar para o castelo," eu disse, me apoiando na ilha da cozinha para colocar meus sapatos. Mesmo com eles, a renda da barra do vestido pesado ainda chegava até o chão. "Sebastian pediu para falar comigo."

"Foi isso que ele escreveu na carta?" Meu pai soltou a massa que ele jogava para cima na bancada. "Que precisa falar com você."

"Sim," eu disse, colocando o outro sapato. "E eu preciso ir. Agora."

Eu comecei a andar até a porta da sala, mas ele veio atrás de mim. "Eu vou com você."

"Oi?" Eu me virei para ele. "Por quê?"

"Porque eu não quero que você volte sozinha," ele disse, limpando as duas mãos em um pano da cozinha e já indo até o telefone da sala. "Eu não sei o que ele quer falar com você, mas eu quero estar lá por você."

Ele colocou algum número e depois levou o telefone ao ouvido. A ideia de ele ir deveria me parecer terrível, deveria me incomodar. Eu não saberia agir se ele estivesse por perto. Eu deveria me sentir envergonhada de levá-lo. E, de certo modo, eu me sentia. Mas ele achava que eu ia precisar dele. Ele era mais racional que eu. Talvez eu devesse mesmo deixar toda a esperança dentro de mim desaparecer e levá-lo para me consolar quando eu tiver que voltar de mãos vazias. Talvez o apoio só da minha mãe não fosse o suficiente.

Assim que ele terminou de pedir para a vizinha vir cuidar dos meus irmãos enquanto nós saímos, ele correu para o quarto para buscar um blazer. Eu nem precisei abrir a porta, que já estava escancarada para o guarda que ainda esperava lá fora.

"Com uma condição," eu falei assim que meu pai voltou para a sala, arrumando a gola da sua camiseta por baixo do blazer. Eu praticamente já tinha aceitado, mas eu precisava deixar claro uma coisa. "Você não vai comigo quando eu for falar com Sebastian. Você fica para trás," eu estava até apontando meu dedo, coisa que eu nunca pensei que faria ao falar com o meu pai. "Você volta comigo, mas eu preciso falar com ele sozinha."

"Pode deixar," ele disse, colocando a mão no meu ombro. "Eu vou para te fazer companhia, não para te atrapalhar.

"Vocês vão no casamento?" Dona Cindy, a vizinha, perguntou, se intrometendo só um pouquinho.

"Não," eu falei, na mesma hora em que meu pai falou, "sim".

"Não, eu repeti. "De jeito nenhum."

Dona Cindy olhou de mim para ele, mais confusa a cada segundo. Mas eu não tinha tempo de esperar. Peguei a saia do meu vestido como dava para me ajudar a andar e comecei meu curto caminho em direção à porta. Mas antes de sair, me virei para olhar no espelho do hall de entrada.

Eu tinha prendido meu cabelo em um coque rápido e bagunçado, mas que funcionava. Funcionava, eu repeti para mim mesma na minha cabeça. A última coisa da qual eu precisava era encontrar defeitos no último segundo. Junto ao decote do vestido da minha mãe, estava o colar que eu tinha feito quando era pequena. Eu podia ver tudo que tinha de errado nele, mas sempre o usava como um símbolo de como coisas imperfeitas podem ser realmente perfeitas.

E por último, a pulseira de pingentes que minha mãe tinha me dado quando eu tinha quatro anos de idade. No começo, eu tinha que usá-la dando duas voltas e só tinha um pingente. Mas ali, vestida para o melhor ou o pior dia da minha vida, ele dava uma volta só e em quase todas as argolinhas, tinha alguma coisa. Um pingente que minha mãe mesma tinha criado, alguns meus, outros comprados. Momentos da minha vida até então. Eu tinha medo de usar essa pulseira, eu realmente tinha medo de perder algum. Mas eu precisava de todo o apoio que conseguisse. Eu precisava ser eu inteira para aquele momento, não importava o que me esperava. Se Sebastian pensava que aqueles cinco minutos iriam mudar a minha vida uma última vez, eu acreditava nele.

"Nós precisamos sair agora," a voz do guarda tomou conta do ambiente. Ele até conseguiu falar mais alto do que meu pai, que dava mil instruções à nossa vizinha.

"Vamos?" Meu pai virou para mim, segurando a porta aberta para eu passar.

Meus olhos se encontraram no espelho uma última vez. Eu podia muito bem estar indo em direção ao paraíso. Ou mirando o inferno. E só tinha um jeito de saber qual dos dois me esperava.

Quando a Chuva Encontra o Mar [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora