"Os crentes do efêmero dizem que tudo muda, que nada é para sempre. Mas se a mudança é algo constante então o efêmero é uma contradição por si só? "
Esse é um dos milhões dos questionamentos de Harry. Um garoto que provou desde cedo a instabilidade...
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Harry
Contrário à crença popular, passar água fria no rosto não relaxa. Ela te desperta, te deixa pronto e até mesmo é capaz de aliviar dores, mas não te tranquiliza.
Talvez se Harry soubesse disso ele não teria ido ao banheiro tantas vezes naquela noite e jogado água no seu rosto com a intenção de se acalmar. Ele não estava nervoso, apenas apreensivo. Pois sabia que as próximas horas seriam um teste a si mesmo, se ele realmente estava preparado para aquilo.
Uma pessoa com afefobia é capaz de trabalhar em um pub movimentado em Londres?
Ele encarou mais uma vez os olhos verdes do próprio reflexo, não sendo capaz de responder a essa questão. Ainda assim, sabia que não poderia desistir agora. Fazia aquilo, principalmente, pelo seu pai. E não seria agora, quando a única pessoa que ficou do seu lado precisa, que botaria um pé atrás em sua decisão.
Contudo o de olhos verdes não tem com o que se preocupar, a noite seria tranquila, londrinos não gostam de bebidas destiladas, e é essa sua função. Se o próprio gerente afirmou isso, quem seria ele, um mero funcionário com três dias de casa, a discordar?
Além do que, só são pessoas. Com esse pensamento fixo na mente, deixou um suspiro sair de seus lábios e caminhou em direção a porta do pequeno banheiro. Mais uma vez respirou fundo, tomando coragem e, só assim, saiu pela porta. Ao passar pelo corredor que dava ao salão, Harry foi engolido pela música alta do ambiente fazendo fundo para as vozes embriagadas e animadas do local.
Rapidamente driblou as mesas e foi em direção do segundo balcão, que ficava mais no canto. Aquela parte estava um pouco menos movimentada, para o bem de seus nervos.
— Ainda bem que voltou, o Parker está ficando sobrecarregado. – Zayn, o gerente de Harry, diz assim que o cacheado passa para área de dentro do balcão.
— Desculpa, eu precisei ir ao banheiro.
— Pela vigésima vez essa noite. – Zayn diz ao se afastar.
Harry passou a mão no rosto e tentou colocar seus nervos no lugar. É só um bar, com bebida e pessoas... e pessoas.
Pessoas bêbadas que não tinham consciência de suas ações, que as fazem sem pensar, e isso apavorava Harry da pior maneira possível.
Soltou o ar, que nem sabia que prendia, e encarou a multidão, é sua primeira noite de grande movimento. No primeiro dia ele teve Zayn para auxiliá-lo a cada pedido, no segundo ele fez tudo sozinho, porém sendo observado, e agora ele tem apenas a si próprio como vigilante.
Harry nunca precisou de um emprego de verdade, dinheiro jamais foi algo que lhe faltou, não que sobrasse, mas o pai sempre conseguiu arcar com todas as contas sem precisar da ajuda do filho. Entretanto, desde que Desmond Styles foi diagnosticado com diabetes tipo 2 as coisas mudaram um pouco, a carga horária no trabalho diminuída por recomendação médica e os tempos de repousos maiores, além de adicionar alguma atividade física a sua rotina.
