Prólogo

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Prólogo

Na Terceira Era, os dragões dominavam os reinos. Homens, separados de anões e elfos - que possuíam grandes e belas moradas desde a Primeira Era - uniram forças, caso contrário os grandes reinos sobre a Terra seriam devastados. Para combater a tirania dos dragões, lutaram juntos na conhecida Guerra do Fogo.

O mais temido de todos era Onsul, o grande dragão negro. Onsul devastou reinos, massacrou exércitos inteiros com suas chamas infernais. Considerado o "Terror dos Céus", quase todas as raças o temiam. Inclusive, acreditava-se que algumas deixaram de existir após seu apogeu. Seus olhos vermelhos representavam o caos, o ódio, a maldade em essência. Nada detinha sua ânsia por destruição, seu desejo de ver o fogo consumir cada reino. Simplesmente odiava aqueles que caminhavam abaixo da morada de Astron, o grande pai. Os elfos, que temiam o fim iminente, pediram aos deuses salvação. Por serem abençoados com a luz do mundo e da vida, tiveram seu pedido concedido: os deuses escolheram um elfo mestre, que se tornou responsável por guiar os outros para derrotar o "Terror dos Céus". Quando o grande mestre dos elfos avançou contra os monstros alados, ficou claro que a luta sangrenta findaria.

Tarcus, o Brilhante, lembrado por usar sua grande armadura de cristal élfica, reluzia. Abençoado, o Guerreiro da Luz portava um escudo dourado e uma grande lança prateada, o que significava um desafio para Onsul naqueles dias sombrios.

Cobrindo as cinzas de grandes reinos, compostas por ossos carbonizados de bravos guerreiros, a tempestade tentava apagar as chamas, sem sucesso. O fogo de Onsul não cessava. Depois de consumir alicerces, pedras e ossos, prosseguia queimando. Tarcus erguia seu escudo circular contra o bafo infernal de Onsul, mas o guerreiro não recuava, de forma que o adversário sentia o calor do fogo incidir em sua armadura a cada novo ataque. Onsul sentia a lança raspando em sua pele grossa e sabia que era a única arma capaz de feri-lo, pois pertencia ao pai dos deuses. Temeroso, lançava-se de todos os meios em busca de derrotar seu oponente.

Ferido e cansado, Tarcus sabia que, se prosseguisse, perderia a batalha. Resoluto, correu para o campo, atitude que causou a impressão de que fugia. Esperto, escondeu-se atrás da montanha de Garret, escalando-a a um sinal de distração do temível dragão. No momento em que raios cortavam o céu, Tarcus pulou sobre as costas ásperas de Onsul. A visão era de um gigante brandindo raios de sua mão, quase a imagem do próprio Astron projetada no guerreiro. Quando a lança finalmente penetrou a carcaça endurecida de Onsul, seu grito de agonia pôde ser ouvido em todos os reinos.

Sua pele foi perfurada centenas de vezes, para que não houvesse chance de sobrevivência. Após sua morte, a lança poderosa, banhada com o sangue negro, desapareceu. Essa batalha é lembrada nos contos até hoje. Lendas narram que o mestre absorvera a alma do grande dragão. De suas escamas e ossos, criou a mais poderosa das armas: uma incrível espada forjada por anões e elfos, banhada na forja de Malias, o ferreiro dos deuses, onde queimava o sangue de Onsul. Alguns dragões fugiram, enquanto outros foram aprisionados e domesticados para servirem como montaria a bravos guerreiros.

Tarcus tornou-se o rei das ruínas dos reinos. Ajudou os povos na reconstrução de reinos tombados, de modo que a paz reinou novamente. O grande rei, sentado no trono feito com os ossos de centenas de dragões, reinou absoluto.

Com o passar dos anos, Tarcus, o Escolhido, mudou. Sua luz se apagou, passou a ser temido. Muitos disseram que foi obra de Onsul. Sua poderosa espada e um exército de dragões montados por Orcs e elfos negros, causavam mais terror do que Onsul. O grande conselho de magos antigos fora reunido. Conhecidos por magos supremos e batizados pelos homens como semideuses por estarem próximos aos deuses, não podiam interferir nas guerras. Reuniram-se com o objetivo de indicar um novo guerreiro. Os deuses escolheram um jovem mestiço filho de Eruvanda - a feiticeira élfica dotada com o dom da cura - com Galonar, o guerreiro dos homens que tombou na Guerra do Fogo.

Seu nome era Drixius, um bardo jovem e guerreiro, nascido no reino élfico de Idilnaren. Dotado de notável beleza e uma voz que chamava ainda mais a atenção, era capaz de falar a língua dos dragões. Isso lhe rendeu amizade com um dragão. Juntos, enfrentaram, à sombra da morte, a fúria do tirano rei élfico e de seu dragão negro. Durante o caos, Tarcus destruiu tudo que havia ajudado a erguer. Sua reluzente armadura de cristal passou a refletir a negritude de sua alma. Àquela altura, restavam apenas os reinos élficos. Como sempre, o mestre portava sua poderosa espada, e Drixius, por sua vez, um machado de gume largo e um escudo circular. No céu escarlate e sem vida daqueles dias incertos, os dois dragões se enrolaram em uma dança mortal. Enquanto o jovem estava em seu limite, o tirano permanecia com sua postura poderosa e intocável. No momento em que o machado e o escudo se partiram diante da poderosa espada, Tarcus se preparou para dar o golpe final, gargalhando como o louco que era. A sua sombra, Onsul permanecia.

O dragão de Drixius, ferido mortalmente após derrotar a sombra da morte, com um último suspiro soprou um jato de fogo, cegando temporariamente o adversário, ao mesmo tempo em que queimou parte de sua armadura negra. Com a dor, o elfo largou a arma. O jovem, aproveitando a oportunidade, apanhou a poderosa arma, transpassou o peitoral de seu inimigo e cortou-lhe a cabeça. Dizem que a alma de Onsul fora enfim aprisionada na espada. Este sinal fez com que os magos abençoassem a Drixius como o novo rei portador da Schandar, conhecida como "espada do rei Dragão".

O bardo tornou-se um bom rei, adorado por muitos, assim como odiado. Foi o rei que trouxe a salvação. Desde seu reinado, 800 anos se passaram. A lenda de Drixius deu início à Quarta Era: a Era do Aço ou Era das Armas, como ficou mais conhecida. A espada atravessou épocas. Outros guerreiros a possuíram. Alguns foram cruéis, outros bons. Diziam que a espada liberava o que havia em seu portador. Ou seja, se o coração fosse negro, a alma de Onsul a possuiria.

Quando a espada não encontrava um portador à altura de seu antigo, este sucessor a guardava para que o próximo escolhido trilhasse seu próprio caminho e a encontrasse. Mais de cem anos se passaram e a espada continua guardada. Os reinos estão separados e, muitos, em guerras. O novo sucessor terá como objetivo reunir todos os reinos em uma nova aliança contra novas forças malignas que surgirão para trazer o caos às terras de Morza, nosso querido lar.

E agora eu, o mago supremo Aduzam, inicio a busca pelo novo sucessoratravés das terras de Morza, perturbado com estranhas visões de um futuroincerto.    

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