Capitulo 6

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Dessa vez todos estão sozinhos, ninguém virá salvar ninguém, mas a morte, essa estará a disposição de todos.

Shayene estava ali. Esteve dentro do armário esse tempo todo, seu corpo se mantinha encolhida, estava tremendo e chorando ainda com a arma na mão. Com cuidado Nara a puxou para fora e a abraçou, sua irmã estava ali; seu motivo de continuar lutando.

-Eu pensei que aquele cara babaca ia me matar.- sussurrou a menor.

- Mas isso não aconteceu, meu amor, eu prometi que nada de ruim iria acontecer com você. - falou Nara.

Um silêncio se instalou entre as duas, era uma cena bonita e lastimável de se ver. As duas se abraçavam no meio de uma cozinha onde havia um homem morto com um tiro na cabeça; estavam dentro de uma casa onde uma mulher se encontrava dentro do porão morta pois havia levado um tiro no coração. Em frente moradia o corpo de uma criança decapita pela mãe se encontrava inerte no chão. Viviam em um mundo onde o desejo do homem por riqueza levou a humanidade ao seu fim, estavam em meio ao caos e mesmo assim estavam juntas; quanta ironia da vida.

-Me diga, o que aconteceu Shayene? Eu tinha lhe mandado ficar na sala. - perguntou a mais velha.

- Eu escutei um barulho, não queria lhe preocupar então decidir que eu ia investigar o que estava acontecendo. Quando cheguei a cozinha não encontrei nada, mas estava com fome, então resolvi pegar um biscoito nesse armário, ai ouvi um barulho e olhei para trás, o homem estava na porta eu sabia que ele iria me matar, então me escondi no armário e ele começou a tentar arrombar. Depois disso não consegui sair - narrou Shayene.

- Nunca mais desobedeça algo que eu mandar, ou tente ser a salvadora da pátria, entendeu? nunca mais! -ordenou Nara, sabia o quanto sua irmã poderia ser imprudente.

No decorrer do restante do dia, trancou todas as portas e janelas, colocou móveis na frente de todas as possíveis passagens, levou os corpos mesmo em meios as insistentes ânsias de vômito para um pequeno cômodo que anteriormente estava trancado e os deixou lá, limparam a sujeira que ambos haviam feito.

No início da noite Nara sentou na sala junto de sua irmã e começou a examinar seu ferimento, o machucado estava feio, o corte foi profundo, não tinha muitas coisas para fazer um curativo além de álcool, uma pomada quase acabando e uma atadura velha, mas tinha que servir.

-Posso ligar televisão?- perguntou Shayene enquanto Nara finalizava seu curativo.

-Provavelmente não passará nada, mas tente.- respondeu com indiferença, sua atenção se mantinha ligada o tempo todo em qualquer som que pudesse aparecer, a cada 5 segundos vasculhava todos os cantos com o olhar, temendo que algo acontecesse, o medo se tornou o sentimento mais predominante em si.

Shayene trocava de canal em canal, nenhum passava nada, somente mostrava um aviso de fora de ar, depois de minutos naquela tentativa falha a imagem de um homem tomou conta da tela, ela trocou os canais e todos mostravam o mesmo rapaz.

- Irmã olhe isso!-gritou chamando atenção de sua irma que encarava o nada.

Quando Nara encarou a televisão algo dentro de si entrou em alerta, esperava alguma noticia boa, mas sabia que não viria. Na imagem um homem aparentemente jovem arrumava sua gravata.

-Boa noite a todos!- ele disse, ambas reconheceram sua voz.

- Você que está nesse momento assistindo essa transmissão, se você é um sobrevivente de sorte também me escutou há um dia pelo rádio. -começou a dizer o homem, sua expressão era fria, parecia estar ali somente por obrigação, aparentava não se importar com nada e nem ninguém somente com sua aparência, mesmo em meio a esse fim que o mundo se encontrava, mas seus olhos negros pareciam esconder algo; algo que ninguém nunca saberia o que é. - Bem, esperávamos somente lhes dar informações daqui a uma semana, porém, já possuímos elas hoje. Primeiramente quero informar que pelo que aparenta o animal que entrou no cérebro de bilhões de pessoas as transformando em seres famintos por morte, não existem mais, por sorte eles não eram em tão grande número para corroer o cérebro de todas as pessoas do planeta. Apesar disso provavelmente a maioria que não foi atingida por essa praga, foi morta pelos que se tornaram Carnificiendos, o nome científico que demos para os que tiveram sua humanidade roubada por esses animais. Ainda não temos muitas informações de como tudo aconteceu, somente sabemos que esse animais são parasitas que tiram toda a humanidade de seus hospedeiros e que não existe formas de reverter esse quadro. Não sejam tolos e achem que eles tem algo a ver com os zumbis das histórias e filmes fictícios, eles não comem cérebros, não transformam outras pessoas em seres como eles através de mordidas, eles também não são mortos somente com tiro na cabeça, qualquer golpe fatal os matam, mas não se iludam, ainda não temos muito dados sobre o que realmente se modificou nesses antigos humanos, eles aparentam ter uma grande inteligência e força. E caso vocês esperem que alguma autoridade de nosso país irá os salvar, que o exército irá combater, não; não irão, a maioria estão mortos e o que tiveram sorte estão se escondendo. Fizemos contato com o vice presidente que é um sobrevivente e ele somente disse que não poderia fazer nada, entendam, está cada um por si, se esconda, lute se conseguir, mas não espere ajuda, isso não é um pesadelo, não é um conto de fada onde aparecerá um herói para lhes salvar, isso é a vida real, é o fim. Estamos trabalhando para conseguir estabilizar as linhas telefônicas, caso você esteja vivo, ligue para o número que aparecerá no final dessa reportagem, amanhã eu e um grupo de pesquisadores sairemos em uma missão suicida até um dos paises vizinhos, caso chegamos vivos lá, entraremos em contato em alguns dias, tentem sobreviver, caso contrário espero que não tenham uma morte muito dolorosa.- disse por fim com um sorriso frio e a imagem mudou mostrando somente um número de telefone.

Nara soltou a respiração que nem havia percebido que havia prendido nos últimos segundos, rapidamente correu para anotar o número. Estava perdida, ninguém viria ajudar, a forma fria que ele falava, sua última frase e o sorriso que aquele agente deu, não saia de sua cabeça, estavam no fim, ele era o único ser humano normal além de sua irmã que veria, mas ele não passava uma boa impressão, ele parecia se divertir com esse caos e ela não conseguia aceitar isso. Tentou não o julgar, talvez ele perdeu muitas pessoas, mas mesmo assim algo nele a intrigava, mas isso não importava agora, precisava ligar.

Ganância - O início do fimजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें