✖ — ELA NÃO QUER ISSO. ELA NÃO TEM ESCOLHA — ✖
Suspiro, revendo minha conta bancária pelo computador. Os números não paravam de crescer a cada segundo. Isso é bom. Isso é muito bom.
— Naum! — Minha mãe entrou em meu escritório, toda arrumada e com uma Bíblia e um terço em mãos.
— Sim, mãe?
— Vamos à igreja. Sua irmã já está pronta. — Ela não pediu, ela praticamente ordenou. Certo, não quero causar uma discussão agora. Desligo o computador, me levantando e a acompanhando até a sala. — Ah, chame o seu noivo. Ele precisa de uma forte benção do pastor.
— Ele não vai aceitar. — A Dona Afrodite falou o que eu já estava pensando. Os pais de Khnun iriam passar uns dias aqui em casa, ao menos até o casamento acontecer, já que não estava tão longe assim. E eu tenho certeza que até lá, alguém vai morrer.
— Claro que não! É um ser mandado do inferno! Ele precisa urgentemente ser abençoado pelo pastor. — Suspiro, sabendo que minha mãe não ia parar a briga até que Khnun fosse à igreja. Afrodite sorriu, cruzando os braços.
— Seu pensamento monoteísta me enoja! Meu filho sabe muito bem no que acredita e com toda certeza, não vai pôr os pés dentro de igreja alguma! — Afrodite afirmou, com um ar superior.
— Ah, não?! Bem, de qualquer forma ele irá casar com meu filho. Então terá sim que entrar em uma igreja! Na igreja do Pastor Alexandre. — Minha mãe rebateu.
— Quem disse que ele vai casar na igreja? — Ah, não... Minha mãe me olhou, como se me pedisse uma explicação. Mas eu também não havia parado para pensar nisso. Na verdade, eu queria esquecer o máximo possível dessa história de casamento.
— Um casamento precisa ser celebrado na igreja.
— Minha família não vai colocar os pés dentro de igreja nenhuma! Que fique avisada, pois ou esse casamento acontece na Grécia e com o ritual wiccano, ou não terá casamento! — Ditou, saindo sem esperar uma resposta, o que deixou minha mãe furiosa. Era só o que me faltava!
— Vocês vão casar na igreja e acabou! Essa mulher quer te levar para o mal caminho, filho! — Minha mãe choramingou, me olhando. Suspiro, já nem me importando mais com isso. Estava exausto dessas discussões. Khnun e eu não estávamos mais brigando tanto, talvez uma alfinetada aqui, outra acolá, mas nada demais. Porém, surgiu nossas mães para nos enlouquecer de vez.
— Vamos ou não? — Questiono, tentando sair logo dali e respirar um pouco de ar puro.
— Sim! Janne!!! — Minha mãe gritou, quase me deixando surdo. Janne desceu as escadarias, com uma cara emburrada.
— Mãe, eu não quero ir! Que inferno! — Resmungou, e recebeu um tapa leve na boca dado por minha mãe.
— Não fale assim, menina malcriada! Anda, vamos! — Empurrou Janne para fora da casa e logo vejo Khnun descer as escadarias, vestido de... bruxo? Um livro grande e esquisito em mãos, e aquele pentagrama no pescoço. Péssima hora para ele descer do quarto. — Ah, que bom que desceu, anda, vamos com a gente. Iremos ao culto do Pastor Alexandre. — minha mãe chamou, já puxando o garoto pelo braço. Khnun se soltou, olhando feio para ela.
— Nem morto!
— E aonde você vai assim? — Janne questionou, parecendo interessada.
— Ao ritual. Meus pais e eu vamos praticar alguns rituais e pedir coisas boas ao Deus Cornífero e à Deusa Tríplice. — Disse, o que me deixou na escuridão, já que eu não entendi porra nenhuma.
— Sério?! Vocês fazem rituais?! — Janne questionou, surpresa e sorrindo.
— Sim. Tenho até o Livro Sombrio, que ensina vários rituais. — Disse, mostrando o livro que tinha em mãos.
— E vocês fazem com essas roupas assim? — Janne ainda iria levar um tapa se continuasse fazendo tantas perguntas sobre outra religião que não fosse a do Cristianismo.
— Na verdade, a roupa é opção. Geralmente, os rituais são feitos com todos sem roupa, assim como será hoje.
— Isso é uma pouca vergonha! Anda, vamos embora, Janne! — Minha mãe puxou Janne para fora rapidamente. Khnun suspirou, balançando a cabeça em negativa, olhando fixamente para o nada.
— Os pais devem entender que os filhos não são criados para serem suas cópias, mas sim seres humanos com decisões e opinião própria. — Murmurou, nem ao menos se dando conta que eu ainda estava ali. Ele chamou o tigre, saindo de casa.
Ele não falou nenhuma mentira.
Eu não tenho problemas em ir para a igreja. Eu realmente gosto dos cultos, mas minha irmã sempre odiou, sempre foi obrigada a ir e a fazer parte da nossa religião. Me sinto mal por ela, mas nem nisso eu posso ajudar. Minha mãe nos mataria em segundos só de pensar em sequer ir contra a religião dela.
Suspiro, seguindo para o carro, ocupando o banco do motorista. Olho pelo espelho, vendo Janne de braços cruzados, emburrada e olhando para a janela, não querendo encarar minha mãe. Vai ser uma longa noite...
Dou a partida, seguindo para a igreja, que na real, nem era tão longe assim, mas ando com duas preguiçosas que parecem não saberem andar.
Chegamos na hora. A igreja estava quase cheia. Cumprimentamos o pastor e nos sentamos, esperando o pastor começar o culto.
Estava mesmo precisando desta sensação de paz.
ESTÁ A LER
MEU ETERNO OPOSTO - Romance Gay
RomanceAté que ponto pode chegar a sua fé? PLÁGIO É CRIME!! CRIE, NÃO COPIE :3