cinco

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- Onde é que estiveste? - o André bombardeia-me assim que abro a porta de casa, mal me deixando entrar propriamente.

- Tu só podes estar a gozar comigo... A sério que vais insistir nisso de me controlares? - eu finjo uma gargalhada - Acabou esta brincadeira, André. Eu vou sair desta casa ainda hoje e vou-te deixar sozinho com as tuas infantilidades. Tens mais do que idade para agir como um adulto e não como uma criança! Quem diria que eu, com 19 anos, tenho mais maturidade do que tu, com quase 29!

- Vais embora para onde? Não me digas que vais para casa do Rúben... - André parece ter ignorado todo o resto do meu discurso.

- Não, por acaso, não vou. Mas também não tens nada a ver com o sítio para onde vou. - atiro - Não imaginas o quão otário estás a ser... E não imaginas o quão desiludida estou contigo. Nunca pensei que fosses este tipo de pessoa. - suspiro - Eu vou arrumar as minhas cenas para ir embora. Quero só antes relembrar-te que tens treino hoje à tarde e que o Rúben lá vai estar. Agradeço que não sejas um idiota também enquanto trabalhas e que o deixes em paz. 

Nem se quer permito que o André diga mais alguma coisa, virando-lhe costas e entrando no meu quarto. Estou realmente furiosa com a postura do André em relação a mim e a esta situação e sinto-me verdadeiramente triste porque não reconheço o meu irmão nesta pessoa. Ele não é assim... E custa-me ter de tomar esta decisão de sair de casa durante uns tempos, mas acho que é a decisão mais sensata a tomar no momento. O André precisa de tempo para pôr a cabeça no sítio e eu preciso de sair daqui antes de começar a dar em louca.

Ponderei, seriamente, ficar em casa do Rúben mas achei que isso só ia servir para deitar mais lenha para a fogueira ao invés de acalmar as coisas. Assim, decidi que vou para casa dos meus pais. Vou contar-lhes tudo o que se está a passar, esperar uma reação menos má que a do André e pedir-lhes que não contem ao meu irmão que estou a ficar lá, porque sei que se ele souber vai continuar a querer falar comigo sobre o mesmo assunto e nunca vamos sair da cepa torta.

- Vais mesmo embora? - André questiona, ao ver-me sair com uma mala do quarto.

- Sim. E não vou voltar enquanto não ganhares um bocadinho de bom senso. - afirmo, saindo então do apartamento.

Como tenho uma mala para levar e não me apetece demorar quase uma hora a chegar a casa, eu decido apanhar um Uber até casa dos meus pais. Liguei-lhes esta manhã a dizer que ia passar uns tempos lá a casa o que, obviamente, eles acharam estranho, mas prometi que lhes explicava tudo assim que chegasse. Por isso, quando o Uber para em frente à casa dos meus pais, onde cresci, eles já estão à espera da minha presença.

- Olá, minha querida! - a minha mãe abraça-me entusiasticamente.

- Olá, mãe. Olá, pai. - cumprimento-os aos dois, deixando um beijo na bochecha de cada um.

- Então, minha querida filha, é agora que nos vais contar qual o motivo que te levou a regressares a casa dos teus pais um ano depois de teres decidido que nos ias trocar pelo teu irmão? - o meu pai pergunta, não sendo capaz de disfarçar a sua curiosidade.

- Sim, eu vou. Mas antes disso precisam de saber algumas coisas. - começo - Primeiro, o André não pode saber que eu estou aqui. Eu preciso de o manter longe de mim durante uns tempos. Segundo, preciso que me ouçam até ao fim sem dramas nem discussões. Depois, preciso que deixem de olhar para mim com uma criança e me encarem com uma adulta, caso contrário eu não estou aqui a fazer nada. 

- Definitivamente, tu és uma adulta. - a minha mãe sorri, parecendo orgulhosa do meu discurso - Eu prometo que vamos cumprir com todas essas coisas. Nós só queremos o que de tão grave está a acontecer entre ti e o teu irmão que vos fez ficar chateados ao ponto de teres saído de casa dele para voltares para aqui.

Secret Love Song | Rúben Dias ✔️Onde as histórias ganham vida. Descobre agora