Dedico-lhe esta carta, querida princesa de nenhuma terra existente
Uma perfeita idealização, uma neurótica que me prende a cada dia e a cada noite em um lugar doce
Onde todos os seres ao nosso redor são mecânicos e quase inanimados
Onde tanto barbies esquisitas e grosseiras nos circulam quanto estranhos espantalhos vampíricos, ambos nos sugam a vitalidade a cada momento de incerto devaneio
Personagem EU - Querida princesa, estes suspiros que faz são de natureza humana e perfeita? Não vejo lágrimas quando fala comigo, nenhuma! Mas espera... Melhor não chorar, acabarás enferrujada como sempre!
Em meio a essa devassidão industrial à nossa volta, você princesa, é a esperança romântica mais simpática que conheço, uma estrela em uma pequena constelação, onde toda esssa constelação é seu amor e a estrela a sua alma. O que importa a alma quando existe o Amor, pelo amor nos curvamos todas as noites, e o dia... O dia é como aquela espera que fazíamos tocando piano e escrevendo poesia.
Declamarei-te uma agora, princesa.
"Correrei por entre os vales,
Mansões e vastos campos de glória
Amores, amores, amores que antes ria
Riam da estressante existência que criamos dia-a-dia
Onde está a saída de todo esse desespero?
Em apenas traços mecânicos?
Em vidas sem tempero?
Ou talvez em seus sinestésicos beijos?"
Gostou? Assim vivo com mais um beijo seu. Sua boca é como todo o fruto da linda deusa que está flutuando acima de nós, monumental, magnífica, gentil e um tanto poética.
Observe esta vista, princesa, olhe como é a vida abaixo de nós. Ela pode ser apenas feixes industriais com o cinza em todo nosso redor, mas nós a comprimimos em uma só vista? Quero dizer, nós criamos pulsões em busca desse bem maior que todos buscam, de nome Consumo? Creio que não, somos maiores que tudo isso!
Como eu poderia afirmar isso? É o que quer saber? Apenas me beije, saberá! Estamos além de tudo o que é banal, superiores às vidas estúpidas que muitas vezes nos circundam e nos perturbam com seus dizeres cômicos, buscando humor em todas as malditas palavras que pronunciam.
Como é patético tudo isso! Será que todos tentam ser humano? Ou somente eu? Pois, saiba princesa, que busco isso, de todas minhas idealizações tentar ser o mais humano possível é a maior delas. Claro que com exceção de você, minha principal idealização!
Mas e você, princesa? Você tenta ser humana? É fato que é exageradamente humana, pois me ama e é apaixonada por mim. Mas apesar de tudo isso, podemos dizer que o mundo nos entende?
Óbvio que não! O que é o mundo, princesa? Você sabe?
O mundo é a sensação de viver, são as artes e a poesia que vemos cotidianamente, uma linda paisagem magnânima de verde e cinza se interlaçando em um mesmo lugar. São as angústias que sentimos, as raivas, os apertos belicosos na alma. Mas o mundo apenas existe caso você possa sentir, prefiro morrer de angústia do que de apatia, nossa! Que a realidade me livre disso!
Qual a sensação de viver as artes e a poesia? Simplesmente as artes e a poesia são as próprias sensações, como diz em um aforisma : "A arte da vida é a sensação". Então... E a paisagem? Ela nos serve de acompanhamento para experimentarmos sermos humanos e sentir as diversas sensações, seu papel não é apenas secundário, ela supre nossas neuroses e hiperatividades, sem ela não há inspiração, garanto-lhe. Agora e as angústias e as raivas? Elas antecedem a felicidade, eu acredito, pois concorde comigo, nos identificamos melhor com algum sentimento do que nenhum, preferimos nos contorcer de raiva, do que apodrecer de apatia por tudo que está a nossa volta, por tudo que for! Sentir é melhor do que não sentir!
Quem sabe um dia? Quem sabe um dia!!
Sonetos :
O Consumismo de um Romance
Em meio aos seus doces beijos
Declamo-te poesias magníficas
De cores intensas, apaixonadíssimas
Em ti, Trazendo-me estranhos tropeços
Se consumir-te-ei, farei-te um brilho
Aquele complexo do consumismo
De uma realidade do hedonismo
Que talvez me traga um arrepio
Caso nosso casamento seja agora
Boneca, correrei para que um dia
Façamos um Carpe Diem em uma hora
Longe desta triste distopia
Onde Beija-Flor não mora
E consumismo arrepia
Estúpidas adolescentes
Trago-me em bandejas de bobos pra essas adolescentes
Perdendo-me em devaneios, metonímias, desejos
Doces ilusões de talvez futuros intensos beijos
Criados em loucas aflições crentes no que há de mais quente
Vermelhos girassóis em jardins de amores
Em realidades flutuantes de teatros apaixonantes
Loucos por presságios de garotos românticos
Onde transformamo-nos naquelas vermelhas flores
Entregando-te em bandejas
Uns Irrisórios poetas
Que nem ao menos tu beijas
Se assim seres correta
Corte-nos e Cortejas
Todos nós em incertas retas
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O Consumismo do Romance
PoetryNestes sinceros e sentimentais dois poemas e uma breve prosa, mostro-lhe o consumismo do romance, o romance com sua forma finita e delicada. Solidão em um eu lírico ao lado de uma boneca que caminha junto a si, em um intenso monólogo.