Capítulo 2: POV Jenny Siee

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  "Jennifer!" Minha mãe gritou apesar de eu estar a menos de dois metros dela

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  "Jennifer!" Minha mãe gritou apesar de eu estar a menos de dois metros dela.

"O que foi, mãe?" Perguntei sem tirar os olhos do papel onde eu desenhava.

"Será que dá para você olhar pra mim um segundo?" Sua voz estava levemente irritada.

Eu não queria, mas larguei o lápis e olhei para ela. Ela estava segurando um envelope em sua mão e o balançava, como se eu tivesse que entender o que era aquilo só pelo seu gesto.

"Sim, mãe. Isso é uma carta. Chega pelo correio. Foi criada para mandar mensagens para lugares longes. Eu conheço, mas muito obrigada por me lembrar da sua existência," eu disse, pegando no lápis de novo.

"Não, Jenny," ela andou até mim e jogou o envelope em cima do meu desenho. "É para você."

"Para mim?" Perguntei, vendo o emblema de Illéa na frente.

Peguei o envelope e o virei, encontrando meu nome escrito ali. Não é que era mesmo para mim?

"Por que alguém me mandaria uma carta? Alguém do governo, ainda?" Eu perguntei, tentando não rasgar o envelope mais do que o necessário ao abri-lo

Minha mãe deu de ombros, como se não tivesse ideia. Mas sua expressão a entregava. Estava animada e mal podia esperar para eu perceber do que se tratava.

Seu olhar curioso me fez querer abrir mais rápido e quando o fiz, tirei de lá uma carta.

"Você deve estar brincando!" Disse e fui me levantando devagar ao ler o que dizia.

"Não é brincadeira, é de verdade!" Mesmo sem olhar para a minha mãe, sabia que ela estava já sonhando com o que estava para acontecer.

"Eles vão fazer uma seleção," eu falei baixinho, praticamente pra mim mesma. "E é para eu me inscrever?"

"SIM!" Minha mãe gritou animada.

Levantei os olhos do papel para encontrá-la pulando na minha frente.

"Você sabe que sou eu que vou me inscrever, né? Não você! Você é casada e está um pouco velha demais para o príncipe Charles Regen," eu disse.

"Ah, Jenny. Você sabe que a única coisa que eu queria nessa vida era te ver feliz e bem casada e agora minhas preocupações se foram! Você vai para a seleção, vai se apaixonar pelo príncipe e nós seremos Um!"

"Mãe, a única coisa que fala aqui é que eu posso me inscrever," eu disse, mas o sorriso dela não diminuía. "Todas as meninas do país vão se inscrever. Todas. Não só 35. Quais são as chances de eu entrar? E se eu entrar, duvido que Charles vai gostar de mim!"

Sentei de volta na minha cadeira, pensando no que havia acabado de dizer. No fundo, eu queria muito ser selecionada, queria conhecer o castelo, ter uma chance de comer direito e viver como uma Um. Mas precisava manter os pés no chão. As chances eram pequenas e a última coisa que eu queria era ficar animada com essa oportunidade só para todo mundo ficar com dó de mim depois que eu não for escolhida.

"Ah, Jenny, eu duvido que metade das meninas desse país são tão bonitas quanto você," minha mãe me disse, vindo até mim. Ela começou a mexer no meu cabelo. "Eu mesma nunca vi nenhuma que se comparasse."

"A sua opinião não conta, mãe. Você TEM que me achar bonita. É tipo o seu dever."

"Mas não sou só eu que acho!" Ela se colocou na minha frente. "Juro, Jenny," ela colocou uma mão no peito, "toda vez que a gente se apresenta em alguma festa, alguém comenta comigo sobre seus olhos."

"Meus olhos?"

"Sim! Todos ficam encantados com esse tom de azul quase cinza que você herdou de mim," ela me disse e piscou com um olho só. "Duvido que o príncipe Charles não vai se apaixonar também!"

"Se você diz," falei e dei de ombros.

Mas no fundo o que ela me falou me afetou um pouco. Durante todo o jantar, eu fiquei imaginando como seria conhecer o príncipe, se ele poderia se encantar comigo. Mas toda vez que achava que era possível, me mandava parar de pensar nisso. Mesmo que existisse a possibilidade remota de eu ser selecionada, eu não queria criar expectativa. Era melhor deixar acontecer do que ficar esperando muita coisa e depois não ter nada.

Porque era sempre assim comigo, não é? Foi assim com Matthew. Achava que eu teria um conto de fadas com ele, que ele voltaria para me buscar, para provar para mim que ainda me amava. Mas nada. Nunca veio. E eu fiquei aqui, esperando, criando expectativa, imaginando mil vezes como seria quando a gente se encontrasse de novo.

Eu nunca mais quero me sentir como quando ficava esperando uma resposta dele e não chegava nada. Não quero mais esperar cartas de alguém que não vai me mandar, nem me apaixonar por alguém que nunca vai gostar realmente de mim.

Mas e se ele gostasse? E se o príncipe pudesse de algum jeito gostar de mim?

Chega, Jenny. Para de pensar nisso. Só se inscreva e pronto. Se der tudo certo, bem. Senão, eu fico aqui, continuo aqui com a minha vida.

Depois do jantar, peguei o formulário que veio com a carta e fui para o meu quarto. Nome? Jenny Siee. Idade? 17 anos. Casta? Cinco.

Quando a Chuva Encontra o Mar [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora