Correndo/Cansado

18 0 0
                                    

Difuso. Confuso. Está me lendo? Me leia como o céu me cobre, azul ou escuro. Completo. Imenso. A minha procura pela imensidão parece nunca acabar. Mas ela está em algum lugar. Talvez não esteja neste amor, ou em mim. Com certeza não está nestas coisas. Ouvi os alarmes tocarem pela manhã, me arrancando de um sonho híbrido. Me maltrata a ideia de que nunca alcançarei a plenitude.
Eu irei sofrer. Sofro. Todos os dias, a vontade de romper com as linhas suspensórias costuradas no meu corpo, me cochicha nos ouvidos. Porque querem colocar um anel no meu dedo anular. Os homens querem me beijar, querem me deitar sobre as suas camas e meter fundo até extirpar o som que sai da minha garganta. Só por essa noite. Essa noite. Amanhã eu acordo nu e sozinho, com o cu vazio.
Mas querem o meu dedo anular. Só não querem o podre que habita em mim. A podridão é o que me torna eu. Tão podre. Eu sou muito podre. Por isso digo: DECEPEM MEU DEDO E INSIRAM ESSE ANEL, ENTÃO! LEVEM COM VOCÊS.
A vontade de não precisar do amor, é uma ilusão torturante. Mas existe em mim. Na tentativa de estraçalhar o pulmão para fazê-lo respirar adequadamente, eu falho. Minhas ordens não valem de nada. Quando te sinto me olhar, sinto sua paixão. Mas quando não me vê, pareço me tornar um estranho novamente. Talvez não sintamos nada. Seja desespero entalado no peito. Como o desespero de dar o corpo a um estranho suspeito. Arrombador e viral. Vital. A minha saúde já não é a mesma. Interprete com quiser, mas continuarei a morrer ao final de todas as suas frases.
Me leia de novo. Talvez assim entenda que estou pedindo que me ame certo ou deitarei sobre outros corpos, tropicando de trópico à trópico. Me ame certo. Digo isso a mim mesmo.
E este texto não é sobre corridas.
Mas estou cansado de correr.

OS HOMENS E AS MINHAS FRAGILIDADES Onde as histórias ganham vida. Descobre agora