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EU COPIAVA O CONTEÚDO de forma automática sem mesmo conseguir enxergar o caderno. Quando cheguei em casa pesquisei ao máximo sobre depressão me deparei com uma informação que dizia que a maioria dos adolescentes tinha. Eu estava definitivamente desanimado. A única palavra que Skye havia dito para mim fora um "não". Que ótimo começo Clay! Balanço a cabeça negativamente.

— Você está bem James? — a professora me perguntou então notei que a maioria dos olhares da sala estavam direcionados a mim.

— Aham... — balançei a cabeça, nem assentindo nem negando.

— Certeza? Não quer ir a enfermaria? — ela perguntou me dando uma ideia.

— É... Acho que eu vou lá. — recolhi minhas coisas e pus na mochila.

Sai apressado da sala de aula, então quando virei o corredor senti meu corpo esbarrar com alguém derrubando alguma coisa no chão.

— Descul... — não consegui terminar a frase pois havia me dado conta de quem era esse "alguém". Isso estava até parecendo história de filme.

Skye não disse nada. Apenas me ignorou e pegou seu livro no chão. Não sei se era impressão minha, mas acho que tinha visto cortes em seus pulsos. Era tão óbvio... E triste. A garota virou as costas fazendo menção de sair. Puxei seu braço de leve.

— Ei! Você está bem? — franzi o cenho.

Skye se manteve parada apenas me encarando, me causando uma sensação de desconforto. Será que ela me deixaria no vácuo?

— Se eu dissesse que estou bem, estaria te contando uma mentira. Ninguém nunca está "bem" de verdade. — ela respondeu me deixando sem palavras.

Me mantive ali, parado com cara de idiota sem saber o que responder.

— Hum... — não consegui falar nada.

— Parece que você não é de muitas palavras. — sua boca de moveu no que imagino que deveria ser um sorriso. — Gosto disso. — disse por fim, me surpreendendo.

— Obrigado — desviei o olhar para a parede. — eu acho. — disse a última frase quase que num sussurro.

Ela virou de costas e foi embora. Eu poderia me assegurar de que tinha uma interrogação bem no meio da minha testa naquele exato momento.

— Aaa! — gritei de forma contida. — Que idiota Clay!

Era incrível como eu havia pensado em mil e uma coisas para poder puxar assunto com ela e quando tive a oportunidade não saiu nada. Bati com a mão na testa em sinal de frustração. Droga!

...

Os minutos demoravam uma eternidade para poderem passar, tudo o que eu queria era ir para casa e ficar fazendo absolutamente nada. Mas o relógio não queria contribuir comigo; em relação a Josh eu sabia que ele estaria por aí, em algum lugar bem distante no horário de aula. Gostaria muito de poder fazer isso, mas infelizmente eu não tinha um carro. Não estava com paciência para ouvir um bando de adolescentes em meio às suas conversinhas animadas então me dirigi ao primeiro lugar que me veio a mente: biblioteca; por mais que eu não gostasse tanto assim de ler.

Em passos rápidos segui pelos corredores da escola, pouco me importando se eu esbarrava em alguém ou não. Seria simples: eu apenas colocaria meus fones de ouvido e ficaria sentado. Claro, se nenhuma das bibliotecárias começassem a pegar no meu pé. Com uma letra apressada assinei meu nome em um grande livro da entrada e corri os olhos em busca de algum lugar livre para sentar. Pareciam que todas as mesas estavam lotadas, exceto por uma, que por ironia do destino ou não a mesa que estava livre era a que abrigava Skye Berkeley.

Em passos lentos e hesitantes segui em sua direção. Parei logo ao seu lado.

— Eu posso me sentar aqui? — perguntei aumentando o tom de voz para que a garota pudesse me ouvir.

Ela levantou o olhar, retirou os fones de ouvido, olhou para mim e como se fosse uma coruja girou a cabeça vasculhando a biblioteca com os olhos.

— Parece que você não tem outra opção. — e então baixou os olhos para o livro novamente.

Me mantive calado e larguei a mochila em cima da mesa, meu plano de ficar sentado olhando para o nada tinha ido por água abaixo. E dessa vez por um bom motivo: Skye estava sentada ao meu lado.

— Que livro é esse? — disparei a frase de uma só vez sem sequer conseguir respirar. — Bem, se é que eu posso saber.

— A Culpa é das Estrelas.

— Você não tem muita cara de que gosta de romance. — disse e me arrependi.

— E você não tem muita cara de quem vem a biblioteca. — sua expressão era a mesma de sempre.

— Realmente, nesse ponto você está certa. — confirmei.

— Sabe qual é o problema da dor? — Skye perguntou e eu me mantive ouvindo atento. — É que ela precisa ser sentida. — então batucou com os dedos no livro, deixando óbvio que era uma frase do mesmo.




Oiii pessoas! Dois capítulos em um dia! \0/ Vamos finalizar a curiosidade de vocês logo. Finalmente uma aproximação do Clay e da Skye! Só quero ver no que isso vai dar...

Espero muito que tenham gostado! Não se esqueçam de votarem e comentarem!

See you <3

Depois da Tempestade (Concluído)Where stories live. Discover now