Cigarette Daydream pt. 1

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Os primeiros meses


— Você tem certeza que está melhor? Pra mim, parece que você só está tentando sair da cama. — Kyungsoo arqueou uma sobrancelha. Baekhyun bufou e cruzou os braços.

— Eu estou bem, merda. Capitão, eu já não te falei que não sou nem um pouco frágil? — Ele utilizou um tom zombeteiro. O mais velho massageou as têmporas.

— Baek, olha... — Usou um apelido. Era estranho ouvir seu nome sair de forma carinhosa pelos lábios do líder, mas ele apreciou aquilo. Desejou ouvi-lo mais vezes. — Eu quero que você fique melhor, está bem? Quero que você trabalhe, lute, mostre a sua força. Mas, isso não vale de nada se você cair na cama de novo. Por isso, senta essa bunda no sofá e vai descansar.

Ainda com os braços em frente ao corpo, ele riu. Com humor, dessa vez. O Do não imaginou o por quê de tal gesto e até pensou que o Byun estava caçoando de si novamente, mas não era o caso. Baekhyun riu porque, de fato, havia ficado feliz com a preocupação alheia. Parecia até Baekbeom, colocando o dedo em frente ao seu rosto e lhe gritando para ir tomar banho antes que escurecesse. Com a ideia na cabeça, ele obedeceu, mas, antes, ignorou o próprio ego sendo dizimado e disse:

— Dorme comigo. Que nem fez da primeira vez. — O capitão arqueou uma sobrancelha. — Não me olhe assim! É só que… Eu já passei tempo demais sozinho. Tenho medo de que possa terminar assim novamente. Não me deixa sozinho, Kyungsoo.

O capitão revirou os olhos. Estava indiferente em relação ao pedido do outro. Era estranho e realmente não estava acostumado com tal coisa. Sehun não era daquela forma, normalmente o mesmo apenas virava as costas ou dormia no sofá. Todavia, sentia que precisava acatar o desejo de Baekhyun.

— Tá. — Estalou a língua. — Você me dá tanta dor de cabeça, hein, Baek? — O mais baixo riu novamente e, após dar a língua para o capitão, virou as costas para o mesmo. Naquele dia, dormiu com um sorriso no rosto. 

Kyungsoo não sabia, mas era a primeira vez que o Byun dormia profundamente sem a presença de algum remédio vencido ou algo do tipo. Talvez, no fim, a doença que lhe atingiu não fora uma infecção e sim um resultado daquilo que havia causado à si mesmo. Se tivesse prestado mais atenção em Chanhyuk, se não estivesse drogado com as pílulas que achou na farmácia que ficava grudada em sua casa, iria perceber que o menino estava batendo com um brinquedo de carrinho na madeira podre de seu quarto, teria visto ela se partir, o menino se assustar com o barulho e correr para o sótão, onde ele achava ser seguro. Baekhyun havia dito aquilo: se ouvir um som assustador e alto, corra para o lugar mais alto que puder encontrar!

Ah… Se não estivesse perdido em seu próprio mundo, teria visto seu pai e sua mãe o arranharem e morderem. Quando percebeu, já era tarde demais, a pele de seu corpo pequeno quase já não existia. A culpa era sua, ele e Baekbeom não conseguiram matar os pais, então os prenderam no sótão. A criança estava tão vulnerável com as lágrimas de dor em sua face…

Era assim que os monstros faziam. Primeiro, arrancavam a superfície, a pele e o que viesse com ela. Depois, faziam esforços para morder os ossos e por aí ia, até tudo que restasse fosse o sangue derramado e, talvez, mais um dos mortos que andavam. Acabou com a dor de Chanhyuk e usou aquela arma pela primeira vez naquele dia.

Chanhyuk fora o primeiro amor que Baekhyun matou com aquela arma, mas ele não seria o último.

Baekhyun, Kyungsoo. Kyungsoo, Baekhyun.

— Ei. — Baekhyun chamou a atenção do líder. O mesmo soltou uma risada escandalosa quando o cheiro de queimado invadiu suas narinas. — Tomara que engasgue na fumaça, seu desgraçado, eu estava tentando fazer miojo, mas esse fogo cozinha muito rápido.

Cigarette Daydream [Baeksoo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora