Capítulo 2

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S/N POV

— Pretende, também, adicionar "alcoólatra" a sua ocupação, Majestade? – Lauren, minha irmã, me questionou irônica, olhando com frieza para o copo de Bourbon em minha mão.

— Relaxa, maninha. – Abro um sorriso de escárnio. – Pelo menos tem gelo. Comece a se preocupar quando eu começar a tomar puro. – Comuniquei sarcástica.

— Seu casamento é em algumas horas e, você, simplesmente, está toda largada nessa poltrona de couro, só chacoalhando o gelo no copo, como se isso não tivesse importância! – Sinto o tom de censura em sua voz. Mas ela não grita. Lauren Jauregui nunca grita.

— Bom... – Digo, levantando-se preguiçosamente, com minha expressão-padrão de escárnio em meu rosto e ando até a escura estante madeirada para pegar mais uma dose de Bourbon. – Talvez, porque, realmente não tem importância para mim. – Finalizo, colocando mais gelo no copo, encostando o quadril sobre a escura estante madeirada e me virando para encará-la.

— Droga, S/N...

— Eu não pedi por isso, Lauren. – Tomo um gole maior do uísque e deixo que o líquido queime minha garganta.

— Mas você não tem escolha! – Afirmou, com a voz um pouco áspera.

— Tem razão! – Explodi, arremessando o copo a uma curta distância de encontro a parede. – Tem se tornado difícil aguentar tudo e ainda fingir que está tudo bem! Ter que demonstrar um sentimento que não tem nada a ver com o que eu estou sentindo! Ter que aturar pessoas que não suporto nem ouvir a voz! Tudo está ficando cada vez mais difícil! Porque tiraram a porra da minha liberdade de escolha!

— E você acha que eu tenho, S/N? – Ela levanta o dedo e seus olhos se endurecem. Eu não estava mais lidando com Lauren Jauregui, minha irmã, mas sim com Lauren Jauregui, a princesa da Espanha. A princesa que Vanity Teen descreveu como impiedosa e implacável. – Essa vida só me proporcionou ressentimento, mágoas e desconfianças. Pessoas que eu confiava até de olhos fechados, hoje não confio nem com os olhos arregalados. Amigos que me faziam tão bem, hoje são os que mais me fazem mal. E a pessoa que eu mais tinha raiva, hoje é a única que me protege, me dá amor, me escuta, me aconselha e me ajuda; é estranho como as coisas são, né? Perdemos nossa liberdade de escolha a partir do momento em que nascemos nesse meio. Algumas coisas não podem ser desfeitas ou apagadas!

— Eu ainda a amo! – Afirmo para ela, mostrando para Lauren que, não importa o que venha, nada vai mudar. Nada pode mudar, o que eu ainda sinto pela minha falecida esposa.

— Quando a história começa a ter muitas vírgulas, é hora de pôr um ponto final, não acha, S/N? – Ela declara.

— Não foi o que disse da última vez? E na anterior? – Debochei, me servindo de uma nova dose de Bourbon, mas Lauren pega a bebida da minha mão. O líquido cai em sua mão e no tapete, porém, minha irmã nem parece perceber isso, porque está ocupada demais me odiando.

Fique à vontade. Eu também me odeio.

— Essa é uma chance única para recomeçar, S/N. Organize a bagunça, acalme a balbúrdia e se dê uma nova chance. Lhe fará um bem indescritível. – Lauren diz, baixinho.

— Já acabou, irmãzinha? – O sarcasmo era evidente em meu tom de voz. E pela primeira vez ela não parecia brava. Só parecia triste. – Se não veio aqui tratar de assuntos referentes a elite, eu não quero que fique, então, é melhor que você vá. – Seu rosto mostra como foi dolorido ouvir esse comentário. Parte de mim queria abraçá-la, antes dela sair, mas eu não o fiz. Apenas estaquei e fiquei ali, antes de voltar a poltrona, dessa vez com a garrafa de Bourbon em mão.

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Camila POV

Acordei com fortes batidas na porta. Sentei-me na cama, encostada na cabeceira, enquanto um bocejo escapava de meus lábios.

— Entra. – Autorizei.

Bea colocou a cabeça para dentro do quarto e sorriu para mim.

— Papa mandou eu vim te acordar. – Ela diz se aproximando das grossas cortinas, deixando a luz do sol invadir meu quarto, ao abri-las, antes de sentar-se ao meu lado e eu deitar a cabeça em seu ombro. Não nego que minha vontade era ficar dormindo o dia inteiro, só por saber o que nele me aguardava.

— Como você acha que vai ser? – Bea franziu a testa, pensando sobre a minha pergunta.

— Eu não sei, Cami. – Bea desliza sua mão de encontro a minha e começa a brincar despojadamente com meus dedos. – Mas eu estou com medo, por você. – Sussurrou.

— Eu também, Be. – Virei-me para ela. – O medo do desconhecido segue corroendo em minhas veias. – Revelei. – Mas vai dar certo.

— Não é porque papa, mama, Dinah e eu nos derretemos por você que, S/N, também vai. Ela é diferente. Não é à toa que Forbes a descreveu como a mulher pedra de gelo, porque nada a penetra, nada a racha.

— Vai dar certo, Be.

— Cami... – Olhando em seus olhos, repeti, novamente o meu mais novo mantra.

— Vai dar certo, Be. Confia em mim. – Ela me encarou por alguns segundos, antes de puxar-me para seus braços.

— Estarei apenas algumas milhas de distância. Apenas uma ligação, ou uma mensagem e eu não hesitarei em pegar o primeiro avião. – Sorri.

— Não esperava menos de você, Be. – Eu entendia o medo de Bea, porque, se fosse ao contrário, estaria implorando de todas as formas possíveis a papa para que ele mudasse de ideia, mesmo sabendo que nada adiantaria.

— Pronta, maninha? – Bea me alvoreceu um olhar reconfortante.

— Tenho que estar... – Tentei soar firme, mas saiu como um sussurro. – Né?

— Tudo bem. – Suspirou. – Eu sei que é difícil, mas uma hora isso ia acontecer. Com todas nós. Mas mesmo estando sozinha... Triste... E deprimida, não deixe de sorrir. Porque seu sorriso, é uma das coisas mais lindas que existe em você. Não deixe que nada o apague. – Concordei, fazendo-nos, por apenas um momento, sorrir de verdade.

CROWN ( Camila/You G!P )Onde as histórias ganham vida. Descobre agora