Louis olhava para o avô, pensando em como ele seria jovem.
Keith deveria ter a natureza rude e bruta, como sempre teve. Louis se lembrou que ele começou a usar bengala após o aniversário de 70 anos. Najila falava que ele não duraria muito, por isso, usava apoio.
Imaginou Keith vestido de terno e com um cigarro pendurado na boca. Rude, lindo e perfeito. Louis sorriu ao imaginar que seu avô amou um homem, como ele poderia amar.
Keith se virou. Olhou para o neto e sorriu.
— Tem certeza que você quer que eu viaje para Doncaster? — O carro do neto de Reinard, o velho amigo de botequim de Keith parou na porta, para buscar o velho.
— Só vai ser duas horas de viagem e dois dias. Tenho certeza que vai aproveitar — Louis entregou a mala — Domingo de manhã, estará de volta.
— E você, vai ficar bem, filho? — Keith deu um beijo na testa do neto.
— Claro que vou. Perrie está vindo para cá. Irá me fazer companhia.
— Então, se divirta. Nada de festas, nada de mulheres e nada de Liam correndo pelado pela minha casa enquanto grita que seu pênis é um foguete.
— Vô, ele estava bêbado. Não lembre disso.
— É bom ser lembrado, para sempre ter em mente, a vergonha que ele passou naquele dia. Ainda me pergunto porque ninguém tirou algum retrato.
— Vô... Vai logo.
— Está bem — O velho pegou a maleta pequena — Tente não morrer em minha ausência.
— Idem — Ele abriu a porta e viu o velho andando lentamente até o carro.
Era sexta-feira. Keith havia recebido um telegrama de Reinard, pedindo uma visita, antes que o amigo parta de vez para longe, devido á um câncer que lhe cometeu. Com desejos de voltar á Doncaster e Louis, querendo uns dias de descanso, os dois acordaram que iriam ser apenas dois dias de viagem, e que Keith se comportaria bem.
Os discos de Edith Piaf estavam encostados na parede, perto da vitrola. Louis não resistiu e foi vistoriar a estante, enquanto via o carro partir em rumo a auto estrada. Keith deveria dormir nos primeiros minutos de viagem.
Ele encontrou um disco de Boris Vian, onde suspirou baixinho. Não era seu tipo de música, mas viria á calhar. Ligou a vitrola e colocou o disco.
Le Deserteur começou a tocar na voz grossa e francesa daquele cantor, quando Louis encostou-se no sofá e com um cigarro aceso entre os lábios, olhou a foto de Rita Edwards e a foto de seu avô. Mas ao mesmo tempo que ele olhava as fotos, ele pensava em Harry.
O jovem rapaz, neto do homem que seu avô enamorou quando jovem, estava lhe encantando de uma maneira tão intensa que nem ele sabia explicar. Harry era curioso, engraçado e até mesmo, cavalheiro. Niall e Liam não gostaram muito da aproximação, mas de nada poderiam falar.
Niall estava afundado na busca em encontrar seu admirador secreto de quase duas semanas atrás, e Liam tentava falhadamente, conquistar o coração de Zayn.
O disco arranhado fez presente na cabeça de Louis e ele acabou dormindo. No seu sonho, ele era rodopiado por Harry, que o amparava entre os braços. Usavam ternos da década de 50, em um salão rodeado de pessoas, e de vozes com sotaques diversos. Harry o amparava com as mãos fortes, enquanto eles dançavam sem temor e sem alguma timidez. As bocas de ambos estavam se encostando lentamente, em um beijo doce e calmo, enquanto a voz de Boris entoava tácita e envolvente.
Antes que a língua de Harry introduzisse na boca de Louis em seus sonhos, ele foi acordado pelo sino da campainha. Ele, caindo do sofá, jogou a bituca no vaso de plantas e bocejou.
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Alabama Song ➳ Larry version
FanfictionNa década de 50, na idade do ouro no cinema e Elvis reinava na terra da música, o jazz ainda tocava nas ruas de Paris, Frederick Styles tomava conhaque no Le Trous, e Keith Tomlinson era um aspirante à escritor que amava a vida. O caminho dos dois f...