Capítulo Nove.

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Louis olhava para o avô, pensando em como ele seria jovem.

Keith deveria ter a natureza rude e bruta, como sempre teve. Louis se lembrou que ele começou a usar bengala após o aniversário de 70 anos. Najila falava que ele não duraria muito, por isso, usava apoio.

Imaginou Keith vestido de terno e com um cigarro pendurado na boca. Rude, lindo e perfeito. Louis sorriu ao imaginar que seu avô amou um homem, como ele poderia amar.

Keith se virou. Olhou para o neto e sorriu.

— Tem certeza que você quer que eu viaje para Doncaster? — O carro do neto de Reinard, o velho amigo de botequim de Keith parou na porta, para buscar o velho. 

— Só vai ser duas horas de viagem e dois dias. Tenho certeza que vai aproveitar — Louis entregou a mala — Domingo de manhã, estará de volta.

— E você, vai ficar bem, filho? — Keith deu um beijo na testa do neto.

— Claro que vou. Perrie está vindo para cá. Irá me fazer companhia.

— Então, se divirta. Nada de festas, nada de mulheres e nada de Liam correndo pelado pela minha casa enquanto grita que seu pênis é um foguete.

— Vô, ele estava bêbado. Não lembre disso.

— É bom ser lembrado, para sempre ter em mente, a vergonha que ele passou naquele dia. Ainda me pergunto porque ninguém tirou algum retrato.

— Vô... Vai logo.

— Está bem — O velho pegou a maleta pequena — Tente não morrer em minha ausência.

— Idem — Ele abriu a porta e viu o velho andando lentamente até o carro. 

Era sexta-feira. Keith havia recebido um telegrama de Reinard, pedindo uma visita, antes que o amigo parta de vez para longe, devido á um câncer que lhe cometeu. Com desejos de voltar á Doncaster e Louis, querendo uns dias de descanso, os dois acordaram que iriam ser apenas dois dias de viagem, e que Keith se comportaria bem. 

Os discos de Edith Piaf estavam encostados na parede, perto da vitrola. Louis não resistiu e foi vistoriar a estante, enquanto via o carro partir em rumo a auto estrada. Keith deveria dormir nos primeiros minutos de viagem.

Ele encontrou um disco de Boris Vian, onde suspirou baixinho. Não era seu tipo de música, mas viria á calhar. Ligou a vitrola e colocou o disco.

Le Deserteur começou a tocar na voz grossa e francesa daquele cantor, quando Louis encostou-se no sofá e com um cigarro aceso entre os lábios, olhou a foto de Rita Edwards e a foto de seu avô. Mas ao mesmo tempo que ele olhava as fotos, ele pensava em Harry.

O jovem rapaz, neto do homem que seu avô enamorou quando jovem, estava lhe encantando de uma maneira tão intensa que nem ele sabia explicar. Harry era curioso, engraçado e até mesmo, cavalheiro. Niall e Liam não gostaram muito da aproximação, mas de nada poderiam falar. 

Niall estava afundado na busca em encontrar seu admirador secreto de quase duas semanas atrás, e Liam tentava falhadamente, conquistar o coração de Zayn.

O disco arranhado fez presente na cabeça de Louis e ele acabou dormindo. No seu sonho, ele era rodopiado por Harry, que o amparava entre os braços. Usavam ternos da década de 50, em um salão rodeado de pessoas, e de vozes com sotaques diversos. Harry o amparava com as mãos fortes, enquanto eles dançavam sem temor e sem alguma timidez. As bocas de ambos estavam se encostando lentamente, em um beijo doce e calmo, enquanto a voz de Boris entoava tácita e envolvente.

Antes que a língua de Harry introduzisse na boca de Louis em seus sonhos, ele foi acordado pelo sino da campainha. Ele, caindo do sofá, jogou a bituca no vaso de plantas e bocejou.

Alabama Song ➳ Larry versionOnde histórias criam vida. Descubra agora