capítulo dezesseis

925 69 1
                                    

após um mês desde hero e eu nos reconciliarmos e sobrevivermos a uma crise horrível em nosso relacionamento instável, era o primeiro dia dele no tribunal. eu não poderia testemunhar em nada, nem iria ser ouvida, mesmo que eu soubesse de tudo, de todas as moças inocentes. droga. aquilo ainda me abalava, eu tentava ignorar porque estar com ele fazia maravilhas na minha vida. hero sempre seria um assassino e eu sabia bem disso, mas pelo menos comigo era diferente. ou era o que eu achava, o que hero me prometeu, o que vem cumprindo há dois anos. eu o amava e até nosso cachorro sabia, mas não podia defender seus crimes, nunca. ele me fazia voar em nuvens brilhantes, como se eu fosse uma adolescente de filme romântico, mas eu não conseguiria dormir a noite se o defendesse.
depois de longas horas naquele tribunal do inferno, eu não tive cabeça para ficar com hero enquanto ele conversava com sua nova advogada, que era até um pouco velha para estar exercendo sua profissão mas ela parecia boa no que fazia. assim que hero entrou no carro onde eu o esperava, o ar que entrou pela porta aberta me atingiu e me fez respirar novamente, porque desde aquela noite, eu me sentia sufocada. deus, como eu queria hero fora daquela merda toda. eu passaria por tudo aquilo no lugar dele, sem pensar.

– eu odeio estar aqui. odeio que você esteja aqui. – desabafei em voz baixa, passando as mãos por meu cabelo, enquanto queria mesmo era arrancá-los. eu não lidava bem com a raiva, geralmente eu acabava quebrando coisas e hero me acalmava mas nem sempre ele estava por perto nesses surtos. o que me assustava era que eu estaria sozinha quando eu caísse dessa vez, ninguém me salvaria nem me seguraria enquanto eu estava gritando e chorando histericamente.

– linda, não precisa mais aparecer aqui. eu estou lidando com isso, você não precisa fazer isso. fique em casa com o cachorro ou com aquele seu amigo, eu não ligo, desde que esteja segura e não se estressando num lugar desse. – hero tinha razão, eu deveria ficar em casa e deixar que ele lidasse com seu problema mas eu não seria a namorada dele se não estivesse ao seu lado.

– ela disse que as provas são uma jogada da promotoria, porque a polícia não tem nenhum arquivo com o meu nome. então, por enquanto, sem audiências. eles estavam tentando me fazer confessar. – pedi que ele me contasse sobre sua conversa com a advogada enquanto nós estávamos voltando para casa. meu coração parecia querer sair do peito ou talvez explodir, eu não sabia bem mas com certeza era a ansiedade me desestabilizando. eu precisava colocar aquilo para fora, o que estava me incomodando tanto mas não queria. não, eu preferia queimar minha língua mil vezes ao dizer o que eu estava guardando.

[...]

  o calendário marcava dia 13. o calendário que eu riscava todos os dias, mantendo-o atualizado para que eu não me perdesse com compromissos e reuniões no trabalho. hero não estava em casa, mas era normal porque ele saía com ted em alguns sábados, pela manhã; eles se tornaram amigos depois da nossa crise momentânea, saíam para jogar sabe deus o que mas voltavam felizes e era o que importava. eu e nosso pequeno cachorro, nomeado de alex por causa de grey's anatomy, fizemos de tudo na casa, até mesmo limpamos a piscina, quer dizer, eu limpei e ele mordeu e carregou as toalhas pela grama. eu havia gostado da série ridícula que katherine via, depois que ela e eu nos afastamos, era minha lembrança mais viva dela. eu sentia saudades, com certeza mas eu não havia errado da última vez e ela escolheu ficar longe, então era hora de seguir minha vida e não depender emocionalmente dela para cada coisa insignificante que acontecesse.

– acha que seu papai vai trazer comida? eu mataria por um hambúrguer. não mataria você porque é o amor da minha vida, mas mataria seu papai se ele não me trouxesse algo para comer. – o filhote em crescimento apenas me olhava, sentado no chão diante dos meus pés e as vezes virava a cabeça como se não estivesse entendendo. eu amava aquele cachorro, ele me fazia rir sem dizer uma palavra.

quando o episódio de grey's anatomy começou, minha preocupação com hero cresceu. ele sempre chegava antes do começo e nós assistíamos com alguma comida bem gordurosa. alex olhava para a televisão quando o personagem com seu nome era chamado, e isso sempre nos fazia rir mas não parecia engraçado sem hero no sofá comigo. no momento que me levantei para buscar meu celular, o telefone fixo da cozinha tocou, me fazendo dar um pulo. eu não estava esperando, o único som era o da televisão e agora o maldito telefone quase me fez cair no chão. eu atendi, esperando que fosse algo sobre a reunião que eu estava esperando ser agendada, então peguei meu caderno de recados e o manti em mãos enquanto esperava pela voz de algum conhecido da empresa.
não era ninguém que eu conhecia. era a voz que eu desejei nunca ter escutado na minha vida, mas escutei em alto e bom som. quando me dei conta de que estava a tempo demais sem dizer nada, meu caderno estava no chão com as folhas espalhadas, e meu corpo estava paralisado novamente. eu agradeci totalmente no automático pela ligação e tive que puxar uma cadeira para não cair de joelhos sob as folhas escritas que estavam por toda parte. deus, não podia ser real.

༺༻

oi, oi, bolinhos. eu sei que deixei vocês esperando mas tive uns problemas e não estava conseguindo escrever. não prometo mais atualizações diárias mas elas ocorreram pelo menos três ou quatro vezes por semana. nada estabelecido ainda, ok? conto com vocês com os votos e comentários, adoro todos que estão comigo até agora. beijo, amores. – iza.

Every breath you take | Herophine ∞Onde as histórias ganham vida. Descobre agora