No dia seguinte, ainda pela manhã, ela sentou-se sozinha em sua sala particular enquanto tomava chá; acordara a pouco e sem se importar em vestir-se adequadamente, desceu a fim de ler o que haviam escrito sobre o incidente.
“Dizem nossas seguras fontes, que lady Caroline de Calston cometeu atentado contra a vida de outra jovem senhorita ontem à noite na ópera. Influência da amaldiçoada peça Macbeth ou o instinto assassino espreitava no âmago da jovem sem o conhecimento de todos?”
Caroline atirou o jornal no sofá exasperada. Claro que aquilo poderia ser consertado, afinal fora um acidente; mesmo assim não sabia como Albert reagiria aquilo.
Albert.
Como pôde ser tão cega durante todo esse tempo?Se houvesse admitido para si mesma antes, se não tivesse se recusado a enxergar o que estava ali, diante de seus olhos o tempo todo as coisas seriam diferentes.
Ela estava apaixonada por seu melhor amigo e percebera isso tardiamente.
O beijo fora o responsável por finalmente abrir aquela comporta de sentimentos adormecidos e ocultos por uma camada de sólida amizade.Desejo, sentira aquilo nos braços dele e se assustara, mas estar com ele era tão...certo.
Nenhum desconhecido chegaria e roubaria seu coração, nada de novidades e de homens vindos de terras longínquas que a fariam se apaixonar, mas mesmo assim uma grata surpresa.Afinal, estava apaixonada e não sabia nem mesmo mensurar a quanto tempo isso ocorrera sem que se desse conta.
Ele sempre estivera ali, ocupando todo o espaço do seu coração sem jamais se manifestar.
Mas o ciúme fora a luz que ela precisara para finalmente enxergar a verdade. Chegara ao ponto de quase causar um acidente terrível por ciúmes do homem, antes de finalmente reconhecer o que sentia por ele.
E por demorar tanto para compreender seus próprios sentimentos, estava perdendo-o.
Enquanto Caroline devaneava sobre seus sentimentos, ouviu uma leva batida na porta; estava tão imersa em suas próprias divagações que se sobressaltou ao ouvir que o mordomo a chamava.
— Lady Caroline? Lorde Albert está aqui para vê-la.
Bom, em algum momento teria que enfrentá-lo.
— Deixe-o entrar, por favor.
Instantes depois, Albert entrou na sala e ela sentiu que seu corpo inteiro se acendia; aquilo sim era algo de novo dentro de tudo que era tão harmônico na relação deles.
A vontade de ter os braços fortes dele a envolvendo. Não fora assim que ele descrevera o amor?
— Boa tarde, Albert.
Ele a olhou por um longo tempo, antes de dizer alguma coisa.
— Carol, não estou nada contente com o modo como tem se comportado, você não é assim, por Deus!
— Não acredito que pense que eu tentei atirar lady Mariene de cima do camarote, você estava lá, viu que foi um acidente.
Albert ainda estava muito sério.
— Claro que sei que não queria lhe causar mal, mas criou uma discussão com a moça por nenhum motivo, a provocou ao extremo e quando a pobre lhe pediu desculpas a destratou. Honestamente não sei o que deu em você para agir dessa maneira.
— Albert, não pode ser tão inocente assim, a menina é dissimulada e fica se atirando em cima de você, primeiro lorde Bernard e agora você também.
Ele suspirou irritado.
— Não Caroline, ela não faz isso. A garota é tão tímida que mal fala comigo, tenta puxar assunto com você sempre que a vê. E seu querido noivo é quem fica andando atrás dela, a cortejando.
— Mas e você?
— Eu o que?
— Ela está seduzindo você. Sua mãe me disse que pretende se casar com ela!
Albert gargalhou.
— Seduzindo? Lady Mariene tem seus encantos, mas não seduziria alguém nem que estivesse nua no serpentine. Ela não é assim, Carol. É apenas vergonhosa e você não gosta da pobre por ciúmes daquele imprestável do Langford.
Caroline começou a se recordar das vezes que encontrara a moça. Tudo poderia se tratar apenas de um mal-entendido? Nada explicava realmente a resistência que ela criara a moça, a não ser que realmente sentisse ciúmes, não de lorde Bernard, claro.
— Mas ela não quer se casar com você?
— Claro que quer. E por que isso faz dela alguém abominável? Talvez você nunca tenha notado, mas eu sou um excelente partido, Carol.
— Sim, você é mesmo. Vai se casar com ela?
— Ainda não tenho certeza, acredito que acabe me decidindo por isso.
— Eu não vou me casar com o conde Bernard.
Albert ficou quieto por um tempo, nada era ouvido na sala além das respirações rasas dos dois.
— Por que não? — perguntou finalmente.
— Por muitos motivos, um deles é que ele não é quem eu pensava, mas o principal é porque não o amo. Você tinha razão.
Ele assentiu.
— Que bom que descobriu por si mesma.
Caroline concordou. Era diferente o estranhamento entre eles, o silêncio.
— Você a ama? Lady Mariene?
Ele deu de ombros apenas.
— Isso não me importa.
— Já a beijou?
Albert apenas balançou a cabeça negando e Caroline sorriu.
— Não pode se casar sem saber se ela faz seu coração disparar, se quando sente sua presença é como se o ambiente todo se acendesse e ela fosse a luz. Se quando a olha e não pode tocá-la, beijá-la... se isso é um martírio.
A expressão no rosto dele demonstrava que reconhecia suas próprias palavras saindo dos lábios dela.
Caroline se aproximou lentamente, o penhoar desnudando o ombro e deixando entrever a pele alva por baixo dele.
Parou a poucos centímetros dele, o admirando. Tão lindo. Seu coração estava acelerado, mas ele era o único homem no mundo que não a julgaria por qualquer de suas atitudes para com ele.
— Precisa ter com o que comparar, Albert...
Ficando nas pontas dos pés, Caroline passou as duas mãos em volta da nuca dele e aproximou sua boca dos lábios de Albert; a respiração dele irregular.
— O que está fazendo?
— Beijando você.
E então ela o fez. Unindo sua boca a dele, Caroline iniciou um beijo que transmitia tudo aquilo que ela sentia, tentando demonstrar através do gesto o quanto o queria para si.
Apesar do choque inicial, Albert logo se recuperou a abraçou com ardor, aprofundando o beijo.
Suas mãos a apertaram contra si e Caroline soube que todo seu desejo era recíproco, que seus sentimentos eram correspondidos.
Após algum tempo, perdidos um nos braços do outro; eles finalmente se separaram.
— O que exatamente isso significa para você, Carol?
— No mínimo que não vai se casar com outra mulher.
Albert sorriu.
— Não abriria meu coração para outra pessoa, a menos que não houvesse opção. Enquanto você estiver aqui, ao meu lado, tudo que sinto e tudo que sou pertence a ti. Amo tudo em você, seu temperamento impulsivo, sua paixão, a bondade e sagacidade, amo o brilho nos seus olhos quando tem algum plano em mente.
Caroline percebeu que uma lágrima escorria por sua face.
— Eu também o amo, Albert. Amo que seja meu par e que apoie minhas ideias malucas, que torne cada momento especial; amo seu sorriso e seu coração e sim, eu aceito me casar com você.
Albert sorriu fascinado, aquela era a mulher da sua vida e aquele momento era o que havia esperado por toda sua existência.
— Mas eu não a pedi em casamento, Carol.
Ela ergueu a sobrancelha, claramente o desafiando a contrariá-la.
— Esmeraldas. Quero um anel de esmeraldas.
Em um único impulso, ele a pegou no colo e a carregou para a poltrona enquanto Caroline sorria deliciada.
— Tudo o que você quiser, para sempre.
E Albert cumpriu sua promessa; por todos os anos que tiveram, foram felizes; um amor tão fácil e certo quanto respirar. Almas gêmeas.**
Bom, meu amores, espero que tenham gostado...
É um conto curtinho apenas para dar um gostinho do romance entre esses dois que são um exemplo para todos os jovens casais na sociedade londrina.
Albert é um príncipe e Caroline é maravilhosa!
O romance entre eles demorou anos para acontecer, mas quando enfim assumiram seus sentimentos, tudo foi fácil como respirar, afinal foram decididamente feitos um para o outro.
Desejo apenas que possam todas viver um amor assim, puro, intenso e ... certo.
Beijinhos com sabor de palavras😘
ESTÁ A LER
O Melhor Amigo da Lady
RomancePOSTAGENS DIAS 04 e 05/05 * MESMO CONTO DA AMAZON A tempestuosa lady Caroline, que conquistou a todos em O Ogro e a Louca, ganhou um conto onde sua própria história de amor é narrada. Decidi trazer o conto para que tenham a oportunidade de conhecer...