Capítulo 106

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Quando chego ao meu carro, não choro como achei que ia chorar. Apenas me sento e olho pela janela. A neve se prende no pára-brisas, me cobrindo dentro do espaço do meu carro. Não acredito que o Harry chegou enquanto eu estava lá, eu esperava não ver ele. No entanto ajudou, não na dor, mas na situação em geral. Ao menos agora posso tentar seguir em frente deste tempo desastroso da minha vida. Quero acreditar nele e que ele me ama, mas entrei nesta situação por acreditar nele. Ele pode estar agindo desta forma porque sabe que não tem mais controle sobre mim. Mesmo que ele me ame, o que é que isso ia mudar? Não ia apagar tudo o que ele fez, não ia apagar as piadas, a terrível conversa sobre tudo o que fizemos ou as mentiras.

Eu queria poder pagar o apartamento, eu ficaria lá e faria o Harry sair. Não quero voltar para os dormitórios e ter uma nova colega de quarto, não quero um chuveiro de comunidade. A mulher que veio ver o apartamento vai adorá-lo, e estou feliz por ela. Tento dizer a mim mesma. Ela olhou para mim como se eu estivesse maluca quando passei por ela no corredor, mas não me importo. Eu sei que o Harry não pode fazer qualquer decisão oficial sobre o apartamento sem a minha permissão, porque o meu nome está no contrato, mas não tenho escolha senão concordar com o que ele decidir. Não posso viver lá à minha custa e mais certamente, não posso viver lá com o Harry. Porque ele teve que estragar tudo? Podíamos estar agora dentro do apartamento, deitados no sofá ou nos beijando no quarto. Mas em vez disso, estou no meu carro sozinha, e sem lugar para onde ir.

Fico feliz porque o Harry não me seguiu, mas me sinto um pouco culpada por dizer que o Noah estava comigo, eu sei que magoou ele, mesmo que ele não me ame da forma que diz. Ao menos magoa o ego dele.

Quando finalmente ligo o meu carro, as minhas mãos estão congeladas. Não podia ser uma mendiga no verão? Me sinto como a Catherine outra vez, apenas não a minha usual Catherine do Wuthering Heights. Desta vez, a Catherine do Northanger Abbey é quem eu estou relacionada, chocada e forçada a fazer uma longa viagem sozinha. Concedido, não vou fazer uma viagem de setenta milhas, mas ainda assim, sinto a dor dela. Não consigo decidir quem o Harry é desta vez. Por um lado, ele é como o Henry, inteligente e gracioso com um conhecimento de romances tão bom como o meu. No entanto, o Henry é muito mais amável que o Harry, e é ai que o Harry é mais como o John, arrogante e rude.

Quando dirijo para a cidade, sem lugar para ir, percebo que as palavras do Harry tiveram um maior impacto em mim do que aquilo que eu queria admitir. Ele me pedindo para ficar quase pôs os pedaços juntos, apenas para quebra-los novamente. Tenho certeza que ele só queria que eu ficasse para provar que conseguia. O meu telefone não tocou desde que saí de lá à quinze minutos e não consigo decidir como me sinto sobre isso.

Me encontro a um quarteirão de Vance, são apenas cinco da tarde. Não quero tirar vantagem do Liam para lhe pedir para ficar na casa do Ken novamente. Eu sei que ele não ia se importar, mas não é justo colocar a familia do Harry no meio disto, e honestamente, aquela casa tem muitas memórias. Não ia aguentar. Passo por uma rua cheia de hotéis e entro em um dos hotéis que parece melhor e paro o meu carro. Nunca fiquei em um hotel antes, mas não tenho outra opção agora.

Encontro o sinal piscando vermelho que diz "escritório" e corro para dentro. O homem baixo atrás do balcão parece amigável o suficiente quando sorri para mim e pede a minha carteira de motorista. Arrumar um quarto de hotel é muito mais fácil do que eu pensei que fosse ser, um pouco caro, mas não quero ficar em um hotel barato e arriscar a minha segurança. Ele me dá um cartão-chave e sorri.

"Vá pela calçada e vire à esquerda." ele diz. Estou feliz que este hotel tem os quartos no exterior, assim posso ir e vir em paz.

Agradeço-lhe e volto para o frio. Movo o meu carro para o lugar perto do meu quarto para não ter que carregar as minhas malas. É nisto que me tornei por causa dele, estou ficando em um hotel, sozinha com os meus pertences arrumados em malas. Estava muito frenética à pouco para sequer as dobrar, por isso nem quero imaginar como é que as minhas roupas estão agora. Pego nas minhas malas e tranco o meu carro, o meu carro é uma coisa velha comparado com o BMW parado ao lado. Assim que penso que o meu dia não podia ficar pior, perco o aperto em uma das minhas malas e deixo-a cair na calçada com neve. As minhas roupas e alguns livros caem da mala. Estou com medo de ver quais são os livros, acho que não aguento que as minhas propriedades favoritas sejam arruinadas comigo, não hoje.

AFTER 2 (Tradução Português/BR)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora