Capítulo 54 (Dia 11)

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Fronteira | 15 ºC
Contagem regressiva: 8 dias

— Parece abandonada também — Lucas constata quando paramos em frente à prisão.

Ocultos na lateral de uma grande fábrica, observo hipnotizada a lâmpada do poste que parece seguir um ritual: acende, cintila e apaga. Tudo isso em apenas alguns segundos e então o ciclo recomeça.

Sinto a arma dentro do meu casaco e um arrepio percorre o meu corpo desviando a minha atenção.

— Mesmo assim vamos ter que entrar — Nathan sussurra para o alívio do Kyle que já parecia desanimado.

Os dois pegam as armas e Lucas atravessa a rua depois de se certificar de que era seguro. Vejo-o saltar o muro baixo que envolve a prisão.

Nathan segura na minha mão e me leva com ele. Ignoro a dor na perna quando a forço para subir no muro, ela já não está insuportável.

Kyle vem a seguir quando Lucas faz sinal para ele.

Sentamos de costa para o muro e conseguimos ver melhor o lugar. Parece estar completamente em ruínas, mas uma luz no centro chama a nossa atenção.

— Vamos entrar? — Kyle pergunta baixinho, mas consigo sentir a impaciência na voz dele.

Respiro devagar para fazer o coração desacelerar.

Lucas abre a mochila e me dá uma garrafa de água. Tomo um pouco, o que faz com que me sinta melhor.

— Nós vamos, você fica — Nathan responde. — Se notar qualquer coisa estranha, precisa encontrar uma forma de nos avisar.

— Vocês vão me deixar sozinho aqui sem uma arma? — Kyle pergunta incrédulo.

Abro o meu casaco e dou a arma que carrego para ele.

Lucas e Nathan apenas me observam contrariar a ordem deles mais uma vez, mas não posso deixar Kyle sozinho sem ter como se defender.

— Só use em último caso — Nathan o adverte.

— Pode deixar, qualquer coisa eu grito — Kyle fala sério, mas, diante da nossa cara de reprovação, ele pede desculpa e se afasta para um dos cantos com sombra, onde se esconde.

Corremos para a lateral e caminhamos envolvidos pela sombra. Pouco depois, estamos dentro do edifício.

Nathan e Lucas estão ambos segurando uma lanterna com a mão esquerda e na direita está a arma preparada para atirar. Estou no meio deles e não tenho dúvida de que os dois estão conseguindo ouvir meus batimentos acelerados.

Mas meu coração para quando ouço um barulho.

Automaticamente Lucas foca o lugar de onde o barulho veio e vejo dois olhos pequeninos nos encarando. Suspiro aliviada quando percebo que é só um rato e ele foge assim que nota a nossa presença.

Chegamos a uma grade que separa essas duas partes do prédio. Lucas e Nathan tentam encontrar alguma passagem e observo que parte do teto já não existe e as paredes daquele lado estão bastante deterioradas. Mas a luz que víamos do lado de fora está cada vez mais perto.

— Por aqui — Lucas nos chama. Ele me dá a lanterna e guarda a arma, Nathan faz o mesmo.

Os dois juntos tiram a corrente que impede a porta de abrir e a colocam no chão com cuidado, o que não evita que ela faça barulho. Pela expressão deles, ela parece pesada.

Sinto o medo enfraquecer as minhas pernas, mas não podemos desistir. Mesmo que o lugar está vazio, aquela luz parece indicar o contrário.

— Lucas — Nathan chama a atenção dele e ao mesmo tempo me impede de continuar andando. — Tem alguém aqui — ele diz. Olho para onde estão olhando, mas não vejo nada.

A Resistência | Contra o Tempo (Livro 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora