ONZE- LETAL

40 11 140
                                    

C A R L O S

Carlos havia acabado de abrir o e-mail no computador da secretária. Ele estava olhando para a parede num tom pastel quando a mulher usando um salto alto e um terninho vermelho entrou na sala com um copo de café descartável.

– Você conseguiu verificar a mensagem? – Perguntou ela e o clone respondeu com um gesto afirmativo com a cabeça. Carlos percebeu o olhar da secretária em seu pescoço. Ele então colocou a mão no pingente de pedra que usava naquela manhã. – Gostei do colar, é uma pedra muito bonita.

– Obrigado – respondeu Carlos sorrindo. Ele fechou a página que tinha seu e-mail aberto. – Sandra, eu preciso falar com o Zacarias...

Sandra pegou o telefone e após digitar o ramal de Zacarias esperou por alguns segundos até ele atender.

– Senhor Zacarias – disse ela – Carlos precisa falar com o senhor... – ela olhou para Carlos e mordeu o lábio inferior discretamente – certo, eu aviso. – Depois de desligar o telefone, a secretária disse sorrindo. – Pode entrar.

Carlos levantou de onde estava e se dirigiu até a porta grande de madeira que correu para a direita, revelando a sala de Zacarias. Dois dias haviam se passado desde a descoberta de Carlos, mas ele ainda não havia confrontado Zacarias, não sem um novo plano e agora que ele tinha um, havia chegado a hora de executá-lo.

Carlos, assim que entrou na sala, encontrou o homem na frente de uma enorme estante repleta de livros. A sala era pequena, mas extremamente iluminada, graças as enormes janelas do lado direito da sala e na parede oposta estava inúmeros diplomas pendurados, exibindo-se.

– Sente-se – disse Zacarias apontando para uma das cadeiras estofadas em frente a escrivaninha. Carlos sentou em frente ao homem e o encarou. – Achei que você viria antes.

Carlos ficou meio minuto encarando Zacarias sem falar absolutamente nada. Foi então que, depois de um suspiro de derrota, ele começou a falar.

– Você nunca pensou em uma cura, não é? – Perguntou o clone. – Você só queria dar continuidade a um projeto ridículo, como esse.

Zacarias o encarou seriamente, uma ruga se formou em sua testa.

– Ridículo? – Perguntou ele. – Como clonagem em humanos pode ser algo ridículo? – Carlos não respondeu. – É brilhante, nossas descobertas podem mudar o mundo!

Carlos continuou o encarando.

– Um projeto brilhante repleto de falhas – disse o clone. – Do mesmo jeito que haverá falhas em qualquer outro projeto sem noção que você vai tentar executar. Pare de brincar de cientista maluco com complexo de Deus e deixe a humanidade seguir com seu curso natural.

Zacarias deu risada.

– Olha para onde o curso natural nos trouxe – disse ele. – É hora de reconstruir o mundo meu jovem, e se você for inteligente o suficiente vai ficar do meu lado nessa história, do lado vitorioso.

Carlos pareceu pensativo.

– Do que você está falando agora? – Perguntou ele.

Zacarias o avaliou por alguns segundos. Carlos sentiu a pele queimar com o frio que fazia ali graças ao ar condicionado ligado no último.

– Há muitos anos nasceu uma criança do Projeto DNA com uma habilidade incrível, inacreditável – disse o homem. – Nada ao redor dela consegue sobreviver, seu sangue é letal – Carlos prestava atenção em cada palavra de Zacarias. – Nós fizemos teste com o sangue, pessoas foram contaminadas por ele e todas morreram, aparentemente sem causa alguma.

Malditos Cromossomos (Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora