NOTAS SOBRE VIRMÍRIA I

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Nas quais Antares discorre — resumidamente, não se preocupem! — sobre os pontos mais significantes da obra e também sobre algumas perguntas e dúvidas frequentes. O capítulo de Notas permanecerá no fim do livro e servirá de suporte aos que se interessarem genuinamente no que foi até agora elaborado e escrito e tiverem a curiosidade do mundo além dos Reinos da Noite — e até mesmo do continente de Era!


I - É PRECISO DIZER, primeiramente, que VIRMÍRIA é uma obra em construção, e que, por isso, os capítulos não são publicados de forma contínua, como se espera — e como eu mesmo esperava sê-lo! A verdade é que esvazio-me constantemente de inspiração, ou seja, de força de escrita, e torno-me um homem com um balde vazio, de modo que é preciso galgar as montanhas mais altas, até os picos nevados, onde a água mais pura e límpida encontra-se congelada; deve-se então aquecê-la e estocá-la de forma segura contra os monstros que habitam o caminho da descida — criaturas tão depressivas e exaustas quanto inábeis, incapazes de produzir a sua própria água; têm sede, esses monstros, e impedir que bebam da minha água — que suguem a minha potencial força de escrita — é difícil, pois o caminho é tortuoso e não há ajuda. 

De forma um pouco mais literal, podem perguntar-me: E como você faz isso — como faz com que a força flua em si? Vivendo, é a resposta mais clara, pois a vida é em si mesma o galgar montanhas, e todos os caminhos levam aos picos nevados! Uns caminhos são mais curtos, e outros, mais longos — bem mais longos! —, mas invariavelmente todos passam por um pico, de forma que de uma página esmaecida, de um tratado alquímico, da letra de uma música ou da união entre a Lua e Júpiter, vê-se surgir um gigantesco paredão de gelo cinzento, do qual só se consegue extrair um balde — a quintessência caótica e disforme!  —  de tudo aquilo e então trabalhar nela conscientemente até transmutá-la na dita força de escrita, que é toda a parte da inspiração que nos impele a escrever, letra após letra, um trecho, um capítulo ou mais, até que esvaziemos o balde e precisemos viver mais um pouco. 

É claro que se pode viver escrevendo, mas isso requer um nível de concentração e imersão tão magnífico que temeria serpes antes de dormir, ou mataria eu mesmo um vizinho, tomando-o por um haxen maldito; quem sabe não veria nagas a nadar pela Baía de Guanabara no meu trajeto quase diário?! Ah, não, ainda não estou louco!

Há também os desafios técnicos: como falar de algo que, apesar de muito me interessar, não domino completamente? Enquanto escrevo essas Notas, encontro-me, a fim de ilustração, parado no capítulo XVIII — A PRIMEIRA FLECHA —, sem força de escrita nem propriedade técnica para continuar; a saber, pretendo abordar mais profundamente a Liga Verde e como funciona a Alquimia em Era, e como fazê-lo sem repertório suficientemente aceitável nessa arte? O que faço nos últimos dias é debruçar-me sobre livros (ou PDFs, os livros do século XXI!) que falam sobre o assunto, e aí também encontro grandes doses de inspiração, pois, como disse, todos os caminhos levam aos picos congelados! Desta forma, ler o que tenho lido rende-me não somente linguagem técnica e conhecimento sobre a Alquimia, mas também uma enxurrada de novas histórias e crônicas que aparecerão um dia ou outro, já que — e aqui lembro que foi assim que eu abri as Notas VIRMÍRIA é uma obra em construção.


II - O QUE É VIRMÍRIA, AFINAL? Essa é a maior dúvida! Muito falo sobre Era, Era, Era, mas uma ou duas vezes falei de Virmíria, por exemplo nas vezes em que relato o salão de um magíer, onde um grande modelo é exposto num pedestal no centro do aposento: isso é Virmíria, um mundo anelar, cada uma das suas quatro extremidades circulada por um sol. O resultado disso é que existem quatro áreas ensolaradas, onde grandes continentes emergiram dos oceanos, e quatro umbrais, regiões sombrias onde o sol não toca e a noite é eterna. O continente de Era aparece numa das áreas ensolaradas; não é o único de sua área, mas, de qualquer forma, pouco se sabe dos outros continentes, arquipélagos e ilhas que abundam lá onde o sol bate.

VIRMÍRIA I {REVISÃO}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora