Suspiro alto saindo do chuveiro, controlo minhas lágrimas. Rye está me esperando.

– Vamos? – Ele diz, oferecendo sua mão para mim. Eu recuso. Eu soube que ele viu que tinha algo errado comigo no momento em que ele franziu as sobrancelhas, confuso. Eu não falei nada, apenas coloquei minha mochila nas costas e desci as escadas. Rye coçou a garganta incomodado atrás de mim e desceu também.

– Bom dia meninos. – Nossa mãe falou, colocando os pratos em cima da mesa.

Eu não respondi, apenas sorri para ela. Eu tinha dias assim, eles já estavam acostumados. Às vezes, os meus sentimentos tomavam conta de mim e eu mal podia os controlar. Hoje era um desses dias.

– Bom dia, mamãe. – Rye falou, atrás de mim. Eu nunca deixaria ninguém saber que aquilo de alguma forma havia doído. Eu senti ânsia de vômito. – Brook e Liv ainda não acordaram?

Eu me sentei na mesa, longe dele. Rye apenas me olhou discretamente e depois voltou seu olhar para a nossa mãe. Minha mãe.

– Ainda não. – Ela respondeu, olhando dele para mim. – Já os chamei, daqui a pouco eles descem.

Eu comecei a comer, em silêncio. Não queria falar com ninguém. Eu sentia aquela vontade imensa de ir até o banheiro e fazer alguns cortes nos meus pulsos. Eu estava tentando parar com isso, Brook me implorou para parar e eu estava tentando. Apenas Brook sabia sobre isso, eu agradecia que ele não tenha contado a ninguém. Agora, toda vez que eu estou triste acabo descontando nas pessoas a minha volta, principalmente Rye, eu tinha noção disso. Mas eu não podia aliviar a dor com meus cortes então isso era tudo que eu tinha.

– Você está bem Andy? – Mamãe perguntou, me olhando cuidadosamente. Eu suspirei baixo. Não, eu não estou bem. Eu me sinto um lixo, eu odeio tudo sobre mim, como eu poderia ficar bem?

– Estou sim. – Respondi. – Eu apenas fui dormir tarde demais ontem e ainda estou com sono.

Mamãe concordou com a cabeça, não parecendo convencida. Rye me encarava firmemente. Senti minhas bochechas corarem e virei o rosto. Céus, eu odiava isso. Quase comecei a chorar mas me acabei me distraindo com Brook, Liv e Robert descendo as escadas. Suspirei baixo.

– Bom dia. – Disse Liv. Não respondi.

– Bom dia. – Robert falou também. Não respondi.

– Oi. – Brook falou ao sentar do meu lado na mesa, dessa vez eu sorri, sorri de verdade. Ah Brooky você é o único que me faz tão bem.

– Oi Brooky – Falei. Ele sorriu para mim e eu me senti aliviado, me senti um pouco mais livre. Sorri de volta para ele, claramente alegre. Rye coçou sua garganta parecendo desconfortável. Eu o olhei e ele desviou os olhos.

– Eu vou indo para a escola. – Ele disse, levantando rapidamente da mesa. Eu o olhei confuso.

– Não vai me esperar para me dar carona? – Perguntei confuso. Ele me olhou, mas não nos olhos.

– Vá com Brook. – Ele disse por fim e saiu da mesa.

Brook me olhou.

– Está tudo bem? – Ele sussurrou.

– Claro. – Disse sorrindo para ele. Não estava, mas iria ficar.

Depois de ficar em silêncio novamente para o meu café e chamei Brook para irmos. Ele concordou e chamou Liv.

De todos os meus irmãos, o que eu era mais próximo era Brook. Ele era o único da família que não era meu parente de verdade. Ele era adotado. Liv era a minha única irmã tanto por pai quanto por mãe. Rye era meu meio irmão, ele não era filho de Robert e só de Mary mas mesmo assim era tão doloroso saber que eu as vezes me sinto atraído pelo meu irmão. Quando eu penso em estar com alguém, beijar alguém, Rye sempre é a primeira pessoa a vir na minha mente. Isso é horrível, me sinto sujo com esses pensamentos. Rye nunca me perdoaria se soubesse disso.

Após chegar no colégio eu me afasto de Brook e espero as aulas começarem sentado na grama verde, atrás de uma árvore. Eu ouço passos e viro para trás calmamente. Era Rye. Ele me olhava com cuidado, como se ele não soubesse o que dizer. Eu queria correr e abraça-lo mas eu não fiz nada disso. Eu fiquei parado na grama esperando que ele falasse algo. Ele suspirou alto e sentou-se ao meu lado.

– Nós precisamos conversar. – Ele disse. Eu senti minhas mãos tremerem.

* * *

Mary Fowler estava com os braços em cima da mesa, se apoiando enquanto respirava fundo. Robert ainda estava sentado, tomando seu café calmamente.

– Você viu, não viu? – Ele perguntou baixo, olhando a mulher que odiava aceitar a verdade. – Mary você não tem como dizer que não viu...

– Eu vi. – Ela confessou. – Talvez eles estejam apaixonados mas não sabemos Robert... eu não posso arriscar perder Rye...

– Você nunca vai perder ele, Mary. – Robert disse suavemente. – Não importa se é de sangue ou não, Rye é seu filho. Você é a mãe dele, você criou ele, cuidou dele. Mas se ele e Andy estão...

– Eu sei! – Ela interrompeu. – Mas eu tenho tanto medo... não sei se consigo contar a verdade a ele.

– Você tem que contar, Mary. – Robert disse, levantando da mesa. – Ou se não você vai perder Andy. Ele está se fechando, você consegue imaginar o que ele deve estar pensando de si mesmo agora?

– Eu preciso de tempo Robert! – Ela gritou. – Por favor...

– Tudo bem. – Ele disse, saindo. – Mas se você não contar eu vou.


* * *

Quem deveria estar escrevendo happier mas ta adaptando outra fanfic minha pra randy? Eu mesma! Essa fic é uma das minhas mais famosas, espero que vocês gostem dela 💕💕🌈🌈

Obs: hoje são 2 capítulos!

If they Only Knew (Randy version)Onde histórias criam vida. Descubra agora