|09| Deseje o Diabo: Devon

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A Terceira Memória:

Devon

Aos poucos, os moldei ao meu gosto.

Dei-me um novo nome:

— Mal dia, senhor Devon! — uma gárgula-mordomo gritou de longe ao me ver entrando no Salão de café-da-manhã.

Um novo cargo:

— Aqui está o relatório assombroso do número de humanos que caíram no Inferno apenas hoje, senhor — Rubel apareceu ao meu lado, oferecendo-me sua prancheta cheia de garranchos e desenhos horrorosos de gárgulas com a cabeça decepada, porém sorridentes.

— Magnífico, Rubel — sorri levemente, observando-o se afastar orgulhoso de seu trabalho maldito.

Um título:

— Como deseja que o exército de almas penadas seja torturado hoje, senhor Comandante de Almas? — Morfus perguntou assim que me viu, estava terminando de tomar seu mingau de dedos de Dragão.

— Leve-os para as gaiolas de fogo — ordenei, observando com deleite seu concordar submisso.

Com o tempo, Morfus havia se moldado em meu lacaio perfeito.

E, por fim, moldei meu amor:

— Mal dia, meu amaldiçoado! — Jungkook abriu os braços em minha direção, levantando-se de sua cadeira na ponta da mesa.

— Mal dia, meu Lúcifer! — quase corri para abraçá-lo, enfiando meu rosto em seu pescoço para sentir seu cheiro gostoso.

Senti suas mãos descendo da base de minhas costas para minha bunda e sorri, mordendo o lóbulo de sua orelha com desejo.

Ele me puxou para mais perto e sussurrou contra meu ouvido:

— Saiu cedo do quarto para criar coisas em sua sala secreta, foi?

Soltei um suspiro descontente, concordando.

— Sim, mas nada relevante.

Ultimamente, estava passando tempo demais em uma sala que havia obrigado Jungkook a obrigar seus súditos a construir. Nela, havia colocado todas as coisas necessárias para brincar de criar coisas. Era minha nova paixão, algo que talvez tivesse surgido de meu profundo desejo por ser algo ou alguém. Todavia, como já era alguém, nada me impedia de criar outros alguéns. Era meu vício.

— Qual seu novo objeto de estudo? — perguntou baixinho, oferecendo-me a cadeira ao seu lado.

Espelhos — respondi sem ânimo. —, mas não está dando muito certo até agora.

Roubar a memória de todos os demônios do Inferno não havia sido fácil. Depois de meu julgamento e minha sentença, tive de passar anos, séculos, preso à correntes, sem o convívio com nenhuma alma sequer para dizer-me se eu estava ou não ficando louco. Quando paguei minha sentença, já não sabia nem o que era e o que fazia, só sabia que meu corpo era ossos e sangue viscoso.

Conseguir tornar-me Devon, o Comandante das Almas, o Rei do Inferno, não havia sido fácil.

Primeiro, tive que me livrar de Yoongi.

ANTES DO ROUBO

— Você não cansa de ser tratado assim por ele, não é? — Morfus perguntou enraivecido.

Estávamos na cozinha infernal, eu era apenas um servente e ele estava me acompanhando em meu serviço. Depois de pagar minha sentença de ficar em confinamento por séculos, fui transformado em um garçom à serviço da Corte Infernal por tempo indeterminado, o que significava que eu deveria servir a todos sem pestanejar.

Nas Mãos do Diabo [1] O MaestroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora