t r i n t a

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Adrian

A casa estava agitada, mais movimentada que o normal. Flores sendo colocadas em todos os cantos possíveis, mesas sendo arrumadas impecavelmente no jardim de trás, e luzes por toda a sua extensão para clarear o lugar. Alguns garçons do buffet passavam apressados com bandejas em mãos. Estava tudo um caos para os últimos preparativos do jantar especial. Eu já estava arrumado com um smoking preto e gravata fina na mesma cor. Estava me sentindo preso demais nessas roupas, mas era necessário para a ocasião formal.

E eu estava nervoso.

Não pelo jantar, mas sim por Chloe poder vir ou não. Ela não responde as minhas mensagens nem atende o celular. Liguei para Zoe, mas ela disse que não sabia de nada. Na volta do lugar onde levei Chloe, ela disse que iria falar com os pais hoje mesmo, e eu não poderia estar mais ansioso. E esse é o motivo por eu estar olhando de 5 em 5 segundos para a porta principal, esperando que ela passe e que assim, acalme o meu coração.

Eu não desistiria dela. Nunca. Em hipótese alguma. Se ela não aparecer, eu largo toda essa comemoração idiota e vou atrás dela e falar com os seus pais. Eu cheguei à uma conclusão que não conseguia mais me ver sem ela, e Chloe era importante demais pra mim.

Minha atenção se volta para a porta assim que a mesma é aberta pelo meu pai, mas minha expectativa é quebrada assim que Julia passa pela porta acompanhada de dois garotos aparentemente da minha idade. Constato que são seus filhos e reviro minimamente os olhos. Pego o meu celular no bolso e verifico se Chloe respondeu minha mensagem, só para ver que ela ainda não visualizou. Vejo de canto de olho eles se aproximarem de mim, e então a voz do meu pai me chamando.

— Adrian, venha cumprimentar Julia e os garotos. - percebo que há um brilho nos olhos azuis do meu pai que há muito tempo eu não via. Ele estava feliz hoje. E a gentileza na sua voz, dirigida a mim, me causa um leve incômodo, por ser apenas aqui que ele age assim, como se fosse realmente carinhoso todos os dias.

Com um sorriso forçado, me aproximo dos quatro e dou um leve abraço em Julia, que tem uma fragrância tão doce que me enjoa. Quando chego na frente do primeiro garoto, aperto a sua mão.

— Adrian. - cumprimento.

— Nicholas. - percebo imediatamente que ele é tímido e seus olhos castanhos são um pouco arregalados demais.

Me aproximo do outro, e faço o mesmo gesto.

— Prazer, irmãozinho. Thomáz. - assim que aperto sua mão, percebo que ele faz um pouco mais de força do que a etiqueta permite. Olho nos seus olhos, e encontro desafio. Ele masca um chiclete de menta e assim que recolhe a mão, as enfia nos bolsos frontais da calça jeans. Ele é totalmente diferente do irmão, que usa o paletó com calça social. Já Thomáz, veste calça jeans preta, e uma camisa social branca, apenas. Seu ar revoltado faz eu me identificar com ele, de imediato, mas seus olhos duros que não deixam os meus me passam brutalidade, e o sorriso debochado, apenas complementa minhas impressões sobre ele.

— Bom, estão todos apresentados, podem indo para a mesa que vou receber mais alguns convidados com Julia. - meu pai não espera uma resposta e logo oferece o braço para a mulher, e os dois caminham em direção a porta para receber mais convidados que não param de chegar.

Ignoro o comando do meu pai e sigo para um canto do jardim. Ligo mais uma vez para Chloe, e como de praxe, ela não atende.

— Ligando pra namorada? - viro o rosto na direção da voz assim que ela chega até mim. Thomáz está com um copo de bebida em cor âmbar e toma um gole enquanto anda na minha direção com uma mão em um bolso.

— O que você quer?

— Nada, vim em paz. - ele sorri debochado e ergue as mãos tendo uma com o copo. - Você parece nervoso, cara. Relaxa. Provavelmente ela deve estar colocando um par de chifres em você nesse momento.

ENTRELINHASOnde as histórias ganham vida. Descobre agora