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"Alicia, Cho-hee e Jaehyun estavam reunidos no refeitório do hospital, tentando decidir a escala de quem ficaria com Dahyun. Estavam tentando fazer de acordo com as escalas de trabalho, mas sabiam que nem sempre daria certo por conta das divergências futuras.

- Vamos fazer assim. - Cho-hee começou a digitar algo em seu celular, e logo depois Jaehyun e Alicia foram notificados. - A letra D com um ponto significa que ela está bem. Com dois, significa que ela precisa de ajuda ou está com dor. Com três, significa que o estado dela não está estável.

Jae e Alicia assentaram, mas perceberam que havia mais dois tópicos para serem explicados.

- Mas e o nome dela todo com um e sem ponto? - questionou Jaehyun.

Cho-hee ficou cabisbaixa de repente, batucando em sua coxa.

- Com ponto vai significar uma cirurgia de emergência e perigosa. - disse fazendo uma pausa, suspirando. - Sem ponto, significa que nós a perdemos."

Isso não pode estar acontecendo, não agora. Era a única coisa que Alicia conseguia pensar enquanto corria feito louca até a sala de operação, sendo acompanhada por uma enfermeira que ela não conhecia, que tentava explicar o que tinha acontecido e impedir a médica de invadir a cirurgia.

- Dra. Lewis, você não pode entrar. - tentou dizer novamente quando ela já estava lavando as mãos e pondo uma máscara e as luvas. Mais uma tentativa falha. - Doutora! - disse um pouco mais alto, segurando o braço de Alicia.

- Eu vou entrar. - Alicia se soltou. - E você não vai me impedir.

E ela foi. Percebeu que tinha sido a primeira a chegar, já que nem Cho-hee nem Jaehyun estavam ali. Ouviu murmúrios dos enfermeiros e ouviu a doutora Song chamar seu nome inúmeras vezes, mas não se importou. Precisava ver Dahyun.

- Você não pode invadir miha cirurgia dessa forma. - A Song disse, alterando seu tom doce de sempre. - Saia já.

Alicia nunca tinha feito a linha obediente, e não mudaria naquele momento. Se aproximou do rosto de Dahyun, inconsciente, e pediu para que ela ficasse forte e que tudo daria certo. Mas não soou convincente nem mesmo para ela.

- Doutora Lewis, você sequer está vestida decentemente. - a outra cirurgiã observou apontando para o vestido brilhoso e os saltos altos que Alicia vestia. - Não pode ficar.

- Eu vou te ajudar. - respondeu firmemente. - Só me ajuda a te ajudar.

Vendo que Alicia não sairia tão fácil dali, Song Mo Yeon desistiu de tentar. Começou a dar instruções para Alicia, que estava completamente focada. Ao redor, o silêncio era mortal, mas essencial. Ninguém ousaria dizer nada naquele momento tão delicado.

- O que aconteceu? - Alicia perguntou depois de algum tempo. - Me lembro de você dizer que ela estava reagindo bem ao tratamento.

Mo Yeon levantou olhar para Alicia, que não tinha tirado os olhos do corpo aberto de Dahyun.

- Relamente havia uma melhora nos exames. - proferiu. - Mas ela perdeu o filho por conta da metástase, e o trayamento era agressivo para o organismo já cansado dela.

- Pare de falar no passado. - Alicia implorou. - Ela ainda está aqui.

Alicia nem tinha terminado de dizer isso quando a máquina que controlava os batimentos cardíacos de Dahyun apitou, indicando que o coração dela tinha parado.

- Ela está tendo um ataque cardíaco. - o enfermeiro que monitorava disse.

Imediatamente, Alicia iniciou o procedimento com o desfibrilador, uma, duas, três vezes. Quando o coração de Dahyun não voltou, ela deu início a uma massagem cardíaca. Mo Yeon instruiu que medicamentos fossem injetados, e esperou que os batimentos voltassem, mas Alicia insistiu que cuidaria do coração e que era para ela voltar para sua cirurgia.

Minutos já tinham ido embora, mas Alicia continuava tentando fazer a Kim voltar a vida. Todos já tinham se afastado da mesa, e ela gritava para que eles voltassem, mas ninguém a ouvia. Não adiantaria, Kim Dahyun estava morta.

- Hora da mort- Mo Yeon ia dizendo, mas Alicia gritou a impedindo.

- Ela não está morta ainda. - disse em meio às lágrimas.

Suas mãos estavam doendo, parecia que tinha carregado sacos de areia nas costas o dia todo, mas não iria desistir.

- Alicia... - Mo Yeon depositou delicadamente sua mão nas mãos dela, sobre o corpo de Dahyun. - Eu sinto muito.

Alicia parou, abaixou a cabeça e chorou. Ali mesmo, sobre o corpo ainda aberto de Dahyun. Não podia acreditar que a menina sorridente de dois dias atrás estava agora morta. Ela estava abaixada, sendo amparada por Mo Yeon enquanto os enfermeiros fechavam o corpo da Kim para a levar ao necrotério do hospital.

A Lewis estava mais calma quando Mo Yeon a ajudou a sair dali. Ela ainda tinha que falar com a mãe de Dahyun. Por sorte, ou ironia do destino, encontrou com Jaehyun e Cho-hee, que tinham chegado juntos ao hospital. Os dois olhar em ansiosos para Alicia, que tinha seus roupas e braços sujos de sangue, mas pelo rosto da menina eles entenderam.

Cho-hee precisou ser amparada por Jaehyun, caso contrário teria ido direto para o chão. Alicia já tinha se acalmado, mas ainda sentia seu peito arder como se estivesse em chamas. Não sentia dor assim desde a morte de sua avó. E o dia anterior.

- Tira ela daqui. - pediu a Jaehyun, se referindo à Cho-hee. - Eu vou ver a senhora Kim.

Ele concordou, dando um abraço nela. Alicia nunca conseguiu chegar até a senhora Kim, não tinha coragem de encará-la, e ficou apenas observando o sofrimento da mãe de sua amiga de longe. Não ajudaria em nada, talvez só iria fazê-la sofrer ainda mais. Deixou que Mo Yeon a acalentasse, a abraçando e afagando suas costas.

Os funcionários do hospital sabiam o que tinha acontecido, então apenas passavam por ela e a deixavam ali, chorando encostada em uma parede gélida. Os olhares dos outros pacientes não a incomodava, mas foi um motivo a mais para fazê-la sair dali.

Sua visão estava completamente borrada, sua maquiagem com certeza já tinha virado fantasia de Halloween. Tinha começado a chover de novo, e ela aproveitou os pingos frios para se lavar. Sentou em um banco, o mesmo onde tinha brigado com Chanyeol meses atrás, e deixou que a chuva levasse o sangue de Dahyun que estava nela.

- Alicia.

A voz doce de Chanyeol a fez abrir os olhos, e com dificuldades, o viu caminhando até ela. Foi como se vê-lo tivesse despertado nela, uma vontade ainda maior de chorar, já que se jogou nos braços dele e chorou tudo o que tinha prendido até aquele momento.

- Me leva pra casa. - ela suplicou rouca. - Por favor.

Ele mandou uma mensagem para Madison, que apesar de não ter aparecido, também tinha ido até o hospital, pedindo para que ela falasse com Cho-hee e dizendo que estava levando Alicia para a casa dele.

Ajudou Alicia a entrar no carro e seguiu seu caminho, segurando a mão dela durante todo o percurso.

- Ele me disse que sou um erro. - Alicia disse desconexa, focando seu olhar nos pingos de água que desciam a janela do carro.

Mas Chanyeol ao precisava de explicações para saber de quem ela estava falando. Sentiu a raiva crescer em seu peito, mas não fez nada além de soltar um suspiro e proferir inúmeros palavrões mentalmente.

Quando chegaram, tirou as roupas dela, mas não tinha nada de sexy ou de quente naquele gesto, apenas carinho e compreensão. A ajudou a se secar e vestiu uma camisa dele, a deitando na cama em seguida.

Trocou as próprias roupas em tempo recorde, não queria deixar Alicia sozinha na cama por muito tempo, e se deitou com ela.

- Pode chorar o quanto quiser. - disse calmamente. - Vou estar aqui o tempo todo.

A imagem de Alicia com o rosto inchado, olhos e nariz vermelhos não era nada comparada a imagem de ela sorrindo lindamente para ele. Mas Chanyeol sabia que tudo o que ela precisava era chorar, por para fora toda a dor que estava sentindo. E foi o que ela fez, pelo menos até seu corpo esgotar quaisquer fontes de energia que pudesse ter, e apagar.

Diamond 》Park Chanyeol 《 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora