– Jackie! – minha mãe diz com os olhos escuros brilhantes – Pensei que não iria conseguir conversar com você hoje!

– Olá, pequena Jackie, – meu pai surge por trás, arrumando os cabelos grisalhos e analisando o meu quarto atrás de mim com seus olhos ávidos – não é à toa que é filha da sua mãe, pequena Jackie, o seu quarto está sempre bagunçado, como o dela.

– Oi para você também, pai! – reprendo com uma risada que é inevitável – Como estão por ai?

– Um pouco complicado... – minha mãe diz um pouco desanimada – Ontem pela manhã atacaram a cidade em que estávamos, tivemos que escapar daqui e por isso não conseguirmos ligar.

– Vocês estão bem? – digo extremamente preocupada – Alguém se machucou?

– Estamos bem, querida, não se preocupe – minha mãe diz comovida com as minhas preocupação exageradas – e você? Como está? Está indo tudo bem na escola?

– E as notas? – meu pai brinca e finalmente deixa de arrumar o quarto para se sentar ao lado da minha mãe para podermos conversar – A bagunça puxou da sua mãe, mas as notas altas eu sei muito bem que veio do seu pai.

– David, pelo amor de Deus! – minha mãe dá um empurrão de leve no ombro do meu pai.

– Deixa eu me orgulhar da minha filha, eu quero ter alguma participação disso, Maggie! – meu pai diz e volta a me encarar – Como anda as coisas por ai, pequena Jackie? Sua mãe e eu ouvimos falar que está pegando os primeiros lugares de todas as competições da cidade.

– A genética não falha, – minha mãe sorri orgulhosa – não espero nada menos que um primeiro lugar.

Rapidamente digo a eles sobre a competição que eu tinha ganhado na escola, pergunto como eles estão saindo com o trabalho voluntário com as crianças carentes e foragidos de guerra, eles descrevem animadamente tudo que estão fazendo numa região próxima do Oriente Médio. Conversamos sobre as amenidades, até chegarmos no assunto do meu namoro.

Tudo bem superficialmente.

– Quando vamos conhecer o famoso Tyler? – meu pai indaga fingindo ciúme – É preciso deixar bem claro que não é qualquer um que pode se envolver com a minha filha.

– Ignore seu pai, querida, ele só quer mostrar que tem colhões. – minha mãe revira os olhos e meu pai tenta se defender dela.

– Sobre isso, eu queria perguntar a vocês qual dia, ou qual a previsão, para virem me visitar! – digo empolgada ao relembrar que eles estariam em Millstown em fevereiro – Eu estava planejando fazer alguma coisa para o aniversário da vó Gwen, convidar Tyler, mas queria fazer quando vocês chegassem. E não se preocupem, pode ser bem antes ou bem depois do aniversário, que não há problema.

Meu coração está prestes a sair pela boca e o motivo é ver os sorrisos dos meus pais diminuírem lentamente após eu falar sobre uma possível festa assim que chegassem. Eu sei o que aquele semblante de decepção significava.

Eles não iriam vir.

– Então querida... – minha mãe umedece os lábios e coloca os fios atrás da orelha – tivemos um imprevisto na nossa programação, vamos ter que...

Eu não consigo escutar absolutamente nada do que minha mãe e meu pai falam. Sei que estão explicando o motivo de não poderem vir, com justificativas plausíveis e compreensivas. Quando terminam de falar, após eu absorver tudo o que disseram, eu dou o meu melhor sorriso, digo para eles que eu entendo como é, que irei espera-los para a próxima visita, que será em agosto, no próximo ano. Eu seria paciente e esperaria alguns meses por eles, pelos meus pais.

Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]Where stories live. Discover now