Capítulo 10 - Os Três Anciões.

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*Nathaniel narrando*

Um bilhete apareceu perto da porta do meu quarto e para a minha surpresa era um recado do meu irmão. Ele pedia para se encontrar comigo no jardim do refeitório. De inicio fiquei hesitante, poderia ser apenas uma pegadinha dele, mas no fim eu resolvi ir ao seu encontro.

Peguei a primeira blusa de frio que encontrei no meu guarda roupa e fui ao seu encontro. Como tudo estava agitado por conta da aparição do Dragor, os professores pareciam não ligar muito mais para as regras de não andar livremente pelo castelo as nove horas da noite. Nossas aulas eram focadas mais nos treinamentos de controle para a nossa alto defesa.

Cada dia ficava mais claro que estávamos em guerra.

Cheguei no refeitório e fui em direção ao jardim, e então em um banco não muito distante, eu o vi sentado enquanto segurava uma garrafa plastica com água. Ele tinha uma expressão serena que me fez sentir estranho, seus cabelos estavam bagunçados como se estivesse saído de um banho recente. E a toalha de rosto que cobria sua nuca confirmava isso.

Em silêncio, eu me aproximei e me sentei ao seu lado. Por mais que eramos irmãos, ficar perto dele sem que estivesse brigando com ele era estranho, nós não tínhamos mais aquela conexão amigável de quando eramos crianças.

- Bom, estou aqui... o que quer?

- Não vai nem me dar um "Boa noite, irmãozinho" ou apenas um "Olá" antes? - disse ele ao tirar a tolha de sua nuca e jogar em minha direção. - Ou até se desculpar por ser tão malvado comigo.

Joguei aquela toalha molhada de volta e o respondi - Por acaso você se importa se eu digo algo assim ou não? Posso sentir seu sarcasmo de longe.

- Não, eu realmente não me importo, que bom que você ainda me conhece.

- Eu não sei mais se eu o conheço, Castiel... - me ergo do banco e dou as costas para ele. - Se for para arrumar briga comigo, eu já estou de saída.

- Eu me encontrei com a mamãe, Nath... 

Senti um incomodo subir pela minha espinha e voltei a olhar em sua direção - Você fez o que?

- Foi isso mesmo o que você ouviu, eu fui vê-la... Ela estava... irreconhecível. E não parava de chorar ao me ver. Ela disse se sentia arrependida por tudo que ela fez e...

- Pare! Eu não quero ouvir nada vindo dela, como... como você acabou indo parar lá? Como você conseguiu encara-la?

- Ela não parava de mandar cartas, então eu acabei indo vê-la. Apesar de tudo, ela é nossa mãe, Nath. As vezes as pessoas se arrependem do que fazem.

- Eu não acredito no que estou ouvindo... Você se esqueceu de tudo o que ele fez conosco? Do que ela fez com a nossa irmã? Agora depois de anos ela diz que se arrepende? Você acreditou nela?

- Você não estava lá, você não presenciou o estado em que ela estava... Era deprimente. Nossa mãe era doente, por isso ela fez o que fez... Mas isso não quer dizer que eu a perdoei.

- "Por isso ela fez o que fez..." Você diz isso porque não foi você o mais afetado, não era você que era agredido frequentemente... - Subi meu short e mostrei minha cicatriz. - Não foi você que foi queimado por um cigarro enquanto ela sorria ao me ver agonizando de dor...

- Claro... esqueci que você era o coitadinho, o filho que sugou toda a atenção para si... - Ele se ergueu e continuou. - Sugou tanto que fez seu irmão ficar invisível.

Ri com escarnio e continuei - Você sempre diz as mesmas coisas, eu o apaguei, eu tirei tudo e por isso você vai tirar tudo que é meu também. É como eu disse, Castiel... Você nunca vai entender o que eu passei, pois enquanto eu sofria... você se escondia dentro de si. Você... é igual ao monstro que nos pós neste mundo. Pois, se você tivesse um pingo de decência, você nunca mais olharia "aquela coisa" de novo nos olhos. Ela sabia muito bem o estava fazendo quando ela pegou aquela faca... 

Castelo Minori - O Lado Sombrio.Where stories live. Discover now