Chou Tzuyu; prólogo

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Chou Tzuyu.

Ela era boa.

Ela era boa em tudo que fazia.

Era boa nas matérias de escola, principalmente história e matemática. Era boa com tudo que envolvia arte, ou seja, dançava, cantava, desenhava, pintava, compunha, escrevia e criava, tudo isso excepcionalmente bem.

Era uma ótima filha também. Era respeitosa e nunca recebeu sequer um olhar decepcionado de seus pais. Além de tudo, era uma ótima irmã. Era educada, carinhosa e companheira, entre outras várias qualidades que a descreviam.

Ganhou a última Olimpíadas de Matemática. Dormia cedo. Acordava cedo. Alimentava-se corretamente e duas vezes por semana corria pelo quarteirão e fazia exercícios.

É, Chou Tzuyu era boa em quase tudo que fazia.

Ela era tão boa, mas tão boa, que quando era ruim algo, era péssima. Ela era boa em ser péssima também. E tem uma coisa em particular que ela é mestre em ser péssima.

Se relacionar.

Tzuyu desde pequena nunca soube se relacionar. Era um poço de timidez, vergonha e introversão. Falar com os professores era uma luta, com os alunos então... nem pensar. Ela sempre entra muda e sai calada.

Mais uma coisa que ela era boa. Ser invisível. Tzuyu tem a capacidade de não ser notada. Tanto que quando morava em Taiwan, os alunos de sua antiga sala só foram perceber que ela estudava com eles durante três anos quando foi obrigada a fazer um trabalho e seu nome foi falado.

Mudou-se para Seul por conta do emprego de seu pai, ele trabalhava no ramo tecnológico. No começo foi difícil devido ao idioma, mas conseguiu aprender rápido. Sua irmã também conseguiu aprender rápido, e como Tzuyu, era igualmente calada. O problema deveria ser seus pais, fizeram duas filhas mudas.

Mas para Tzuyu, ser invisível não era um problema. O verdadeiro problema era outro. Achava que veio com um enorme defeito ao mundo. Algo que só de pensar, seus olhos enchem de lágrimas e sua boca seca.

Era lésbica.

Não sabe ao certo quando descobriu que não gostava de garotos e sim de garotas. Apenas que isso foi e sempre será a maior decepção de sua vida.

Em uma cultura rigorosa e preconceituosa como a da Coreia, assumir homossexualidade era assumir um futuro infeliz. Ou seja, ou ela escolhia esconder isso para sempre, ter um bom emprego e uma boa casa. Ou se assumia e viveria um futuro horrível, com agressões, humilhações e tudo mais de ruim.

Era esse seu maior pecado.

Seu maior defeito.

Seu maior segredo.

Sua maior vergonha.

Estudava no segundo ano do ensino médio, mesmo ainda tendo apenas 15 anos. A inteligência sem igual permitiu que fosse adiantada algumas séries. Em sua turma havia uma garota em específica. A causa de suas torturas diárias.

Minatozaki Sana era o nome da demônia.

Repetente, para provar que era totalmente oposto de si.

Mas, (in)felizmente, Tzuyu era invisível para Sana também.

E, infelizmente, Sana era presente em todos os seus sonhos e pensamentos. Seu maior pecado.

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