Capítulo 4 - Tina

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Dá pra acreditar nisso? Depois de toda humilhação que me fez passar não é que magnata gostoso me ofereceu um emprego! No final das contas acho que ele não é tão ruim quanto eu pensei, me pareceu mais amargo, infeliz com a propria vida e por algum motivo descontou tudo em mim, notei isso depois que retornei a sua sala, nessa segunda vez foi delicado, gentil, nem parecia a mesma pessoa... O importante é que estou feliz, pois apesar dos contratempos estou saindo com a ajuda pra ONG garantida e um emprego melhor nas mãos. Tudo o que quero agora é aproveitar o resto da minha folga, que meus irmãos estão na escola e ir pra casa e pegar um solzinho na laje junto com a Jô, amanhã resolvo tudo sobre a minha demissão no hotel e Adeus seu Jurandir.

- Encha o baldinho no chuveiro, traga o blond, a água oxigenada e a amônia Jô, está tudo no murinho da cozinha, ainda estou enchendo a pscina de plástico! Aaah traga os sacolés também! Estão dentro do congelador é so colocar no esopor que está em cima da geladeira. - gritei bem alto da laje pra Jô, que estava colocando o biquini na parte de baixo da casa.

- Tá amiga! mas vou fazer duas viagens, ainda tenho que subir com as caixinhas de som pra gente curtir aquele pagodinho e um funk, enquanto se descolore e se refresca - gritou de volta.

Ao som de um pagodinho e depois de passar o blond e a água oxigenada pra descolorir os pelinhos, comecei a contar sobre o meu curioso dia pra Jô, contei desde a minha supresa pelo tamanho da empresa, a minha contratação, passando é claro sobre o jeito rude que o Leonel me tratou no inicio.

- Que boa notícia Tina! Mas ollha, mesmo assim eu teria metido a mão na cara dele! Que homem folgado, nem te conhece e fala essas coisas...esses bacanas, são todos iguais! Ainda bem que pelo que você me disse, ele é um gato! - sorriu

- É sim - suspirei - E bota gato nisso.... gostooooosoo! Tem olhos azuis e tudo.... - suspirei de novo sonhadora.

- Ih já vi tudo! Já tá caidinha... cuidado amiga... mundos diferentes, não se esqueça disso. - alerta.

- Eii tá loca? não to caidinha nada! E também tem outra, eu sei que ele nunca, nunquinha da Silva olharia pra mim, eu sou só uma favelada... Ele mesmo me disse. - dei de ombros

- Amham sei ... - Jô revirou os olhos - Não diga isso! Ele disse porque é um idiota! Você é a melhor pessoa do mundo pra mim e ser da periferia não é defeito, você sabe disso. - disse me repreendendo.

- Para de me fazer chorar e vamos dançar! Adoro essa musica do Naldo - comecei a dançar cantando o refrão de Na Veia e a Jô veio junto.

"É você, quem me encanta a a

Outra vez, nossa dança a a

Por prazer, cê morde o gelo pra me excitar.. a a

Te envolver, na balada a a

Teu suor, minha Tara a a

te quero... Se liga você não vai escapar."

Passei a tarde assim, feliz e relaxando na companhia da minha melhor amiga. A noite dei uma passada na ONG e contei a novidade pro coordenador que pulou de alegria quando soube do apoio dos Benevenutti, falei também sobre o meu mais novo emprego fazendo-o me olhar desconfiado no primeiro momento mas sorrindo logo depois, Gil só me pediu pra não me esquecer da Educa e por fim desejou boa sorte, imagina se eu tenho capacidade de me esquecer daquelas crianças... Mas é nunca!

Na porta de casa percebo uma estranha movimentação, sei que o meu irmão não está em casa, ele está na casa da dinda, ela anda meio doente e o Jhon como a ama de paixão, resolveu fazer companhia já que infelizmente é como se a pobre morasse sozinha... Cá pra nós, o neto ou o genro são quem deveria assumir este papel mas são uns emprestáveis, então cuidamos nós, os que a amam de verdade. Assim que abro a porta me deparo com uma Whitney montada em cima de um rapaz, só não estavam nas vias de fato porque percebi que ainda estavam vestidos, que pouca vergonha, será que ela não repeita a propria casa?!

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