13. Feliz Ano Novo

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O avermelhado do Sol — queimava meu sono — ardia em meus olhos. Estiquei-me na cama e abri meus olhos. Levantei-me — a Anna ainda estava dormindo — escovei os dentes, tomei um banho, arrumei meu cabelo, vesti um jeans — como sempre — e uma camiseta — não estava tão frio — e desci até a cozinha.
A Simone já estava acordada.
— Bom dia! — Indaguei alegre.
— Bom dia! — Respondeu ela. — Sente e tome seu café da manhã.
— Obrigada! — Agradeci. — Os outros ainda não acordaram?
— Eles nunca acordam cedo, quando estão aqui. — Contou.
Sentei-me e tomei um — saboroso — café da manhã, com um bolo e chá.
Depois do café, voltei para o quarto. Arrumei a cama — sem fazer barulho — peguei meu notebook e me sentei na cama; abri meu e-mail, pensei que haveria alguma mensagem para mim, mas não havia nada.
Eu não podia negar — era inevitável — que eu sentia saudades dos meus amigos. Mas eu não estava arrependida de ter me afastado de todos e de tudo, para conquistar meus sonhos. Aliás, se eu não tivesse feito essa escolha, eu nunca teria conhecido o Bill. Isso mudou tudo, ele mudou tudo.
Fechei o notebook.
Não tinha muito que se fazer, então, peguei um óculos escuro — não sei o porquê — e um casaco. E sai para caminhar.
Eu tentei andar só pela rua principal, assim eu não me perderia. Não haviam muitas pessoas pela rua — talvez, sempre fosse assim... diferente de NY — era tudo mais calmo. As casas tinham uma beleza própria, eram diferentes, a cultura era diferente.
O tempo estava bem aberto. O Sol iluminava as ruas, mesmo assim estava frio.
Continuei andando, até ver uma livraria; eu entrei e comecei a procurar livros de terror e romance — meus preferidos — mas só haviam livros em alemão. Isso dificultou um pouco. Acabei não comprando nenhum.
Eu percebi que só precisava de um tempo, um tempo para arejar meus pensamentos. Um tempo para olhar ao meu redor.
Eu não havia pensado antes, mas estava gostando de toda essa loucura. Só não gostava de ter que deixar o Bill. Vou arriscar tudo, em um jogo às escuras. Tenho, apenas, duas escolhas; ir e lutar — mesmo com o risco de morrer — ou, fugir de todos e ser imortal. Dos dois jeitos, posso perder o Bill, então... fico com a primeira. Se eu morrer, pelo menos não terei que sofrer, por não poder ficar com ele.
A vida é feita de escolhas, e uma escolha sempre levará à outra. Mas essas escolhas, não precisam ser eternas.
Voltei para a casa da Simone. Quando cheguei, a Anna gritou do quarto:
— Kathy, você precisa ver isso!
Subi até o quarto, ela parecia desesperada e animada, ao mesmo tempo.
— O que foi? — Perguntei.
Ela estava com meu notebook na mão.
— Sente aqui! — Ordenou ela.
Eu sentei ao lado dela.
— Diz o que é? — Obriguei.
— Veja você mesma. — Disse ela.
Peguei o notebook.
Era uma foto do aeroporto de NY, onde eu estava ao lado do Bill, segurando o braço dele.
— Como? — Hesitei.
— Não sei, mas veja a legenda da foto.
"Ele está namorando?" — dizia a legenda.
— Perfeito! — Rosnei. — Como você descobriu?
Ela me olhou — séria — e franziu a testa.
— Pesquisei... — murmurou — eu fiquei curiosa e comecei a pesquisar sobre isso. Aí, apareceu um link, eu o abri e essa foto apareceu.
O Tom estava passando no corredor.
— Tom, vem cá... Vem ver uma coisa! — Gritou a Anna.
Ele se aproximou e olhou curioso para a foto.
Suas sobrancelhas se ergueram no mesmo instante.
— Caramba! — Disse o Tom, rindo. — Isso acontece... bom, mas vou chamar o Bill.
Ele saiu.
Naquele momento — com certeza — eu estava com medo do que podiam dizer ao meu respeito. Eu tinha medo de não conseguir conviver com a opinião dos outros.
O Bill chegou.
— Deixe-me ver! — Não consegui identificar sua expressão, mas ele parecia feliz. Talvez eu fosse a única preocupada. — Hmmm, essa foto ficou muito boa!
— O quê? — Hesitei. — Só você está achando isso.
O Tom e a Anna saíram do quarto, ao perceberem minha irritação. Eu não era tão "medonha" quanto aparentava. O Bill foi até a porta e a fechou.
— Amor, está tudo bem. Não temos que provar mais nada a ninguém, pare de se preocupar pense um pouco em você. — Ele me olhou sério. — O importante é que estamos juntos. E se eles sabem, ou não... isso é o de menos.
— Não sei! — Arfei, ainda irritada.
Eu não me entendia; por um lado eu queria que todos soubessem de uma vez, mas eu também não queria que falassem de mim.
— Por que você está assim? — Perguntou. — Nós já falamos sobre isso, e você concordou.
— Eu sei, mas acho que devo reconsiderar. — Afirmei, mordendo os lábios.
— Por quê? — Hesitou confuso. — Você não quer que seus amigos do Brasil saibam?
Não sei de onde ele tirou essa conclusão maluca.
— Não é isso. — Contestei. — Eu só não quero que as pessoas pensem que eu sou uma garota "qualquer" e que por isso te deixei e fui para a Inglaterra. Você sabe que o "amigo" da Libby, o outro bruxo, vai estar sempre com a gente, e as pessoas têm um pensamento bem fértil. O que não vão dizer sobre mim?
— Que você me deixou? — Arfou. — Antes de sua resposta, saiba que você não é uma garota qualquer. Você é uma garota maravilhosa, especial e linda. Tenho pena de quem te chamou, ou vai te chamar, de "qualquer".
— É... você sabe que no próximo mês eu vou ter que sumir. — Lembrei. — Vindo de você, essas palavras lindas, são suspeitas.
— Vamos pensar em uma mentira, e pare de achar que nunca estou dizendo a verdade. — Afirmou.
— Eu já pensei, disse a Anna que vou fazer um estágio em um jornal de Londres. — Contei. — Mas o problema é quando descobrirem que é mentira.
Ele não podia ser mais perfeito.
— Não vão descobrir! — Garantiu. Ele parecia certo.
— E se eu não voltar? — Supus.
— Você vai voltar! — Parecia tão real vindo dele.
— Você não sabe... — Discordei.
— Você tem razão, eu não sei. — Concordou. — Eu só sei que te amo, e nenhuma força, aqui da terra, pode nos separar.
— Também te amo!
Ele me olhou e sorriu. Aquele sorriso lindo.
— Vamos curtir esse momento juntos? — Quebrou o silêncio.
— Vamos! — Indaguei.
— Eu comprei uma coisa para você... — Disse ele, indo em direção à porta.
Ele saiu do quarto; fechei o notebook e o coloquei — bem longe de mim — do outro lado da cama.
Ele voltou com uma sacola na mão.
— Para você! — Disse ele. — Pegue!
— Mas... — Suspirei.
— Pega! — Interrompeu-me.
Eu peguei a sacola.
— Obrigada! — Eu disse, dando um beijo no rosto dele.
— Não vai abrir? — Sugeriu.
— Claro que vou! — Eu sorri.
Abri.
Era um vestido preto e longo. Era de um tecido macio — aveludado — e não era vulgar, sem decote.
— É lindo! — Admiti.
Eu estava de frente com o espelho, vendo como o vestido ficaria em mim.
— Gostou? — Perguntou curioso.
— Claro, eu amei. Muito obrigada, mesmo. — Agradeci.
— Agradeça-me saindo para jantar comigo, hoje! — Imaginei que tinha algo por trás de tudo isso.
— Hmmm, com certeza! — Concordei no mesmo instante.
Ele sorriu e eu o abracei.
— Ótimo. — Disse ele, ainda sorrindo. — Vamos dar uma volta?
— Vamos! — Sorri.
Deixei o vestido sobre a cama e saímos.
Ele não me disse onde estávamos indo. Eu não imaginava como a Alemanha era linda; uma cultura maravilhosa e interessante.
— Vou acelerar um pouco! — Disse ele.
— Tudo bem, mas cuidado! — Avisei.
— Não se preocupe... — rosnou — é só um pouco de adrenalina.
— Ok!!!
Conferi o sinto de segurança para ver se estava bem preso. Coloquei meus pés sobre o banco do carro e tentei relaxar. O Bill riu de mim; fiquei sem graça e virei — desajeitadamente — meu rosto para a janela, me desviando do seu olhar fixante.
— Está me ignorando? — Grunhiu.
— Não! — Murmurei. — Só estou tentando impedir um acidente.
— Vou fazer de conta que você não disse isso! — Rosnou.
— Tudo bem, mas eu não estava brincando. — Avisei.
— Eu sei. E também sei o que estou fazendo. — Gabou-se.
Balancei a cabeça, concordando. Ele sorriu, satisfeito.
Aconcheguei-me no banco e observei as ruas de Berlim — finalmente eu tinha certeza de onde estávamos, porque vi uma placa.
Naquele silêncio — intenso — eu tive a sensação de que estavam me chamando; senti que estavam me chamando, pude ouvir a voz de minha mãe. Era inexplicável.
Tentei ignorar. Peguei meu celular e comecei a ver as fotos.
— Você está bem? — Perguntou ele.
— Sim. Só estou com muitas coisas na cabeça, muitos pensamentos e decisões... — expliquei.
— Tente esquecer essas coisas. Eu quero te ver sorrir, e não te ver calada. — Pediu.
— Vou tentar.
— Obrigado! — Disse ele, sorrindo. — O ano acabou tão rápido, né!?
— Hoje é dia 31... — hesitei — foi rápido mesmo. Mas foi o melhor ano de minha vida.
Ele sorriu.
— Estamos quase chegando! — Afirmou.
— Eu ainda nem sei para onde estamos indo... — Eu disse, ridiculamente.
— Daqui alguns minutos você saberá. — Informou-me.
Tentei me aquietar.
Ele diminuiu a velocidade — estava estacionando.
— Chegamos. — Disse ele.
Olhei pela janela do meu lado, e vi uma — enorme — loja de roupas.
— Você vai comprar roupas, outra vez? — Hesitei.
— Não! — Retrucou. — Tente olhar para este lado.
Era o prédio da "Universal Music".
— Por que você me trouxe aqui? — Eu estava espantada.
— Lembra que você ia me ajudar com uma música? — Lembrou.
— Não acredito! — Gritei assustada.
— Eu escrevi uma ontem. — Completou.
— Você não está querendo que eu cante, né!?
— Não estou querendo, você vai! — Ordenou.
Abaixei a cabeça o ignorando e cruzei os braços.
Saímos do carro e atravessamos a rua. Em todo momento, ele segurava minha mão; ao chegarmos em frente ao prédio, vi dois seguranças — altos e fortes — e um deles abriu a porta para termos acesso ao prédio.
— Bom dia, Sr. Kaulitz! — Disse o segurança que abriu a porta.
— Bom dia! — Respondeu o Bill.
Fiquei em silêncio.
Enquanto andávamos até o elevador, o Bill colocou a mão em minha cintura. As pessoas estavam me olhando — eu me sentia "o centro das atenções" — e estavam surpresas; apesar de tudo, eu estava gostando daquilo, de ser observada, de saber que as pessoas estavam falando de mim. Aquilo era prazeroso e horrível, ao mesmo tempo.
Minhas mãos suavam — eu sentia isso — e eu tremia. Ainda com a mão em minha cintura, o Bill me puxou até o elevador.
Eu estava um pouco assustada, e quando ele apertou o botão que nos levaria ao 13° andar, meu coração disparou. Eu não cantava há muito tempo, uns 5 anos, talvez.
— Amor, não fique nervosa. Você vai se sair bem. — Percebeu que eu estava nervosa.
— Obrigada por, tentar, me dar confiança. Mas, amor, acho que não vai funcionar. — Concluí.
— Por quê? — Ele me olhou, como se esperasse por mais uma resposta sem noção.
— Porque eu sou medrosa. — Confessei.
— Por favor, faça por mim. — Implorou. — Eu amo a música, como amo você. E eu quero dividir esse momento com você, porque tudo que vem da música é um sentimento. — Ele queria muito que eu fizesse aquilo.
— Ok! — Eu disse. — Mas se eu perceber que não está sendo legal, eu saio.
— Vai ser perfeito. — Ele tentou melhorar.
Sorri — desajeitadamente — e ele me beijou.
O elevador parou.
Saindo do elevador, entramos em uma sala. O Bill foi falar um a secretária que estava em uma mesa — no canto da sala — eles falaram em alemão. Ela pegou o telefone e conversou com alguém, depois nos levou até uma porta; ela abriu a porta — era um estúdio — e saiu.
Havia um homem — uns 40 anos — ele era alto, muito branco e muito bonito. Ele estava sentado à frente de um equipamento de som.
— Entrem! — Disse ele.
Entramos, e a porta se fechou. O homem se levantou para falar com o Bill.
— E aí, garotão. Quanto tempo, hein!? — Disse ele, ao Bill.
— Bom te ver, David! E nem faz tanto tempo, assim. — Indagou o Bill.
— Então, essa é sua garota? — Supôs.
— Bem, minha namorada... — O Bill corrigiu. — A Kathy!
— Prazer em te conhecer! — Disse o homem, estendendo a mão para mim. — Sou o David Jost, produtor musical.
Segurei a mão dele.
— Prazer! — Hesitei, com um sorriso, um pouco, forçado.
Calamo-nos por um tempo.
— Então, Bill, o que te trás aqui? — Perguntou.
— Lembra que te falei sobre a música, fora do Tokio Hotel? — Lembrou ao David.
Eu estava nervosa, apenas ouvindo a conversa.
— Sim, eu lembro. Mas você vai cantar sozinho? — Perguntou curioso.
— Não! — O Bill me puxou para mais perto. — Eu quero que seja com ela.
Senti meu rosto corar.
— Você canta? — Perguntou o David, olhando para mim.
— Bom... — suspirei — já cantei.
Ele pensou por um tempo.
— Vamos fazer um teste. — Sugeriu.
— Ótimo! — Disse o Bill.
Ele me fez entrar na sala de som e cantar. Eu senti — muita vergonha — muito medo e um frio horrível na barriga. Não sabia se cantava em inglês ou em português. Peguei a primeira música que passou na minha cabeça e soltei a voz.
Foi mais rápido do que imaginei.
— Você é boa! — Disse o David, enquanto eu saia da sala de som.
— Eu sabia que você era boa. — O Bill afirmou.
— Eu ainda me sinto insegura! — Confessei.
— Seja confiante! — Mandou ele.
Depois de alguns minutos, decidindo como seria e como tínhamos que fazer. O David encerrou, e concluiu que deveríamos voltar no dia seguinte. Porque ele iria fazer o som dos instrumentos.
Saímos de lá.
Durante o caminho — de volta à casa da Simone — ele me olhava de minutos em minutos, e eu continuava encantada com seu rosto, perfeito.
— Kathy, obrigado! — Ele estava com aquele sorriso de canto.
— Pelo quê? — Perguntei, desconsiderando a música.
— Por me fazer tão feliz e por me deixar sentir o que sinto por você. Você é a mais especial de todas. — Refletiu, ao me fitar.
— Não me agradeça, eu te amo! — Afirmei, sorrindo para ele.
Ele sorriu mais uma vez, e com a mão direita, segurou a minha mão esquerda.
— Eu quero ficar com você para sempre. Enquanto eu respirar, essa vai ser minha prioridade. — Desejou.
— Bill, vamos ficar juntos para sempre. Isso é uma promessa. — Completei.
Ele sorriu — imensamente — para mim.
Voltamos a ficar em silêncio; até chegar à casa da Simone.
Todos já tinham almoçado — eu estava sem fome — a Anna e o Tom haviam saído, a Simone estava na cozinha. Subi até o quarto e troquei de roupa, vesti algo mais leve.
Desci e me sentei no sofá, esperando pelo Bill, que estava na cozinha com a Simone.
Senti um arrepio. Que me congelou por fora.
Havia uma imagem, era um homem — bonito e forte — de cabelo escuro com algumas mechas brancas. Seus olhos eram azuis — como o mar — e sua pele clara e enrugada perto dos olhos. Eu nunca havia o visto antes. "Você é minha. Eu a perdi uma vez, não vou perdê-la novamente." — disse ele.
— Kathy? — Disse o Bill.
A imagem sumiu.
— O quê? — Arfei assustada.
— Você está pálida. — Afirmou. — Aconteceu alguma coisa?
— Vi uma coisa, mas não sei bem o que foi... — parei.
— Está piorando a cada vez? — Sua expressão era de preocupação.
— Sim, às vezes é tão real. — Contei.
Ele se sentou ao meu lado e me puxou para os seus braços. Acariciou meu rosto — delicadamente.
— É tão difícil ficar sem te ter! — Disse ele.
— Mas você me tem. — Garanti.
— Não estou me referindo, desse jeito. Quero dizer, eu não te tenho como mulher. — Ele não hesitou em dizer.
— Mas você me entende, e sabe que precisa esperar. — Lembrei, fuzilando seu rosto.
— Eu sei, e vou esperar. — Argumentou. — O momento que mais espero, em toda minha vida, é te ver entrando na igreja, com um longo vestido. Vindo em minha direção.
— E eu quero ver sua cara de bobo — brinquei — enquanto eu me aproximo.
Ele me abraçou com força.
Ficamos ali por um bom tempo, até que acabei percebendo que já era tarde. Levantei-me rapidamente.
— Ei, o que foi? — Perguntou o Bill.
— Nosso jantar! — Respondi. — Preciso me arrumar.
— Vai lá. — Ele sorriu.
Subi à escada e fui até o quarto, peguei uma toalha e tomei um banho. Escovei os dentes e fui até o quarto me arrumar.
Eu estava feliz — incondicionalmente feliz —, nada no mundo poderia tirar aquela alegria de mim.
Passei um perfume, coloquei o cordão que a Libby me mandou usar e o cordão que eu havia comprado. Na orelha, coloquei um pequeno brinco com uma pedrinha branca. Escolhi um salto, e — por fim — vesti o vestido. Tudo estava perfeito, eu nunca havia me sentido daquele jeito; especial.
Não abusei muito da maquiagem, porque eu estava com um pouco de preguiça.
Eu estava pronta e nervosa.
Sai do quarto e desci à escada; o Bill me esperava no fim. Ele estava com uma calça jeans e uma camisa social, branca. Estava lindo.
Quando cheguei perto dele, ele segurou minha mão e a beijou.
— Você está linda! — Afirmou.
— São seus olhos. — Retruquei. — Você é quem está lindo.
Ele sorriu e colocou o braço sob minha cintura.
— Vamos? — Sugeriu.
— Sim! — Respondi, me aconchegando.
Fomos até em frente a casa, onde uma limusine nos esperava.
— Nossa, Bill... — atropelei as palavras.
— O quê?
— Não acha que isso é muito? — Indaguei surpresa.
— Não! — Disse ele, rindo.
O motorista — que devia ter uns 50 anos — abriu a porta para entrarmos.
Eu estava um pouco surpresa e assustada.
— Por que você está assim? — Perguntou.
— Não é para você rir... — obriguei — mas eu nunca andei de limusine. — Terminei, revirando os olhos.
Ele se esforçou para não rir de minha expressão.
— Não tenho que rir de você, para tudo tem uma primeira vez. — Objetou.
— É... e pelo jeito eu vou ter muitas primeiras vezes, ainda. — Completei.
— Aposto que vou estar em todas elas. — Gabou-se.
Eu sorri e dei de ombros.
Já estava escuro, e pela janela da limusine observei os preparativos para o reveion.
Encostei minha cabeça no banco e fechei os olhos. As lembranças passaram em meus olhos, as lembranças de tudo que eu havia vivido.
O motorista parou a limusine e abriu a porta para sairmos.
O Bill desceu, e alguns "flashes" começaram a surgir. Eram os paparazzis.
Eu só consegui ficar imóvel, tive vontade de não sair da limusine.
— Vem, amor! — Disse o Bill, estendendo a mão para mim.
— Eu... — Engasguei-me com o medo.
— Todo mundo já sabe que estamos juntos. — Interrompeu-me. — Vem!
Tentei ignorar as pessoas lá fora e sai.
Haviam alguns seguranças, barrando os paparazzis.
Entramos no restaurante — não foi tão difícil — e o Bill foi falar com o recepcionista, sobre a mesa que ele havia reservado. Ele nos acompanhou até ela.
O garçom trouxe os cardápios e deixou sobre à mesa. Eu deixei tudo à escolha do Bill, porque ele sempre tinha "bom gosto".
Algumas garotas — sentadas perto de nós — começaram a jogar "indiretas". Elas estavam se insinuando para o Bill, — achei que seria isso — eu não gostei.
Depois do jantar, fomos para um lugar tranquilo, assistir a queima de fogos de artifício.
O Bill dispensou o motorista e ficamos sozinhos.
Eu não consegui ver, bem, onde estávamos. Mas era no meio da floresta — haviam árvores e nenhum contato com a cidade —, e era em um lugar alto, porque podíamos ver uma parte da cidade.
O Bill pegou um pano e jogou-o no chão.
— Vamos fazer o mesmo que costumávamos fazer em NY... — Disse ele, apontando para o pano no chão.
Deitamo-nos sobre o pano e ele me envolveu com seus braços.
Eu o beijei com força, colocando a mão em seu pescoço. — Eu o desejava, desejava ser dele. Mas não podia, ainda. — Suas mãos tocavam minha pele, me deixando arrepiada, seu beijo era tão bom... eu não conseguia resistir.
Desabotoei a camisa dele — eu sempre era a causadora de tudo, porque eu não resistia ao corpo dele — só para poder sentir seu corpo. Toquei seu abdômen, com minha mão esquerda, enquanto à direita permanecia em seu pescoço. Ele soltou meus lábios e beijou meu pescoço, descendo até meu ombro, onde ele abaixou a alça do vestido — e caiu sobre meu braço.
Voltou a me beijar — com suas mãos inquietas em minha cintura —, me sufocando. Eu o deixei por um segundo e mordi a ponta de sua orelha.
— Assim é difícil! — Afirmou ele.
— Desculpe... — implorei — às vezes é difícil me controlar.
— Então não se controle. — Disse ele, com a voz mais alta.
— Não posso. — Contestei.
Ele levou a mão até sua nuca e me olhou, como se tivesse tido uma ideia.
— Amor, podemos tentar — sugeriu ele. — Eu sei que você quer se casar... — hesitou ele, por um longo tempo — assim, mas podemos tentar. Você tem noção de como é viver isso?
— Na verdade, tenho — afirmei — mas não é essa a questão, é pelo seu próprio bem.
— É para o meu próprio bem? — Gritou. — Não poder te amar, não me faz bem.
— É difícil de te explicar. — Eu disse.
Eu o olhei — não consegui identificar sua reação fria — e passei a mão em seu rosto.
— Não é só você, somos nós! — Sussurrei.
— Eu sei, mas podíamos apenas tentar. — Insistiu, me matando com seu olhar.
Eu não sabia o que fazer, porque eu queria. Apesar de tudo que eu havia decidido, eu queria viver aquele momento com ele; quando ele entrou em minha vida mudou tudo e esperar até o dia certo não parecia prazeroso.
— Bill, eu não acho que haja uma maneira de tentarmos, porque é inevitável. — Eu disse. — Não vou negar o quanto eu te quero e não vou jogar tudo para o alto, agora. Eu cheguei até aqui, por você, porque eu te amo. E se você quer tentar, não vou negar essa tentativa, porque se não for a hora certa, não vai dar certo. — Tentei pensar ter certeza. — Devo admitir que tenho um pouco de medo, porque eu nunca estive tão perto de fazer isso.
Ele sorriu e me abraçou.
— Eu te amo e prometo que nunca irei te machucar. Não precisa ter medo, eu vou te tratar como uma rosa! — Disse ele.
Balancei a cabeça tentando disfarçar o acelerar do meu coração com um sorriso idiota.
Seus lábios tocaram os meus calmamente. Ele tirou a camisa e se posicionou sobre mim, com seus braços — fortes — segurou-me pelas costas e abriu o zíper do meu vestido. Voltou a me beijar com suas mãos em meus braços, apertando-os.
Coloquei minhas mãos em suas costas — sem pressão ou impulso —, apenas as deixei lá.
Estava frio, meio escuro e silencioso.
— Vamos ficar juntos para sempre, me prometa. — Implorou ele.
— Para toda à eternidade, enquanto pudermos, enquanto eu respirar. Porque minha vida não tem sentido sem você, nunca teve. — Suspirei. — E mesmo longe ou perto, não importa, eu vou te apoiar e estar ao seu lado quando você precisar.
— Você é minha! — Lembrou-me.
Senti a certeza em seus olhos.
Ele começou a puxar meu vestido, enquanto nos olhávamos. Descendo-o até minha cintura, ele me puxou para os seus braços e me beijou. Por um momento nossos corpos se ligaram, o calor ardia em nossos lábios.
Enquanto ele me beijava — maravilhosamente —, suas mãos me puxavam. Senti algo queimar em meu pescoço; foi como se apagassem um cigarro em mim.
Uma dor insuportável e inexplicável, que surgiu sem motivos.
Pensei em me afastar do Bill, mas ele se afastou ao mesmo tempo — me olhou assustado —, e eu arrumei meu vestido. O cordão que eu havia comprado — o que a Libby disse pertencer a Héliony — havia me queimado, mas não havia cicatriz, ele me queimou por dentro.
— O que aconteceu? — Perguntou o Bill, colocando a mão em seu peito e puxando o cordão.
O mesmo havia acontecido a ele.
— Você está vendo isso? — Murmurei. — Não podemos. Foi um sinal, Bill.
— Mas o que aconteceu? Por que isso me queimou? — Insistiu.
Peguei o cordão, que ainda estava quente.
— Segure! — Ordenei. — O meu também fez isso.
Ele encostou a mão no cordão e o soltou.
— Por que eles estão assim? — Hesitou assustado.
— Eu não sei, mas isso significa que não podemos fazer isso... não agora. — Eu disse.
Ele deu de ombros e colocou a camisa.
Eu o puxei para se deitar comigo no pano — ele parecia triste e decepcionado, mas no fundo eu sabia que ele havia me entendido —, e ele se deitou.
— Amor, faltam 5 minutos para o ano acabar! — Eu disse, olhando em meu celular.
— E o que podemos fazer em 5 minutos? — Hesitou.
— Isso! — Afirmei.
Eu o beijei.
Em questão de minutos — que pareciam segundos — ouvimos o barulho dos fogos. Eles deixaram o céu colorido e iluminado.
— Feliz Ano Novo! — Desejou ele.
— Feliz Ano Novo! — Eu disse e o abracei.
Ele me fitou contente.
— Esse ano, eu quero fazer o melhor que puder, para te amar mais ainda... — ele parou por um segundo — e ficar o máximo possível ao seu lado.
— Hmmm, eu quero voltar a ser mortal. Ficar com você e ter um ano maravilhoso ao seu lado. — Concluí.
— Eu te amo! — Disse ele, enquanto passava sua mão sobre meu braço.
— Também te amo! — Afirmei.
Nos beijamos — novamente —, e a luz dos fogos aquecia nossos olhos.
— O que podemos fazer? — Perguntei.
Ele me olhou confuso e, por um segundo, fechou os olhos.
— Nada. — Respondeu.
— Nada? — Hesitei.
Ele me segurou pela cintura e me olhou, sorrindo.
— Vamos ficar juntos, um pouco... — sussurrou — depois pensamos em algo. Um novo ano está começando, e não há nada que eu queira fazer além de ficar com você. — Concluiu.
— Está bem! — Concordei.
Ele se sentou e me puxou para si; um de seus braços laceava minha cintura e sua mão prendia a minha mão — dedos entre dedos —, me segurando. Encostei meu rosto no dele e, ele beijou meu rosto, depois juntou seu rosto ao meu novamente.
— Ainda é difícil acreditar que te encontrei. — Sussurrou no meu ouvido.
Eu sorri, sem olhá-lo.
— Tudo que mais preciso nesse mundo, é você. — Continuou.
Olhei para ele, e vi aquele brilho de antes — o brilho de nossos primeiros encontros — em seus olhos. Beijei a ponta do seu queixo.
— E eu só preciso do seu amor... — eu disse, sorrindo.
Nossos lábios se tocaram rapidamente.
Ficamos ali, abraçados, até o amanhecer; então, peguei meu celular e liguei para os meus pais. Desejei um feliz ano novo para eles e matei a saudade de suas vozes. Foi muito bom falar com eles.
Depois — enquanto nos arrumavam para ir embora — o Bill ligou para o motorista ir nos buscar.
Quando chegamos à casa da Simone, pensamos em fazer um café da manhã para ela e o Gordon. Levamos até o quarto deles.
— Feliz Ano Novo! — Dissemos juntos.
Eles se acordaram assustados.
— Meu Deus... — Hesitou a Simone — Feliz Ano novo, meus anjos!
— Feliz Ano novo! — Disse o Gordon, por fim.
Eles nos agradeceram pelo café da manhã e saímos do quarto.
O Bill me arrastou até seu quarto e me jogou na cama para podermos dormir. Nos fitamos por um tempo, até que adormecemos.

Leb' Die Sekunde & Escreva Você Mesmo Seu DestinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora