Lady Georgiana Howard era uma mulher destruída.
Durante os dois anos em que estava casada foi constantemente agredida, abusada e humilhada pelo marido, o cruel conde de Wolverhampton, Henry Howard. No fim de cada dia as frustrações do marido...
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Assim que atravessou a fronteira de Suffolk com Essex, um pequeno chuvisco começou a cair molhando um pouco a capa encarnada de Georgiana, mas aos poucos esse chuvisco deu lugar a uma chuva mais intensa, começando a vir rajadas de vento espalhando as gotas de chuva pelo seu rosto.
A crina do cavalo já pingava de tão molhada que estava, mas ainda não tinha encontrado um sítio onde se abrigar. O povoado ainda ficava longe, por aquilo que se recordava mais uns vinte minutos a trote, mas não podia ficar mais tempo debaixo do aguaceiro. Um espirro escapou-lhe e começava a ficar com frio, até que avistou uma cabana abandonada meio embrenhada no bosque.
Desceu da montada e segurando nas rédeas aproximou-se da casa, constatando que estava mesmo abandonada, e pelo aspeto da mesma já estava assim há muito tempo. A casinha possuía uma estrutura rústica, provavelmente era a cabana de algum lenhador já falecido. Caminhou até ao alpendre e colocou o pé no primeiro degrau, mas rapidamente este parte-se devido à madeira já antiga e ao tempo.
O barulho ecoou causando-lhe algum medo, mas ao menos era de dia, embora o céu estivesse tão fosco e nublado que mal dava espaço para a luz do sol incidir na Terra. Com receio pousou no segundo degrau que estava quase ao mesmo nível do primeiro, mas este não cedeu. Caminhou pelo alpendre até avistar um pequeno barracão anexo à casa, e decidiu levar o cavalo para ele se abrigar lá. O barracão era onde se guardava a lenha já cortada, tendo encontrado ainda alguns ramos e pequenas toras de madeira. Após acomodar o cavalo pegou nalgumas e protegendo-as com a capa caminhou de novo até casa.
O interior era acolhedor, porém marcado pelo tempo e abandono. Era uma divisão única, no canto direito tinha a cama ainda com lençóis e cobertores, por baixo de uma janela do mesmo lado nha um fogão rústico e velho, e abrindo a pequena portinhola do mesmo viu que ainda tinha uma pequena panela guardada onde se acendia o fogo, mas esta já não dava para ser utilizada.
Do lado esquerdo tinha uma lareira feita de tijolos que mantinha ainda um estado razoável, e no centro da cabana uma mesa quadrada com duas cadeiras.
Georgiana tratou de acender o fogo, encontrando uma caixa com fósforos perto da lareira. Quando o fogo começou a crepitar, pegou nas cadeiras e colocou-as de frente para a lareira. Mesmo estando no meio do "nada", não era de todo impossível que aparecesse alguém, por isso verificou a porta e as janelas, confirmando que estava tudo bem fechado, se bem que duas janelas não abriam de todo.
Sentindo-se um pouco mais segura, começou a tirar a roupa molhada começando pela capa e colocando-a pendurada numa cadeira, depois retirou o vestido colocando-o junto à capa. Apenas de chémise, decidiu tirá-la também e às meias de liga que trazia, colocando-as na outra cadeira. Caminhou até à cama e de lá tirou um cobertor axadrezado e grosso, envolvendo o corpo totalmente despido com ele.
Um relâmpago fez-se ouvir e apanhou-a de surpresa. De repente parece ouvir algo bater contra a madeira, algo baixo e quase inaudível, e pouco depois dá-se conta que no canto esquerdo oposto à porta pequenas gotas de chuva caíam através de uma fenda no teto molhando a madeira. Ao olhar à volta verificou que o mesmo acontecia do lado direito junto à porta. Segurando no cobertor com firmeza procurou por uma vasilha ou algo do género, indo caçar duas bacias a um armário com a porta um pouco solta. Colocou cada uma delas debaixo do sítio onde as gotas caíam, impedindo a infiltração de enfraquecer a madeira do soalho.