Capítulo 31 - Asas Negras

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Marlon Gayler foi pego por Ele Jeremy resmungou às costas, e perdendo a paciência, Dan virou-se com visível furia no olhar.

— Essa história é apenas uma lenda, okay? Eu estou cansado de ouvi-lo insistir nisto Jer. Cansado — Fixou-o por um instante, e observando a feição dura no rosto do irmão, engoliu em seco, com o coração acelerado. Sentiu-se envergonhado, mas era tarde demais. — Jer... — Percebendo o erro, tentou remediar, tentou se desculpar, mas o garoto desviou-se arredio em direção à porta — Jer, por favor, eu, não falei por mal, eu... — colocou a mão em seu ombro, mas ele o empurrou, estava muito agitado — Jeremy?

— Não me toque — ouvir aquilo escapar dos lábios do irmão foi como um tiro, um grande e doloroso tapa na cara — Você é um grande idiota Dan Mason. Um grande idiota egoísta. Ignorante e mesquinho por só pensa em si próprio, por acha que pode resolver todos os problemas do mundo sozinho, por não querer depender de nada e ninguém.

Jeremy?!

— Não — o garoto o interpelou, desviando-se outra vez. As lágrimas anuviavam o olhar — Eu não quero falar com você. Eu não quero falar com você até que aprenda a confiar, até que... eu... Sai daqui Dan. Sai daqui agora.

— Mas Jer...

— FORA DAN — ele gritou uma segunda vez abrindo a porta, e deixou as lágrimas escaparem. Aquilo constrangeu o rapaz mais velho — Dê o fora ou eu... ou eu... — apontou para o corredor e alguns colegas que passavam por ali atentaram um momento para a discussão. Dan gaguejou, estava sem reação diante do surto do irmão.

Pela primeira vez Jeremy agia de forma agressiva com ele, e isto fez faltarem palavras. Respirando fundo e envergonhado pelo que fizera, nada encontrou para dizer, e por fim, restou apenas curvar a cabeça e deixar o aposento, ouvindo-o bater a porta às costas.

Ele conseguira. Enfim conseguira ofender o único com quem realmente se importava.

***

— Frei Matheus, alguma notícia dos enfermos? — O padre questionou quando o homenzinho entrou fechando a porta às costas. Todas as lideranças de Saint-Michel estavam reunidas na sala da diretoria, fazendo um levantamento dos estragos e internos feridos.

— Sim padre — o frei respirou, secando a testa suada. À lateral, a lareira trepidava calmamente — O frei Jubilado continua adormecido sem sinais de incomodo, provavelmente sequer soube que algo aconteceu durante a noite — olhou para a feição do bispo, então voltou ao diretor — Quanto a Widmore, precisei medicá-lo. O pobre velho estava delirando e parecia bastante atormentado.

O padre limpou a garganta, então prosseguiu:

— E Beterrabas? Alguma notícia?

Trocou olhares com Alex Cotton, que permanecia silencioso próximo à lareira.

An... Nada diretor. Perguntei a todos que encontrei pelo caminho, mas o último momento em que fora visto, foi durante a confusão com o vitral.

O velho fez silêncio e respirou fundo, lançando um olhar pela janela. Havia cochichos paralelos, e então a voz do Bispo ecoou na sala espaçosa:

— E quanto aos pequenos? Estão, menos assustados?

— Devo confessar que não bispo — o frei explicou — Eles receberam ordens de se recolher aos quartos até que a refeição esteja pronta. O intuito é que todos se deitem mais cedo — olhou para o rosto do padre, então tornou àquele que questionou — Mas é fato que ainda estão com medo.

Houve uma pausa, ninguém nada disse, então o bispo prosseguiu:

— A meu ver não é bom que passem esta noite sozinhos. Se estão assustados, não conseguirão descansar — Olhou para o padre — O que acham de reunirmos todos na capela? Dos ambientes pelos quais passamos, me parece que este fora um dos poucos onde não houvera desastres. Poderíamos afastar os bancos e cada aluno transporta seu colchão e cobertor.

O Exorcismo de Marlon Gayler [Romance Gay]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora