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Chloe

As aulas correram tranquilas durante todo o dia. Realmente vendo de agora, eu comecei o dia bem mau humarada e que conhecer os alunos novos e professores me animaram um pouco. Zoe não parava de falar no meu ouvido o quanto de garotos gatos tinham na nossa sala. Meus ouvidos sangravam só de ouvir novamente o mesmo assunto.

— Zoe, já entendi que se você pudesse, se transformava em uma pessoa diferente em cada dia da semana só pra ficar com todos os caras da escola sem se passar por uma maçaneta. — Repito o que Zoe chama de sonho de consumo de super poderes.

Ela resmunga.

— Você fala como se eu fosse uma louca por músculos, e caras lindos, que deixam pouco para a imaginação... — confessa ela enquanto segue um aluno com os olhos enquanto some pelo mar de gente do corredor.

Rio de seu exagero descarado.

A última aula acabou a 5 minutos e estamos em frente aos nossos armários guardando nossos materiais. Assim que termino e Zoe também, seguimos para a entrada da escola.

— Sente isso? — Pergunta Zoe assim que avançamos para fora dos muros do colégio.

— O quê? — Pergunto em dúvida e com o cenho franzido , encarando Zoe.

— O cheiro da liberdade. Não aguentava mais esse inferno.

— Para de ser exagerada, Zoe. Foi só o primeiro dia, não um apocalipse zumbi.

— Pra mim os dois são a mesma coisa.

Balanço a cabeça para seu drama e seguimos rumo a casa de Zoe.

— Vai pra casa agora? — Pergunta Zoe assim que chegamos em frente a sua casa.

—Hm... Não.

— Vai pra biblioteca de novo?

— Como se você não soubesse... — Resmungo.

— Queria ter essa paciência de sair da escola e ir direto pra mais encheção de saco de estudo, livros e blá blá blá.

Rio de sua expressão entediada.

Zoe é meu completo oposto nesse quesito. Não é fã de livros, muito menos livrarias, sendo que nunca fomos juntas a uma, mesmo eu insistindo que ela vá comigo.

— Eu gosto, Zoe, fazer o que? Agora entra que eu vou pra minha encheção de saco.

Ela revira os olhos e entra na sua casa. Sigo o quarteirão que falta para a biblioteca Libélula e sorrio quando passo pela porta que empurra um sininho acima do portal me fazendo respirar aliviada. Realmente eu amo livrarias e bibliotecas.

Adentro o meu melhor lugar no mundo e caminho em direção a algumas estantes com livros de romance. Meus preferidos. Passo os dedos nas lombadas avaliando o que lerei hoje. Pego um que nunca tinha visto e folheio. Leio a sinopse, a primeira página, e concluo que será esse mesmo.

Subo as escadas para o andar superior e sento em uma mesa no canto. Olho ao redor e noto que das cinco mesas redondas espalhadas pelo local, apenas uma está ocupada por um garoto que aparentemente tem a mesma idade que eu e está concentrado em um livro que está em suas mãos. Faço uma careta ao reparar em seu físico. Forte, presumo, já que sua jaqueta de couro preta impede que eu tenha certeza. Jeans preta e cabelos castanho claro levemente bagunçados. Ele tem uma expressão séria, focada em sua leitura, enquanto a pervertida aqui, o observa. Em minha defesa, isso é o resultado de se passar tempo demais ao lado de Zoe.

Como se notasse meus olhos o avaliando, ele ergue apenas os olhos na minha direção e sustenta o olhar. Imediatamente me sinto envergonhada por ter sido pega no flagra, mas ao mesmo tempo noto que seus olhos são de um castanho claro, quase amarelado, brilhantes. Deus, que olhos lindos! Nunca tinha visto um tom como esse.

Depois de alguns segundos nos encarando, decido quebrar o contato e me endireitar na cadeira e focar no livro a minha frente. Abro e começo a leitura, alheia a presença do cara na mesa do outro lado da sala.

Os minutos vão se passando e me vejo envolvida pela história como sempre acontece em poucas palavras lindas. Olho no relógio do celular e vejo que são 12:42. Hoje não teve almoço na escola porque foi primeiro dia, então nos liberaram mais cedo. Suspiro e fecho o livro na página em que parei. Vou alugá-lo. Pego minha mochila na cadeira ao lado e levanto. Instintivamente meus olhos vão na direção da mesa oposta, e meu coração acelera quando o encontro me encarando. Wow, ele parece um predador prestes a capturar sua presa em uma jaula de força máxima. O que? Não sei de onde surgiram esses pensamentos, mas me reprimo por eles. Só de olhar esse cara meus pensamentos já viram uma bagunça? Espero que não.

O ignoro e vou em direção às escadas e logo indo até a senhora Adelaide que me recebe com um sorriso caloroso.

— Bom dia, Adel, vou levar esse hoje.

— Bom dia, Chloe! — Me cumprimenta com um sorriso doce.

A entrego o livro que escolhi e ela o registra em meu nome.

— Aqui está. — Me passa o mesmo, que guardo logo em seguida na mochila. — Tenha uma boa leitura essa semana, menina.

— Obrigada, Adel! Tenha um bom dia.

Saio da livraria e vou direto para casa. Agora estou realmente cansada e com vontade de me jogar na cama e não acordar nunca mais.

 Agora estou realmente cansada e com vontade de me jogar na cama e não acordar nunca mais

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