Capítulo 18 - Seus olhos

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Eles eram fortes mas eram burros. Enquanto eles focavam sua atenção em seus inúteis e falhos golpes, eu os estudava.

Eu havia aprendido a me defender, morava em um bairro perigoso. Um dos conselhos de meu pai ecoaram em minha mente.

- Para vencer um oponente você precisa estudar suas técnicas,observar suas atitudes e pensar enquanto age. Força fisíca não é tudo em uma luta, o cérebro é mais importante.
Seja ágil,pense e faça.
Isso que você precisa ter em mente quando estiver em perigo. - as palavras de meu pai se fixaram em mim, ele era um homem inteligente.

Era como se ele estivesse ali, conversando comigo e me guiando em meus planos.

- Você sabe o que fazer. Eu estou aqui minha menina. - vi sua imagem meio a multidão, desaparecendo instantes depois.

O tempo passou rápido, apesar de parecer um ano em minha mente.

Após ter uma noção de seus planos, olhei nos olhos de minha primeira vitíma.

- Isso vai doer, e será lento.
Sejam fortes ok? Eu tenho muitos planos para vocês. - lhes enviei uma piscadela e
um sorriso irônico tomou conta de meu rosto.

Eles vieram para cima de mim, agora me atacando de forma mais violenta e precisa.

Rick ao ver tal cena me olhou com receio, a foice em suas mãos pingava sangue.

Senti algo arranhar minha pele, e sem mais delongas mirei nos joelhos do garoto que me acertou de raspão.

Ergui os machados em sua direção e acertei suas pernas,
fazendo-o cair aos gritos sobre seu próprio sangue fresco.

Seus companheiros ignoraram o garoto, e continuaram a pequena batalha cuja eu já me via como a vencedora.

- Isso foi um golpe de sorte, não irá se repetir. - proferiu um dos palhaços apontando a navalha para meu rosto enquanto os outros tentavam segurar meus braços.

Antes que ele pudesse pensar em me atacar novamente, suas mãos caíram sobre meus pés,esses machados eram realmente eficientes.

- Sim, você estava enganado. - o empurrei com um dos pés o fazendo cair ao lado de seu amigo.

Agoram faltavam 3.
Apenas 3.

- Algum voluntário? - proclamei ironicamente olhando a minha volta, enquanto os garotos que restavam ao meu lado pareciam estar paralisados ao ver o que fiz aos seus companheiros.

- Ela é louca. - balbuciou um deles, cutucando um dos internos.

- Não será por muito tempo. - o mesmo me olhou com ódio e pôs se em posição de ataque novamente, indo em direção a sua própria morte.

Seus golpes eram certeiros, e pensados.
A lâmina da navalha passou a milímetros de meu pescoço desnudo, me fazendo sentir um frio na espinha que não durou muito tempo.

Ao perceber um brecha de sua parte, agi.
O objeto que ele usava para tentar arrancar minha vida fugiu de suas mãos, indo melodicamente em direção ao chão.

Em um ato leviano o garoto tentou se abaixar para apanhar sua navalha, mas a única coisa que ele conseguiu foi um machado cravado em suas costas.

Um gemido de dor saiu de sua boca, seu corpo emitiu um ruído ao cair.

Quando me dei conta, os dois que restavam já estavam distantes de mim.
Haviam amarelado, fugido da luta.

Com dificuldade retirei minha arma do palhaço caído e corri em direção aos meus fugitivos.

- Por que estão correndo? - sem olhar para trás eles não cessaram os movimentos de suas pernas aceleradas.

Parei e encarei meu alvo.
Joguei o machado para trás e o arremessei sobre um deles.
Acertei suas costas cobertas, um grito desesperado inundou minha audição.

- Se correr será pior. - sussurrei indo vagarosamente ao acompanhante do garoto caído com as costas abertas.
Ele estava paralisado, não moveu um músculo.

Ao chegar mais perto vi algo nele, algo que me trouxe ainda mais ódio.
O colar de Charlie estava em seu pescoço, o colar que dei a ele no seu aniversário de 15 anos.

Antes que eu dissesse algo, o interno pôs-se de joelho e implorou por misericórdia.

- Eu posso ser útil, posso te contar o que sei. Eu posso te ajudar, me deixe viver.
Não me mate, eu imploro. - com as mãos unidas, e com os olhos marejados sua voz dirigia-se a mim.

- Esse colar é seu?

- S-sim. - murmurou o verme tremendo dos pés a cabeça.

- Então você gosta de mentir? - arqueei as sombrancelhas e me aproximei ainda mais.

- Eu não estou mentindo. É-é verdade. - lágrimas escorriam por suas bochechas, sorri ao ver seu desespero.

- Quer saber? O que os olhos não vêem o coração não sente. - uma força se apossou de mim e em um instante, retirei a lâmina que estava no bolso da minha calça e acertei seus olhos claros, arrancando-os, e sendo ocupados por um buraco negro e sangrento.
Da mesma forma como eu encontrei Charlie, as lembranças não saíam de mim um minuto sequer.
Uma lámuria saiu dos lábios ensanguentados do palhaço.

- Está vendo a situação que criou? - proclamei sarcásticamente, o provocando e rindo de seu sofrimento. -Isso é só o começo.

 -Isso é só o começo

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