Dezesseis

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Tornei a encarar Khaled que se mantia imóvel, os olhos de vidrados no nada e ao mesmo tempo em tudo.

— Acabou Isma —

Virei meu rosto, para encontar o corpo de meu outro eu ao meu lado, ela observava Khaled de uma forma mais maldosa como de costume seu.

— O diário e a história além dele que sua Tataravó não foi capaz de terminar,chegou ao fim Isma —

Ela virou o rosto e seus olhos alaranjados sombrios encontraram os meus.

Minha visão começou a ficar turva e tudo desapareceu.

Eu acordei.

Quando abri os olhos pela segunda vez, encarei o teto branco em meio à escuridão do meu quarto.

Acabou.

Eu acabei de ver tudo que estava escrito no diário e o que não pôde ser escrito também, eu acabei de descobrir sobre a minha família e a sua maldição de anos, eu descobri sobre o motivo que me trouxe até aqui e o motivo que as levou até a destruição.

E agora eu precisava encarar a vida real e agir perante ela e as pessoas que estão nela.

Ergui o meu corpo, sentando-me em meio a enorme cama podendo assim perceber que já era noite, e que surpreendentemnte eu tinha dormido tanto assim.

Foi algo tão rápido

E tão doloroso.

Passei a mão por minhas bochechas que ferviam e estavam molhadas devido ao sonho, pelas lágrimas que eu derramei durante todo aquele momento sem perceber.

Virei meu corpo abaixando as pernas e me colocando de pé, andei em direção à porta e a abri saindo do quarto e começando a andar pelo corredor em busca de Khaled e a nossa tão aguardada conversa.

Andei pelos corredores adentrando cada vez mais neles e ficando cada vez mais perdida, parei diante de duas curvas, virei na direita passando pelo corredor mas então parei.

Voltei quatro passos olhando para a esquerda, encontrando no fim desse corredor escadas de pedras que levavam para cima, as escadas que levavam para as masmorras.

Me aproximei da entrada obscura e a encarei por longos segundos pendurando se eu deveria subir ou não.

Ergui a minha mão e peguei uma tocha acessa que se encontrava presa no candelabro de metal preso as rochas.

Dei dois passos adentrando na escuridão, me virei subindo o primeiro degrau, em seguida mais e um mais, passei a subir ela iluminado a minha frente com a tocha e sentindo o mal que aquele caminho e ambiente emanava.

O ar pesado e cheio de dor contida e esquecida por todos, os gritos de presos, o grito de minha tataravó que parecia perto de onde eu estava cada vez que eu me aproximava do topo, seus murmúrios em busca da vingança.

Subi o último degrau e parei no corredor repleto de celas que eu conheci através dos sonhos.

As memórias da tocha sendo enfiada no rosto de minha tataravó, o seu grito de dor, as suas palavras para Khaled, o tapa dele em minha tetravó e todas as coisas horríveis que os três disseram um para o outro assim como seus avisos, começaram a se tornar mais claros e altos dentro de mim enquanto eu forçava minhas pernas à seguir o caminho escuro em meio as celas trancafiadas.

Isma????

Apertei a tocha entre minha mão sentindo meu coração acelerar pelo susto e a grave voz ao meu lado.

Virei meu corpo devagar ficando de frente para uma das celas fechadas, levei a tocha na direção da cela iluminando o local e encontrando atrás das grades, sentado no enorme banco preso à parede, Khaled.

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