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La Primavera – Antonio Vivaldi


  A semana passou sem nenhum sinal de Tom, e naquela sexta feira quando ele deveria ligar eu já não tinha esperança disso acontecer, já que não tínhamos nada.
Decidi passar por aquela sexta, como outra sexta qualquer, mas era difícil. E a cada segundo eu esperava o telefone tocar e a agonia me tomava inteira.
  Na escola, quando tive que desligar o telefone,bas horas passaram arrastadas. E então se passaram muitos giros do ponteiro e o telefone não tocou. Minhas mãos tremiam a cada vez que eu pegava no celular e o nome dele não estava lá.
  O sol cruzou o céu e ele não deu sinal de vida. Foi nesse momento que eu pirei. Comecei a pensa em situações e mais situações que poderiam ter cominado no sumiço de Tom. Uma biblioteca de paranoias
se formou na minha cabeça. Eu podia simplesmente ter errado o dia, mas dado ao meu zelo por esse relacionamento essa possibilidade era quase impossível. Ou podiam ter mudado o dia da folga dele. A não ser que o celular dele tivesse quebrado. Ou ele poderia ter sido roubado. Ou talvez perdeu a bolsa.
  Podia ser também que ele estivesse andando na rua e um criminoso procurado pela polícia interdicional esbarrou nele e deixou um pendrive no seu bolso. A polícia seguiu Tomás e o capturou e ele foi preso e interrogado, e então teve uma rebelião na cadeia e um cara, um mexicano, ofereceu exílio para ele no exterior. Ele conseguiu fugir e agora está no Panamá procurando um telefone não rastreável para me ligar. Fazia todo o sentido pra mim.
  O fato é que eu não queria cogitar a ideia de ele estar com raiva de mim. Foi nesse dia que eu descobri mais uma faceta da minha personalidade: um ódio horroroso por coisas mal resolvidas. A dúvida é um câncer no meu corpo. As coisas seriam tão melhores se todos dissessem a verdade!
  E então mais um dia passou sem nenhum sinal de vida dele. Mais uma semana passou e nada. Por fim parei de me importar. Pelo menos o senhor cacto teve tempo de se recompor.
  Os preparativos para estreia estavam cada vez mais pesados. Não eramos pouca coisa! Era difícil achar um bom concerto de balé em BH. Era difícil achar Bailarinas! A maioria ficava só na aula e depois seguia outra profissão (as famosas profissões de verdade) como médico, programador, advogado… essas coisas que todo mundo quer ser porque sabe que dá dinheiro. Na realidade era muito difícil ter uma oportunidade como a que eu e Diego tivemos. Naquela semana tínhamos duas entrevistas
marcadas, uma em uma rádio e outra em um programa de TV local.
  Contudo eu ainda sentia muita falta do Tom. Da voz dele e das brincadeiras. Mais que isso, falta da
minha paz de espírito. Apesar de ter parado de me importar tanto uma parte de mim ainda se incomodava com a ausência dele. Mas eu sempre pensava no que era certo a se fazer e repetia para mim mesma que o amor não acaba do dia para noite. Eu sabia que ele me amava. Essa era minha única certeza.

Asas protetoras - Terceiro livro da trilogia "anjo"Where stories live. Discover now