Capítulo 9

265 24 1
                                    

- então, pelo que vejo aqui, junto com o que você me contou, a Bárbara te processou por danos morais por causa de uma resenha crítica do livro dela?

- Exatamente. Agora, se você puder ler e ver onde porra eu causei danos morais a ela, me diga! Porque eu acho que fui justa e sincera o suficiente apenas por opinar sobre o que ela chama de livro. - parei,e só então me lembrei que ele já namorou a Bruaca.
- Ah, droga.. me desculpa, eu esqueci que...

- Não, relaxa. Sem problemas. Eu sei que não é nada relacionado ao meu trabalho, aqui, mas o que eu e Bárbara tivemos foi apenas um envolvimento ocasional. Mas ela preferiu acreditar em um relacionamento entre a gente, se ferrou. Porque eu nunca prometi nada a ela.

Eu não notei, mas quando, involuntariamente toquei meu lábio, uma das manias infantis que eu tinha, percebi que estava sorrindo.

- Algo engraçado, senhorita Antunes?

Opa. Pega no flagra.

- Não, nada de engraçado, senhor Monteiro. - frisei seu sobrenome de modo brincalhão, também. A tensão que antes havia entre a gente, graças aos céus havia se dissipado, e o clima estava bem melhor, principalmente pra conversar.

Ele voltou a ficar sério e começou a me explicar como atuaria no meu caso. Não era nada de complicado, apenas deveria usar argumentos consistentes que pudessem convencer o juiz de que eu apenas estava exercendo meu direito de liberdade de expressão. E em nenhum momento causei danos morais, porque não estava contido em nenhuma das minhas palavras xingamentos ou insultos contra ela.

Logo em seguida, após me explicar tudo, digitou algo e depois virou a tela do notebook para mim. Lá estava escrito:

" Danos morais são as perdas sofridas por um ataque à moral e à dignidade das pessoas, caracterizados como uma ofensa à reputação da vítima. Qualquer perda que abale à honra pode ser caracterizada como dano moral."

- Entendi. E o que quer com isso? - questionei, confusa.

- Quero garantir meu ponto: você não fez nada de ofensivo, e eu acho esse processo a porra de uma revolta da Bárbara. Eu a conheço e sei que quando massacram o ego dela, ela não consegue ficar sem revidar. E acredite, já tentei várias vezes fazê-la mudar esse comportamento medíocre.

Várias vezes? Mas espera, ele disse que não tiveram um relacionamento? E porque porra eu estou incomodada com essa informação?

Droga!

- Nos conhecemos desde pequenos. Meus pais antes de irem morar no exterior eram vizinhos dos pais dela. Daí fomos amigos até nos envolvermos e ela achar que estávamos em um relacionamento. O problema era que só ela achava isso.

Ele falou, como se tivesse lido os meus pensamentos. Será que eu dei tão na cara assim? Eu realmente espero que não. Não quero atropelar as coisas com o meu excesso de demonstração de interesse. Aff.

- ah, entendi. - Foi o que eu consegui falar. E olha que eu ainda acho que deveria ter ficado calada.

Um silêncio constrangedor se instalou na sala, e eu me vi na obrigação de quebra-lo.

- Então, o que mais quer saber? B-bem.. sobre o.. HM... - porque desgraça eu estava nervosa? Ah, é, porque aquele sujeito gostoso de uma figa estava bem na minha frente, me encarando com aqueles olhos pequenos e perspicazes que eram capazes de levar uma mulher aos céus. E talvez ao inferno, como possívelmente era o meu caso. Puta merda!

- Acho que já tive o suficiente aqui. Anotei tudo o que você me relatou pelo computador, e vou reler enquanto me preparo para o dia da audiência. Além disso, obrigada pela cópia do POST, vai ser essencial para usar contra a Bárbara. Além dos outros comentários a seu favor.

- Ah, então, isso é tudo né? - falei, sem qualquer vontade de me levantar daquela cadeira

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

- Ah, então, isso é tudo né? - falei, sem qualquer vontade de me levantar daquela cadeira. Aliás, nem a minha própria bunda queria sair dali.

- Sim, tenho informações suficientes para começar a trabalhar na sua defesa. Aliás, não acho que vá ser difícil vencer esse processo. A base da Bárbara é muito fraca, e tudo foi causado pelo enorme ego dela. - Ele se levantou e eu o fiz também, logo em seguida ele andou até o outro lado da mesa, onde eu estava. E estava perto. Perigosamente perto. Perto o suficiente para eu sentir aquele formigamento nas mãos, com vontade de tocar aquela barba maravilhosa.

- Acho que coletei informações suficientes. Agora eu estou indo jantar, quer ir comigo? - Ele falou, mas baixo o suficiente para que eu o ouvisse. E mesmo que não falasse baixo, ele estava perto demais, atraindo-me demais, me deixando doida para beijá-lo novamente demais... Mas a única coisa além do fato de que ele estava perto demais de mim, foi que... ELE ACABOU DE ME CHAMAR PRA JANTAR? E o pior.. falou aquilo como se fosse uma coisa comum, normal... Será que era assim com todas?

Afastei esse último pensamento, e imaginei que éramos pessoas livres, desimpedidas ( pelo menos da minha parte) e o que faria mal nos envolvermos, mesmo que fosse apenas sexo? Sexo casual não era tão incomum como se imaginava, e acreditava que nosso envolvimento não fosse interferir no andamento do processo, afinal, éramos dois adultos responsáveis e o adulto masculino, gostoso pra caramba, acrescentando isso.

Quando estava prestes a responder, o meu estômago deu seu grito de glória e respondeu por mim. Isso mesmo. Um ronco. E daqueles. Na frente do advogato. Que merda!

- Acho que esse barulho já responde a minha pergunta - ele falou, abrindo aquele sorriso irresistível e ainda por cima fazendo piada do meu estômago nada discreto e inconveniente. Revirei os olhos. Ou melhor, só fiz isso na minha cabeça mesmo, porque fiquei tão encabulada com a situação, que simplesmente acatei o seu convite e aguardei que ele organizasse o escritório para podermos ir jantar. Camila, isso não é um encontro. Camila isso não é um encontro. Camila, isso não é um encontro. Mantra repetido, mantra absorvido.

- d-desculpa - foi só o que consegui falar após aquela sessão de vergonha alheia que o meu estômago me fez passar. Tá parecendo até que eu sou uma esfomeada.

- Bem, acho que precisamos resolver algumas pendências. E elas são urgentes. - seu sorriso se abriu ainda mais. E eu entendi que ele estava falando do meu estômago escandaloso e metido a carente, que não me deixa ver uma vergonha que eu já quero passar.

- ai meu deus, me desculpa por isso. Mas é que realmente eu meio que não parei pra comer durante o expediente da tarde e aí, já viu né? meu estômago tá com crise de abastecimento, aí fica me fazendo passar vergonha só pra ser atendido! - falei, na maior calmaria, ainda meio sem jeito com o barulho que o Bruno ouviu.

E sem eu esperar ele começou a gargalhar. E não era uma gargalhada tosca e sem graça. Era uma gargalhada macia e gostosa, que acabou me fazendo entrar na sincronia também. E lá estávamos os dois, rindo feito doidos.








Amores, me perdoem pelo sumiço!!! Tive um bloqueio e quase que esse capítulo não sai, e também estou na faculdade, e meio que meu tempo se limita! Mas vou adiantar o 10, prometo ♥️

Um beijo e nada maisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora