CAPÍTULO VI

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Dois dias se passaram sem que Christy desse oportunidade a Simon de falar sobre o que acontecera aquela manhã na praia. E no terceiro dia Helen foi acordá-la logo cedinho, com novidades.

- Levante-se, srta. Christy - disse a mulher. - Patrão decidiu que vão sair para mar logo, logo.

Christy não perdeu um minuto. Ergueu-se de um salto, tomou uma ducha rapidamente, vestiu-se e desceu para tomar o café. Quando chegou à copa, Simon já havia terminado sua refeição e parecia agitado.

- Assim que terminar de comer, trate de arrumar uma maleta com a roupa necessária para uns dois dias. Pretendo partir, logo que esteja pronta.

Christy mal conseguiu se alimentar, excitada que estava com a perspectiva de uma verdadeira aventura em alto-mar. Assim que terminou o desjejum, subiu para o quarto, onde selecionou as peças que iria levar na viagem: dois ou três shorts, algumas camisetas leves de algodão, roupa íntima, camisolas e camisa, alguns agasalhos, para usar caso esfriasse.

Cerca de meia hora mais tarde, lá estavam ela e Simon a bordo do veleiro, rumo ao alto-mar daquela perigosa região do Caribe. A hostilidade que se estabelecera entre os dois nos últimos dias tinha desaparecido, de repente, dando lugar a uma gostosa camaradagem. Agiam como bons companheiros de trabalho, prontos a se ajudarem e a se relacionarem com espírito de cooperação e amabilidade.

- O tempo de viagem até o local onde vamos mergulhar é de aproximadamente três horas - explicou Simon num dado momento. - Já verifiquei todo o equipamento que vamos usar, mas agradeceria se você desse uma nova inspecionada. Sabe como é: todo cuidado é pouco numa situação como esta.

Embora ele falasse num tom amigável, Christy teve a sensação de que Simon apenas sugerira aquilo para mantê-la afastada por algum tempo. Em todo caso, fez como ele lhe pedira, checando todo o equipamento, cada aparelho, cada detalhe que pudesse ter escapado ao exame dele. Tudo em ordem.

Subindo novamente para a cabina de controle, Christy parou de repente para observar, sem ser notada, os movimentos de Simon enquanto manejava o veleiro. Não podia negar que aquele homem fazia seu sangue ferver em suas veias. Ele vestia apenas o velho short de brim desbotado, e a visão daquelas costas largas, nuas e bronzeadas a fazia estremecer. O que ainda poderia haver entre eles, ali a sós, perdidos na amplitude do mar infinitamente azul? Tudo era possível. Desejavam-se mutuamente. Mas o que fazer de sua virgindade? Temia que Simon dissesse, mais uma vez, que ela estaria usando seu corpo como uma armadilha para amarrá-lo e levá-lo ao casamento.

Como que pressentindo a presença silenciosa de Christy, Simon Virou-se para ela.

- Temos só mais uma hora antes de ancorarmos. Logo depois, darei o primeiro mergulho.

Ele voltou-se novamente para o leme, concentrando toda atenção no mar à sua frente. Percebendo que nada tinha a fazer por ali, Christy foi sentar-se a um canto do convés, de onde pôde apreciar, entretida, um grupo de golfinhos que seguiam o barco, com seus movimentos graciosos.

O tempo passou depressa, e logo estavam chegando à passagem próxima aos recifes. Christy pôde sentir a violência da correnteza quando Simon lançou a âncora. Pôs-se, então, a imaginar o que teria experimentado Kit Masterson na noite daquela tenebrosa tormenta que acabara por lançar seu navio de encontro aos recifes, as luzes de sua casa estranhamente apagadas.

Seria naquele mesmo lugar que ela iria mergulhar! Tinha que admitir, sem dúvida, que se não fosse pela competência e segurança de Simon certamente não teria coragem de enfrentar um desafio como aquele. Ao mesmo tempo pôs-se a refletir se não seriam aquelas mesmas qualidades que a faziam sentir-se tão atraída por ele. Talvez, tanto quanto à adolescente ingênua que um dia ela fora. Bem, de qualquer modo, era melhor deixar de lado suas reflexões e seus devaneios e preparar-se para enfrentar um trabalho sério.

Entre o Amor e o DesejoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora