Pães de mel

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Pão de mel.
Brian gostava de pão de mel, apesar de nunca ter sido muito chegado em doces.
Comia um pão de mel. Felizmente, naquela manhã se lembrou de ir ao mercado. Então poderia se manter alimentado pelo resto da semana, ao menos.
E enquanto comia e fazia filosofias sem nexo sobre pão de mel e pão e mel e mel de pão, esperava pelo choro do dia.

Havia uma espécie de padrão. De manhã, Roger chorava no banheiro. Brian sabia que era o banheiro por causa do barulho da torneira da pia ligada, que o loiro usava para tentar disfarçar os soluços. De tarde, Roger chorava na sacada. De noite, Roger chorava em algum outro canto, muito provavelmente em sua cama.

Perguntou a si mesmo se Roger gostava de pão de mel. Do que ele gostava, afinal? May estava curioso. Gostava de pão de mel ou rosquinhas? Preferia sol ou chuva? Sabia andar de bicicleta? Não vale se for com rodinhas! Odiava rodinhas. Achava uma grande trapaça no mundo das bicicletas.

Queria saber mais sobre Taylor.

E nada melhor do que perguntar, certo?

Novamente, estava parado em frente a porta de seu apartamento, sentado no chão, lendo um pequeno papelzinho. Não achou que receberia mais, por isso seu coração se derreteu todinho e foi correndo até a escrivaninha pegar a sua caneta favorita - Uma que Deacon havia lhe dado - para que pudesse responder. Leu a frase gravada no papel.

"Me fale sobre você, Roger Meddows Taylor."

Franziu as sobrancelhas. Se sentiu ameaçado, como quando sua mãe lhe chama pelo nome completo. Fez uma expressão emburrada, embora não estivesse bravo de verdade.

"Não me chama assim, parece que está bravo comigo :("

Terminando de desenhar a pequena carinha, passou o bilhete pela porta.

"Sinto muito, não estou."

Sorriu. Que bobinho.
Mas depois o sorriso deu lugar a uma expressão preocupada. Será que ele havia se sentido mal? Não queria que ele se sentisse mal por Roger ser muito sensível, então escreveu algo mais descontraído.

"Pode me chamar de Rog :)"

Rog. Era um apelido fofinho que John lhe dera no ensino médio.
E o loiro retribuiu. Apelidou Deacon de Deaky.

"Me chame de Bri, então."

Bri... Tentava imaginar um rosto para Bri. Era alto ou baixo? Gordo ou magro? Tinha barba? Preferiu imaginar que não, homens com barba não eram o seu tipo.
E se fosse uma garota? Não, Roger, seu mané, os pronomes são masculinos!

Homens com barba não eram o seu tipo...
Então queria que Bri fosse o seu tipo?

Corou e posicionou a mão sobre as bochechas quentes. Se controle, Taylor! Você não deveria dar em cima de qualquer homem.
Bem, tecnicamente não estava dando em cima. Só estava cogitando algo a mais.
E eles nem tinham nada, pra começo de conversa.
Ignorou seus pensamentos românticos, voltando a escrever.

"Bri é fofo."

"Rog é adorável."

Sorriu. Se sentia uma adolescente boba que estava falando com o namorado por mensagens de texto. Só que no caso, era um homem adulto conversando por papéis com outro homem adulto.
Esperava que Bri fosse adulto, ao menos.
Roger não tivera boas experiências com adolescentes.

"Quantos anos você tem?"

Resolveu perguntar, para que não criasse muita expectativa.

"Mais do que 20."

Letters for Roger TaylorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora