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"- Papai, para onde foi a mamãe? Sinto falta do beijo dela na minha testa. Pode vir cantar pra mim hoje? E tenta imitar a voz dela, por favor.

Eu olhava a pequena garotinha sorridente de longe, ingênua e alegre, sem saber o que realmente tinha acontecido. Aquela com o sorriso que nunca se fechava, essa era eu, infelizmente ela desapareceu."

Com certeza muitos vão julgar minha maneira de ser, eu sei disso, eu já espero isso.
Porque pelo meu comportamento, dirão que sou a típica Badgirl dos livros e filmes da Netflix, bom, porquê não ser, não é mesmo?
Eu escolhi que caminho iria seguir e a máscara de Badgirl apareceu diante de mim como um convite para me esconder do mundo, esconder quem eu realmente sou e eu aceitei ela de boa vontade, não tinha porquê não aceitar. Eu não queria ser machucada do jeito que fui, novamente. Preferia machucar para não ser machucada.
Sinto muito caso não tenha gostado.

Meu corpo parecia minúsculo na cama do meu quarto. Eu apertava a almofada contra o meu peito, ainda deitada, tentando voltar a dormir, mesmo sabendo que em questão de minutos eu teria que levantar. Não encontrava posição alguma que favorecia o meu corpo, parecia que a cama não era minha, que era um lugar desconhecido. Odeio quando isso acontece.

Mesmo estando no quarto, eu conseguia ouvir o som dos saltos da minha tia batendo contra o piso de madeira, andando de um lado para o outro, um som que chegava a me irritar completamente, em plena manhã. Quem fica de saltos em casa? Não é como se fossemos da realeza e tivéssemos que andar como princesas dentro de casa.
E por fim, minha porta é aberta revelando minha tia.

Kassandra Stuart, alta, com um corpo muito bem esculpido, clara de olhos esverdeados, como os meus, cabelo negro até a cintura. Eu a chamaria de Barbie, se não fosse pelos cabelos negros. Neste momento, vos apresento como a Kim Kardashian, insuportável, chata, fala barato, uma patricinha em versão adulta. Nada contra a Kim, eu gosto dela.

— Vejo que já está acordada. Comece a se preparar, saímos em uma hora. - ela diz sorrindo e eu apenas assinto.

Ela podia ser tudo o que eu disse, mas também era bondosa, carinhosa, cuidadora e protetora. Era uma mãe para mim acima de tudo, e por mais que tivesse os defeitos dela, não deixava de ser uma boa pessoa. São os defeitos que nos fazem quem somos.

— Não demore, ninguém quer que perca o vôo.

— Eu quero. - resmunguei revirando os olhos e ela riu.

— Eu sei, eu também quero que fique, mas sua mãe...

— Tia Kassie, por favor não comece. - eu ri com desgosto. — Sim, ela me deu à luz, me deu a vida, mas ela deixou de ser minha mãe a muito tempo. Mãe é aquela que cria, que cuida e a única que eu tive foi Susan até ela morrer... E depois foi você. - tentei sorrir pra ela, enquanto uma lágrima rolava pelo meu rosto mas que logo tratei de limpar e abrir um sorriso em miniatura para ela.

— E de pensar que um dia eu ouviria isso de você. - ela disse, agora se sentando ao meu lado na cama enquanto brincava com meus cabelos. — Acordou com Deus do seu lado, foi? Senhorita resmungona. - riu e eu sorri.

— Digamos que essa é minha despedida. - eu disse e no exato momento senti seus braços rodearem meu corpo do jeito que era possível, já que eu estava deitada. Seu corpo ficou sobre o meu e ela me abraçou fortemente, senti seu carinho como se fosse palpável, senti que ela me queria aqui e eu também queria ficar com ela. — Obrigada por tudo. - agradeci, assim que nos separamos e ela deu um tapa no topo da minha cabeça.

Apenas Outra Garota | Reescrevendo |Onde as histórias ganham vida. Descobre agora